Bananas,
para dar
e vender
“Olha
a
banana,
olha o
bananeiro!”
Com
estes
simpáticos
versos,
essa
música
do então
Jorge
Ben
(hoje
Jorge
Benjor),
resgatada
lá da
década
de 1970,
e que
teve
também
uma
versão
gravada
pela
Banda
“Os
incríveis”,
narra a
história
de um
feliz
menino
vendedor
de
bananas
e suas
indagações
filosóficas,
justificando-se
para si
e para o
mundo.
O
personagem
da
música
aponta,
entre os
seus
brados
mercadológicos,
que
precisa
trabalhar
para sua
sobrevivência,
e para
ter as
suas
coisas,
mostrando
também
que o
trabalho
faz ele
ser
respeitado
(“pois
vendendo
bananas,
eu
pretendo
ter o
meu
cartaz.
Pois
ninguém
diz pra
mim que
eu sou
uma
palha no
mundo”),
e que o
trabalho
é fonte
de
aceitação
social
(“Eu
vendo
banana,
mãe, mas
eu sou
honrado,
mãe”),
ainda
que seja
um
trabalho
menos
valorizado
no
contexto
social.
A
despeito
de todos
os
avanços
na luta
contra o
trabalho
infantil,
esse não
será o
mote da
análise
dessa
música
que
subsidiará
esse
artigo.
Não. Nos
determos
na
questão
do
trabalho
como um
valor,
que
dignifica,
que dá
sentido
à vida,
relevante
pela sua
utilidade,
seja
vendendo
banana,
seja
como
executivo
de uma
grande
empresa,
mas
também
pelas
experiências
que
proporciona.
Na lição
de André
Luiz
(Psicografia
de Chico
Xavier),
em
Conduta
Espírita,
tem-se
que: “Em
nenhuma
ocasião,
desprezar
as
ocupações
de
qualquer
natureza,
desde
que
nobres e
úteis,
conquanto
humildes
e
anônimas.
O
trabalho
recebe
valor
pela
qualidade
dos seus
frutos”,
mostrando
uma
chave de
entendimento
diferente
dessa
hierarquia
do mundo
do
trabalho,
e que é
a régua
que
seremos
medidos
no mundo
espiritual.
O
trabalho,
seja
religioso,
voluntário
ou
profissional,
é uma
fonte de
aprendizado
no
cotidiano
do seu
exercício,
mas
também
um
promotor
de
entregas
que
mudam
realidades,
que
fazem o
mundo
melhor.
Aprendizado
e
entrega,
dentro
da
fieira
das
experiências,
são os
eixos
que
balizam
a
dimensão
trabalho,
a sua
valorização.
Títulos
honoríficos,
cargos,
celebridades
são
questões
transitórias,
e que
têm
sentido
nessa
temporalidade.
Mas o
que fica
dessa
experiência,
pela
ótica da
entrega
e do
aprendizado,
tem
valor
pelas
pessoas
com quem
interagimos,
pelas
vidas
que
mudamos,
pelos
tijolos
que
acrescentamos
à
realidade,
nos
pequenos
deveres
que
fazem
grandes
mudanças.
A
pergunta
679 de O
Livro
dos
Espíritos
reforça
esse
binômio
do
aprendizado
e da
entrega,
quando
diz: “O
homem
que
possui
bens
suficientes
para
assegurar
sua
subsistência
está
liberto
da lei
do
trabalho?”,
e eis
que os
Espíritos
respondem: “–
Do
trabalho
material,
talvez,
mas não
da
obrigação
de se
tornar
útil na
proporção
dos seus
meios,
de
aperfeiçoar
a sua
inteligência
ou a dos
outros,
o que é
também
um
trabalho”,
mostrando
que o
trabalho,
como
sofrimento,
como
pesar, é
uma
decorrência
de nosso
processo
evolutivo,
mas que
ele não
é algo
negativo,
e sim
uma lei
da vida,
que nos
torna
útil e
nos
aperfeiçoa.
Trabalharemos
para
sempre.
E isso é
bom!
Trabalhar
é uma
dádiva.
Trabalhar
com o
que se
gosta,
um
privilégio.
Trabalhar
bem, com
afinco,
é um
dever.
Valorizar
os
trabalhos,
pequenos
e
grandes,
é uma
sabedoria,
de
entender
que
nesse
jogo de
papéis
da
reencarnação,
o
trabalho
é o
instrumento
de
realização
de
progresso,
ou de
estagnação,
conforme
nos
desempenhamos
neste
desafio.
O jovem
vendedor
de
bananas,
uma
realidade
sofrida,
humilhado
como
outras
profissões
que são
objeto
de
pilhéria,
tem uma
oportunidade
de
crescimento,
pela
entrega
e pelo
aprendizado,
que
merece
de todos
nós o
respeito.
Muitos
outros,
com
trabalhos
mais
pomposos,
se
olhados
com a
lupa
espiritual,
são
objeto
de
cenários
lamentáveis.
Nas
transitoriedades
do
mundo,
saibamos
separar
as
bananas
das
maçãs.
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