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por Ricardo Orestes Forni

 

Deus é fiel?


Já li diversas vezes a frase “Deus é fiel” afixada em vidros traseiros de determinados veículos. Não sei com que sentido é empregada. Entretanto, serviu para uma meditação sobre o assunto. E para esse objetivo, vamos retornar à afirmativa na forma interrogativa: Deus é fiel?

O que você acharia de uma professora que em lugar de passar lições para os alunos, resolvesse todos os problemas nos quais eles deveriam ser exercitados?

O que você acharia, por exemplo, de um médico que consultasse o paciente, pedisse exames, fizesse o diagnóstico da doença, prescrevesse as medicações, mas em lugar do paciente tomar os remédios seria esse mesmo médico quem as tomasse?

E da mãe que pegasse o filho ensaiando os primeiros passos e o colocasse em lugar seguro para que não sofresse nenhuma queda e buscasse tudo para esse filho, impedindo-o de se locomover?

Obviamente que a resposta é conhecida de todos. A professora nada ensinaria. O médico não curaria e a mãe dificultaria o aprendizado dos primeiros passos do filho a quem cabe ensinar e não tolher em suas experiências para aprender a caminhar.

Retornando à frase em sua forma interrogativa – Deus é fiel? –, se o significado dela for a crença de que o Criador está à nossa disposição para resolver todos os nossos problemas, Ele agiria da mesma forma que a professora ou o médico ou a mãe com zelo exagerado. E como sabemos, Ele não cometeria tal erro como nenhum outro que pudesse comprometer a sua perfeição absoluta.

André Luiz, no livro Agenda Cristã, em seu último capítulo, ensina algumas coisas bastante esclarecedoras para entendermos o assunto.

Diz ele: “Que a vida física é uma escola abençoada, é insofismável; mas se você não se aproveitar dela a fim de aprender suficientemente as lições que se destinam ao seu engrandecimento espiritual, em nada lhe valerá o ingresso no aprendizado humano”.

Lógico! Se Deus para ser fiel nos livrasse de todas as dificuldades da vida que são as lições das quais necessitamos, de nada adiantaria ter permitido a nossa reencarnação.

Continua André: “Que o caminho do bem é laborioso e difícil, não padece dúvida; no entanto, se você não se dispuser a segui-lo, ninguém o livrará da perigosa influência do mal”.

Aí está. Se não aplicamos os ensinamentos do Evangelho em nossas vidas, que são exatamente o caminho do bem, como poderá Deus impedir que a Lei de causa e efeito se cumpra para nós? Quebraria Deus esse galho no nosso caso? É claro que não! Nem no nosso, nem de ninguém para que a Justiça seja absolutamente perfeita.

E conclui André na curta, mas profunda reflexão: “Que Deus está conosco, em todas as circunstâncias, é verdade indiscutível; todavia, se você não estiver com Deus, ninguém pode prever até onde descerá seu espírito, nos domínios da intranquilidade e da sombra”.

Bernie S. Siegel, em seu livro Amor, medicina e milagres, tem um conceito espetacular do que esperamos de Deus. Diz ele: “A maioria de nós espera que Deus modifique os aspectos externos de nossa vida para que não tenhamos de mudar por dentro”.

Esse ensinamento do conceituado médico conhecido internacionalmente, vem de encontro com a interrogação se Deus é fiel. Ora, o ser humano mostra muito claramente seu comodismo quando espera que o Criador resolva seus problemas de fora para que não tenha que se modificar por dentro. Se tem filhos que dão trabalho, mulher que não é a “Amélia” sonhada ou o marido não é o príncipe esperado, pedimos que Deus os modifique para que a gente continue agindo com egoísmo, não despendendo nenhum esforço para nos modificarmos e compreendermos esses familiares. Se a situação financeira é difícil, esperamos que Deus dê um jeito e nos livre desse aperto sem que tenhamos que fazer nada de nossa parte. Se o patrão é uma figura difícil, pedimos que Deus o modifique para que não tenhamos que nos modificar em nada como se fôssemos absolutamente perfeitos. Se a doença é quem nos importuna trazendo as lições de que necessitamos, pedimos logo que Deus intervenha e a afaste de nossas vidas para continuarmos na posse da saúde física em viagem de turismo aqui na Terra.

Se tal atitude representa a fidelidade de Deus a cada ser humano, podemos ir saindo do comodismo porque o Criador não anularia a Lei de causa e efeito que dá a cada um segundo as suas obras, como nos ensinou Jesus.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita