Dance me to the end of love
“Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento;
instruí-vos, este o segundo.” (O
Espírito de Verdade, Paris, 1860.)
“Dance comigo através do medo até estarmos em segurança;
erga-me como um ramo de oliveira, traga até nós a pomba
da paz; dance comigo até ao fim do amor; estamos
protegidos pelo nosso amor [que] buscamos
em nós mesmos; faça comigo um abrigo para enfrentarmos
as tempestades...” (Leonard Cohen em dance me to
the end of love.)
Leonard Norman Cohen, Canadense de origem Judaico/Polaca
(1934 – 2016), poeta, romancista, compositor e cantor,
ficou conhecido por escrever e cantar os horrores da
Segunda Grande Guerra que “levaria” seu pai aos nove
anos. Muitas de suas composições narram ou se referem a
tais horrores; “Hallelujah”, a mais conhecida, é uma
delas; mas esta, “dance me to the end of love”, da
qual retiramos alguns fragmentos, seria incisiva,
acusatória e melodicamente...
Movimentando-nos entre o sagrado e o profano, (até
porque vivemos num mundo sagrado e profano), percebemos
profunda vinculação entre as duas citações supra:
O Maior dos Benfeitores irá nos exortar (ESE, VI, 5) a
“amar-nos”: de nada adiantará “instruir-nos” se não
“praticarmos” o primeiro ensinamento. É como se
chegássemos ao final de ano, aprovados e não tivéssemos
avançado nada nas relações de afetividade com os colegas
de convivência cristã.
Reflexões nos dão conta de que há preces mais sinceras
nos corredores de um hospital do que na nave central de
um santuário...
As mesmas reflexões nos contarão que num mesmo hospital
é um negro que, muitas vezes, salva a vida de um branco;
ou uma “patricinha” irá tirar a dor de um mendigo...
O “profano” de Leonard Cohen não irá fugir em muito aos
ensinamentos do Benfeitor, pois, em “dance me to the
end of love”, fará a grande denúncia e o apelo ao
não preconceito que levaria ao holocausto todos os que
eram considerados “diferentes” da raça ariana. E essa
denúncia/apelo chega nas melhores formas; a da música e
da poesia:
Num início de ano letivo cristão somos, por inteiro,
“medos”, mas ao final do ano estamos em “segurança”,
pois a estima se fez. O “ramo de oliveira” deve ser
erguido pelo grupo todo: ele traz a “pomba da paz”. O
ano letivo é um baile; cada roteiro é uma “dança...”
Nossa proteção é oriunda de um entendimento: primeiro
cordial, depois afetivo e, por fim, amorosamente
fraterno. E tal “abrigo enfrentará todas as
tempestades”, de origens interna e externa.
* * *
Do “amai-vos” para o “instruí-vos” será só um pulinho: o
“segundo” virá, automaticamente!...
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