João de
Deus
Não estamos aqui para
julgar João de Deus.
Compete à Justiça Divina
e dos homens fazê-lo.
Infelizmente, as
acusações e os relatos
detalhados e muito
similares levam a crer
que os fatos realmente
aconteciam com
frequência.
Amigos de outras
religiões, alguns por
educação e respeito,
silenciam. Outros
aproveitam a ocasião
para, com aquele
sorrisinho de mofa,
tentar nos provocar a
nós espíritas, como que
dizendo:
- Viu? Eu não acredito
em Espíritos e nem na
sua ação boa ou má, e
está provado que essas
curas são sempre produto
de charlatanice e de
manipulação da
fragilidade das pessoas.
Sim, cada um tem o
direito de acreditar no
que quer, mas não tem o
direito de generalizar,
ou seja, porque um
prevaricou e procedeu de
forma não condizente com
a moral e ética, não
significa, de forma
alguma, que todos sejam
iguais.
Ataca-se agora o
Espiritismo com uma
ferocidade, em forma até
de vingança pela sua
expansão,
aproveitando-se de fatos
que, se comprovados, são
terríveis, criminosos e
quem os praticou deverá
ser sujeito à penalidade
máxima.
Tudo o que envolve
pessoas vulneráveis,
crianças, idosos,
pacientes com doenças
terminais, em que o seu
emocional se encontra
abalado e que procuram
uma ajuda no sentido de
prolongar a vida, quando
até mesmo já
desenganados pela
medicina tradicional e,
aproveitando-se destas
circunstâncias, alguém
usa seu ascendente para
fins libidinosos e
satisfação de seu prazer
sexual doentio, ou
financeiro, há, sem
dúvida, um crime a ser
duramente penalizado
pelas leis dos homens,
porque pela Lei de Deus
o castigo já está sendo
grande e irreparável.
Há indícios e processos
anteriores que já
caracterizam este tipo
de procedimento há anos
e que me pergunto como
foram “abafados”? E aí
vem o vil metal
responder em parte a
esta questão. A cidade
vive em função do João
de Deus e da
peregrinação de milhares
de pessoas procurando
ajuda e que deixam
diariamente um pagamento
sob outras formas
(compra do líquido
inócuo e a preço
exorbitante – casca de
maracujá - para curas
inexistentes; a
recomendação do próprio
Médium de que o paciente
deverá voltar uma, duas,
três vezes ou mais – não
deixa de ser um
“comércio”, alojamentos,
transportes, agentes de
viagens, compra de
recordações simbólicas,
ônibus para trazer e
levar os peregrinos,
enfim um “entourage”
onde o dinheiro flui
facilmente).
O poder de persuasão de
João de Deus é grande –
o mesmo poder e
influência existiam em
Grigori Rasputin, que
exerceu o mesmo tipo de
fascínio começando pela
família do Czar Nicolau
II. Com João de Deus a
pessoa já o procura
acreditando em possível
cura. Muitos já vêm
desenganados pelos seus
oncologistas ou médicos
tradicionais. Ao
adentrar quem procura
ajuda sente uma paz
inefável. É um lugar
místico. É João de Deus?
Não o creio. São
centenas de
trabalhadores que
acreditam na sua missão
de ajuda ao próximo, que
dedicam suas horas de
descanso em oração, em
prece. E sempre que
existe a prece
verdadeira e autêntica
no coração dos homens, a
vibração muda, a energia
que flui nesse local é
diferenciada, porque
sempre que existe o BEM
o ser humano se sente
melhor. Por isso, muitas
pessoas acreditam e
voltam.
O que nos choca é que,
apesar de processos
correndo em segredo de
justiça, com alguns anos
já, como que
“engavetados”, não
tiveram andamento e
parece que as
autoridades, em vez de
cumprir o seu papel de
defensores da Lei, se
omitiram. Isto também
deve ser averiguado
exaustivamente, porque
quem compactua com
determinadas situações é
conivente e merece a
penalidade apropriada
também.
Entendo que mulheres,
seres que são sempre
desacreditadas pelos
fortes sistemas
machistas, não foram
ouvidas quando
procuraram ajuda,
algumas até passaram por
mentirosas perante a
própria família e foram
desmoralizadas, vivendo
anos, imagino, em uma
tormenta emocional
terrível e se sentindo
desvalorizadas e
traumatizadas,
estigmatizadas, para o
resto de suas vidas.
Para essas minhas irmãs,
vai meu forte e
fraternal abraço de
solidariedade e de uma
compreensão grande pelo
que a vida faz conosco,
mulher que sou também.
Mas sempre chega a hora
certa e esperada. A uma
ação sempre corresponde
uma reação que às vezes
tarda, mas sempre chega.
Penso também que até
agora, no auge do
trabalho de João de
Deus, apareceram
inúmeras reportagens
nacionais e
internacionais em que o
Médium se apresenta como
Médium Espírita. Agora,
de repente, deixou de
ser considerado espírita
pela Federação Espírita
Brasileira. Parece-me,
com todo o respeito, que
a FEB precisa e deve
valer-se de uma
fiscalização, de um
controle - ou como
queiram mais
adequadamente chamar,
mais atuante nestes
casos - em defesa do
verdadeiro e autêntico
Espiritismo com base nos
ensinamentos de Allan
Kardec. Há Centros que
desvirtuam a Doutrina
Espírita, um verdadeiro
balaio de gatos e, no
entanto, ostentam a
designação Centro
Espírita e isto ocorre
por anos e anos, sem que
haja qualquer inibição
ou advertência.
Ocorrendo isto, estamos
contribuindo para o
enfraquecimento da
verdadeira Doutrina
Espírita e para o
descrédito.
Onde existe o HOMEM
existem fatos similares
aos que agora vêm ao
conhecimento do público.
Veja-se na internet a
quantidade de casos que
infelizmente envolvem
padres, pastores, e
homens em geral sem
qualquer ligação
religiosa, em todas as
raças, novos ou já
velhos, ricos ou pobres,
em todas as profissões,
com notoriedade pública
ou no dia a dia, para
sempre “abafados”, na
maior parte das vezes
até pela própria
família.
Então, está na hora de,
em vez de tentarmos
achincalhar uns aos
outros em nome de uma
religião – que nada vale
se o coração não estiver
100% devotado ao bem -,
nos darmos as mãos no
combate a esse tipo de
coisa. Se nós Espíritas
sentimos vergonha neste
momento, sim, acredito
que a maioria sente
vergonha e profunda
tristeza, sim! Não
porque somos Espíritas,
mas porque dentro de nós
há uma repulsa feroz
quando estas coisas
acontecem seja por
membros de nossos
Centros, seja por
membros de outras
religiões, que nos
merecem o nosso mais
profundo respeito.
Então, irmãos de
Doutrina, aguardemos com
calma o desfecho destes
tristes episódios que,
se devidamente
comprovados, merecem a
penalidade máxima de
nossas leis. Que isto
sirva de alerta para
que, ao vermos qualquer
coisa de errado,
tenhamos a coragem para
falar e corrigir o que
deve ser corrigido, sem
medos de sistemas, sem
medo de dirigentes que
se importam, às vezes,
mais com seus egos
inflados e sua pretensa
autoridade.
E continuemos Espíritas,
fazendo o bem, jamais
cobrando o que quer que
seja pelo nosso
trabalho, mas sendo
prudentes também porque,
infelizmente, até nisso
precisamos ter cuidado
quando hoje praticamos a
Caridade.
Que a Paz e o amor ao
próximo se instale em
nossos corações.
E, vamos em frente, na
nossa Fé, sempre
vigiando nossa própria
conduta e lembremos que
“por morrer uma
andorinha, não acaba a
Primavera”.
|