Insustentabilidade das penas sem fim para
faltas temporárias
Os teólogos procuraram interpretar certos textos da
Bíblia de acordo com as doutrinas que eles criaram, e
para isso, inclusive, modificam também seus textos. E
uma das questões mais intrigantes da Bíblia é a das
penas eternas, confusa como as perguntas de concursos!
Vamos à significação das palavras eternidade e eterno e
suas correspondentes em hebraico: “ôlam”, da mesma raiz
do verbo “âlam”, ocultar; em grego: “aêon”; e em latim:
“eternitas”, da raiz “oetas”, idade. Todas elas têm a
ver com um tempo longo, oculto ou indefinido, pois
dependem da quantidade de faltas que o indivíduo tem de
pagar. Quem possui mais pecados tem penas mais longas.
Para quem pecou menos, elas são menos longas. E,
realmente, essa doutrina confere com o que ensinou Jesus
quando disse que ninguém deixará de pagar tudo até o
último centavo (Mateus 5: 26). E isto quer dizer,
claramente, que quando o indivíduo pagar sua última
falta, ele estará com seu carma completamente quitado,
não tendo, pois, que pagar mais nada, o que derruba por
terra, totalmente, a crença das chamadas penas eternas
para todas as eternidades. As ‘penas eternas’ no sentido
de sem fim como passaram a ser entendidas erradamente,
seriam em grego “aidios” e em latim e português
‘sempiternas’. E, então, a Bíblia, no sentido de penas
sem fim, deveria registrar em português ‘penas
sempiternas’ e não ‘penas eternas’ que, como foi dito,
significam penas indeterminadas ou indefinidas.
Cremos, pois, que ficou bem claro que as penas bíblicas
chamadas ‘eternas’ são penas de duração temporária e não
para sempre como muito foi ensinado, o que acreditamos
ser mais um erro de ignorância do que de propósito dos
teólogos.
Os biblistas especiais, professores de Bíblia dos padres
e dos pastores de curso superior bíblico, por uma
questão de bom senso e mesmo de honestidade, deveriam
ensinar essa verdade para os padres e pastores que, por
sua vez, passariam a ensiná-las para os seus fiéis.
Aliás, grande parte desses líderes religiosos sabe disso
que estamos abordando aqui nesta matéria, por que,
então, não as ensinam? Seguramente, prestarão contas
dessa falta no tribunal das leis de causa e efeito,
denominadas também de leis da semeadura livre, mas da
colheita obrigatória do que foi semeado.
No sentido errado em que se passou a entender as penas
eternas, pode-se dizer que elas são verdadeiras apenas
no sentido de que a existência delas jamais terá fim, ou
seja, sempre elas existirão por todas as eternidades,
mas não aplicadas por todas as eternidades aos
indivíduos.
Observe-se que usamos essa expressão ‘por todas as
eternidades’ que aparece na Bíblia, mostrando-nos que as
eternidades são muitas e têm fim, pois vêm outras. E,
por isso, cada uma tem certa duração que pode ser menor
ou maior do que a que termina e mesmo de duração igual à
terminada, mas como dissemos, trata-se de duração
sempiterna apenas das leis de causa e efeito e não da
aplicação sempiterna delas aos indivíduos. E eis um
exemplo bíblico da expressão à qual estamos nos
referindo: “Antes que os montes nascessem e se formassem
a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és
Deus” (Salmo 90: 2).
E terminamos com uma ideia de Kardec própria para o
assunto desta matéria: Deus é justo, mas, por ser o seu
amor infinito, esse amor não pode faltar à sua justiça!
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