Joias da poesia
contemporânea |
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Espírito: Rodrigues de Abreu |
Ela
Onde ela passa qual estrela,
Célere e luminosa,
Varrendo a escuridão da vida humana,
O carvão da miséria
Faz-se bendito lume,
Atraindo as mãos frias
De velhos e crianças
Que soluçam na sombra.
Onde ela passa docemente,
Por divina visão
Entre os campos do mundo,
Toda planta esmagada
Reverdece de novo
Ao brilho da esperança.
Onde ela passa generosa,
Sobre a lama da Terra,
Lírios brotam do charco,
Perfumados e puros,
Como bênçãos do Céu
Projetadas no lodo.
Ninguém lhe ouviu jamais qualquer palavra
De azedia ou censura.
Apenas a vaidade muitas vezes
Lhe toma a retaguarda
E espalha o pessimismo
Nos corações, em torno,
Comentando, agressiva,
A torva indiferença
Dos que bebem a sós
O vinho da ilusão
E devoram, cruéis,
O pão da mesa farta,
Dando sobras ao mofo,
Atolados na usura
Que o ouro anestesia.
Ela passa, entretanto,
Nobre, serena e bela,
Em profundo silêncio,
Educando e servindo
Sem que ninguém lhe escute
Sequer o próprio hálito…
Porquanto, em tudo e em todos,
É sempre a Caridade — a Luz que vem de Deus.
Do livro Antologia dos Imortais,
obra mediúnica psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier.
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