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por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

 

A Televisão na Sociedade


É bem sabido que os portugueses vêm sendo cada vez mais solicitados à participação mais consciente e ativa na vida social, pretendendo-se com a sua intervenção clarividente, uma maior percepção dos problemas que a todos preocupam, designadamente: os desníveis abismais nos planos material, cultural e social, não sendo conveniente nenhuma atitude passiva, ou de acomodação a um qualquer estatuto adquirido, por um também qualquer processo.

Em princípio, toda a pessoa deseja, efetivamente, uma sociedade mais justa, edificada sobre os valores primordiais que a regem, desde logo: saúde, solidariedade, amor, lealdade, justiça, liberdade, paz, felicidade e a Graça Divina, de resto, os valores que fundamentam os direitos inalienáveis de toda a Pessoa Humana.

O Homem não vive isolado, não consegue autonomizar-se, carece de companhia, necessita de constituir-se em família, por laços indissolúveis. A família é uma instituição a preservar, a proteger, a apoiar na sua formação e dignificação, ela é a célula primordial da sociedade.

Os meios para a sua formação são variados, mais ou menos acessíveis, mais ou menos eficazes, no entanto, qualquer processo –   qualquer meio – serve para a consciencialização dos valores familiares, desde que se queira e desde que tais processos, ou meios, se revistam da moral necessária.

O problema reside, uma vez mais, no acesso a esses meios, todavia, um existe que, não sendo perfeito, é, indiscutivelmente, prático, de grande penetração na sociedade em geral, e em cada pessoa em particular. Neste enquadramento, a televisão é hoje um potente meio para o bem e para o mal, defendendo-se aqui, em todo o caso, desejavelmente, para o bem.

Este meio de comunicação, tão penetrante, quanto moderno, permite, desde já, percepcionar uma ideia que consiste no papel da televisão na família e, se se meditar melhor, concluir-se-á que a televisão pode, de fato, favorecer a unidade do lar, na medida em que à volta do pequeno ecrã se consegue congregar todos os membros da família, na visualização de um programa do agrado geral, sendo, porém, fundamental que os responsáveis pelo programa se preocupem com o conteúdo moral, estético, espiritual, artístico e pedagógico do mesmo.

É evidente que a televisão não pode substituir outros meios indispensáveis de natureza espiritual e moral, suscetíveis de criar e fortificar a coesão e os laços de amor e de felicidade entre os membros da família.

No futuro, vai depender muito da programação televisiva, da formação dos seus autores e será sempre discutível qual dos aspectos positivos ou negativos prevalece, mas, se se quiser aproveitar este poderoso meio da Comunicação Social popular, no sentido da formação de uma consciência nacional, fundada nos valores da família, então a televisão será, efetivamente, um instrumento positivo.

Na perspectiva positiva, pode-se, ainda assim, enumerar alguns benefícios que a televisão permite desfrutar, sendo vulgar apontar-se a possibilidade que ela concede para se fugir da solidão, porquanto traz o som e a imagem, quebrando, desta forma, o silêncio do isolamento; ela torna as pessoas solidárias, contestatárias, consensuais, tolerantes, diante de uma determina situação.

Faz vibrar as pessoas perante acontecimentos longínquos ou próximos; provoca emoção, alegria, tristeza, indiferença relativamente a fatos que de outra forma não haveria a possibilidade de viver; incute a ideia de que efetivamente há, apenas, uma humanidade, independentemente das raças, ideologias e credos religiosos e, neste aspecto, todas as pessoas são suscetíveis de envolvimento na desgraça e na fortuna e, irremediavelmente, sujeitas à morte.

A televisão favorece (se os responsáveis assim o desejarem) a cultura, o progresso, a ciência, porque ela permite levar ao conhecimento dos interessados tudo aquilo que de mais recente se vai criando, experimentando e consolidando.

Finalmente, a televisão pode contribuir, poderosamente, para a efetivação do direito à informação por parte do indivíduo comum, porque aquele direito justifica a necessidade de defender a coletividade, os cidadãos, os grupos e os interesses gerais.

A defesa da coletividade, num Estado de direito democrático, é a defesa do próprio Estado e até do próprio regime, já que existe a necessidade de uma estrutura estatal, sendo, por isso, natural que a coletividade tome um certo número de preocupações para se defender das mais variadas agressões e aqui entra, de fato, o rigor, a isenção, a educação, em suma, a informação que objetiva e, positivamente, a televisão deve fornecer à sociedade, à família, à pessoa individualmente considerada, qualquer que seja o seu estatuto social.

Pretende-se, portanto, ficar com a ideia dos benefícios que a televisão potencialmente pode dar, sem se descurar, no entanto, o perigo que sempre espreita, que os malefícios existem, tanto mais acutilantes quanto maior for o jogo de interesses em confronto e o domínio da televisão se acentuar desequilibradamente para um ou outro lado.

A televisão como Órgão de Comunicação Social é, portanto, um poderoso meio de formação, de união, de bem-estar. Esta ideia basta, por agora, porque efetivamente há que destacar as virtualidades, aperfeiçoar o lado positivo das coisas. Precaver contra os malefícios significa, afinal, melhorar os benefícios que a televisão pode dar no dia a dia de cada pessoa.

A título de ideia principal poder-se-á dizer que: «Um espetáculo, o visual, arrasta consigo uma aderência do significante ao significado que torna impossível a sua separação em qualquer momento» porque, em contrapartida: «a imagem não precisa de ser traduzida, é imediatamente universal» (cf. FAGES, 1976:111-120.)

 

Bibliografia:

FAGES, J. B., (1976). Para Entender o Estruturalismo. Tradução M. C. Henriques. Lisboa: Moraes Editores.

 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo é presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita