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por Jorge Hessen

 

Pluralidade das existências, o elo perdido da mensagem cristã


Jessica Lima, de 23 anos, passou mal no dia 23 de dezembro de 2018 e foi socorrida na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Delmiro Gouveia (AL). Segundo a direção do centro médico, a paciente sofreu diversas paradas cardíacas e, devido ao estado grave de saúde, foi transferida para o hospital de Palmeira dos Índios (AL), mas teve uma infecção generalizada e desencarnou.

Durante o velório na sala da casa da família, alguns parentes tiraram o corpo do caixão e o colocaram em uma cama em um dos quartos do imóvel. Eles acreditavam que a jovem iria ressuscitar. Um médico e a polícia foram acionados para que o corpo fosse recolocado no caixão e enterrado. Após o sepultamento a família fez uma vigília no cemitério porque acreditava que Jéssica poderia ressuscitar a qualquer momento. (1)

Parece até uma anedota, mas, como se observa, ainda há “cristãos” que creem na lendária “ressurreição” do corpo físico. Porém, os espíritas sabemos que Jessica não ressuscitará, mas voltará futuramente à vida física pelas vias da reencarnação. Sim!! E foi Jesus que ensinou a Nicodemos que “era necessário nascer de novo”. (2)

Infelizmente, ainda hoje, pastores e “bispos” evangélicos (ou protestantes), o clero católico, os reverendos anglicanos, líderes da igreja ortodoxa, teólogos “independentes” e outros religiosos recusam a reencarnação, quase sempre fundamentados especialmente no “versículo 27 do capítulo 9, da epístola atribuída a Paulo, dirigida aos hebreus, afirmando que: "aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo". (3) Pronto! Caso encerrado! Ora, se em nossa trajetória evolutiva morremos uma única vez, logo, a reencarnação é uma falácia. Será mesmo?

Os negadores da reencarnação dogmatizaram a lição do “nascer de novo”, justificando a “ressurreição” da filha de Jairo (4), do filho da viúva de Naim (5) e do Lázaro (6). A bem da verdade, as personagens “ressuscitadas” por Jesus sequer estavam mortas, tão somente estavam acometidas de catalepsia patológica (7).

O Mestre assegurou que a verdade libertaria o homem, logicamente, se a verdade (reencarnação) está sendo negada aos “cristãos”, fica evidente que os “sabichões” das escrituras não se encontram livres, ou o que é pior, estão ofuscados na mais absoluta estupidez. Por conseguinte, são cegos que guiam cegos em direção ao despenhadeiro da ignorância tal como sucedeu no seio da família de Jessica.

Reflitamos: “Após a transfiguração de Jesus, no Monte Tabor, os [três] discípulos o interrogam: Por que dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias? - Jesus lhes respondeu: É Verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas: mas, eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve [João já havia sido decapitado]. É assim que farão sofrer o Filho do Homem. Então os [três] discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara”. (8) Aqui não há margens para simplórias divagações teológicas. Os [três] discípulos compreenderam por si próprios que João Batista (filho de Isabel e primo de Jesus) era o profeta Elias reencarnado (isso mesmo! REENCARNADO!).

Ora, “a ideia de que João Batista era Elias e que os profetas podiam reviver na Terra” se nos depara em muitas passagens dos Evangelhos. Se fosse errônea essa crença, Jesus não houvera deixado de a combater, como combateu tantas outras. Longe disso, ele a sanciona com toda a sua autoridade e a põe por princípio e como condição necessária, quando diz: "Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo". E insiste, acrescentando: “Não te admires de que eu te haja dito ser preciso nasças de novo”. (9)

O livro dos Reis anota: “Era um homem vestido de pelos, e com os lombos cingidos dum cinto de couro. Então disse ele: É Elias”. (10) O profeta Malaquias narra: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”. (11) O evangelista Lucas registra: “Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé à direita do altar do incenso. E Zacarias [progenitor de João Batista], vendo-o, ficou turbado, e o temor o assaltou. Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João; virá adiante dele no espírito e poder de Elias [reencarnado]”. (12)

O jovem evangelista Marcos assinala: “Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva padecer muito e ser aviltado? Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito”. (13)

Mateus mais uma vez anota: “E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto. Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este (João Batista) o Elias que havia de vir [pela reencarnação]. Quem tem ouvidos, ouça”. (14) E Jesus falou aos seus discípulos, dizendo: “Que dizem os homens que é o Filho do homem? E eles responderam: Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, outros ainda que é Jeremias ou algum dos profetas". (15)

Confirmação mais clara que as declarações de Jesus acima é impossível. O Mestre, na sua excelsitude, sabia da reencarnação antecedente do filho de Zacarias e Isabel, e explicou que as pessoas fizeram o que quiseram com Elias [Joao Batista], mas que não o reconheceram, e também não poderiam, pois o profeta Elias estava reencarnado no corpo de João Batista.

Enfim, não é tão difícil assim compreender a realidade da reencarnação; basta recorrer aos episódios sucedidos à época de Jesus, seja diante de Nicodemos, seja a confirmação do renascimento de Elias Joao Batista e até mesmo o evento do Cego de Nascença nas cercanias da piscina de Siloé.

Simples assim!!!

 

Referências bibliográficas:

[1]  Disponível em https://goo.gl/w6DisRacesso: 25/01/2019.

[2]  João: 3

[3]  Hebreus: 9

[4]  Mateus: 9

[5]  Lucas: 7

[6]  João: 11

[7]  No passado existiram casos de pessoas que foram enterradas vivas e na verdade estavam passando pela catalepsia patológica. Muitos especialistas, contudo, afirmam que isso não seria possível nos dias de hoje, pois já existem recursos tecnológicos que, quando corretamente utilizados, não falham ao definir os sinais vitais e permitem atestar o óbito com precisão.

[8]  KARDEC, Allan.  O Evangelho segundo o Espiritismo, RJ: Ed. FEB, 2001, Cap. IV.

[9]  Idem.

[10] 2 Reis: 1

[11] Malaquias: 4

[12] Lucas: 1

[13] Marcos: 9

[14] Mateus: 11

[15] Mateus: 15.

 
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita