Deus é fiel?
Já li diversas vezes a frase “Deus é fiel” afixada em
vidros traseiros de determinados veículos. Não sei com
que sentido é empregada. Entretanto, serviu para uma
meditação sobre o assunto. E para esse objetivo, vamos
retornar à afirmativa na forma interrogativa: Deus é
fiel?
O que você acharia de uma professora que em lugar de
passar lições para os alunos, resolvesse todos os
problemas nos quais eles deveriam ser exercitados?
O que você acharia, por exemplo, de um médico que
consultasse o paciente, pedisse exames, fizesse o
diagnóstico da doença, prescrevesse as medicações, mas
em lugar do paciente tomar os remédios seria esse mesmo
médico quem as tomasse?
E da mãe que pegasse o filho ensaiando os primeiros
passos e o colocasse em lugar seguro para que não
sofresse nenhuma queda e buscasse tudo para esse filho,
impedindo-o de se locomover?
Obviamente que a resposta é conhecida de todos. A
professora nada ensinaria. O médico não curaria e a mãe
dificultaria o aprendizado dos primeiros passos do filho
a quem cabe ensinar e não tolher em suas experiências
para aprender a caminhar.
Retornando à frase em sua forma interrogativa – Deus é
fiel? –, se o significado dela for a crença de que o
Criador está à nossa disposição para resolver todos os
nossos problemas, Ele agiria da mesma forma que a
professora ou o médico ou a mãe com zelo exagerado. E
como sabemos, Ele não cometeria tal erro como nenhum
outro que pudesse comprometer a sua perfeição absoluta.
André Luiz, no livro Agenda Cristã, em seu último
capítulo, ensina algumas coisas bastante esclarecedoras
para entendermos o assunto.
Diz ele: “Que a vida física é uma escola abençoada, é
insofismável; mas se você não se aproveitar dela a fim
de aprender suficientemente as lições que se destinam ao
seu engrandecimento espiritual, em nada lhe valerá o
ingresso no aprendizado humano”.
Lógico! Se Deus para ser fiel nos livrasse de todas as
dificuldades da vida que são as lições das quais
necessitamos, de nada adiantaria ter permitido a nossa
reencarnação.
Continua André: “Que o caminho do bem é laborioso e
difícil, não padece dúvida; no entanto, se você não se
dispuser a segui-lo, ninguém o livrará da perigosa
influência do mal”.
Aí está. Se não aplicamos os ensinamentos do Evangelho
em nossas vidas, que são exatamente o caminho do bem,
como poderá Deus impedir que a Lei de causa e efeito se
cumpra para nós? Quebraria Deus esse galho no nosso
caso? É claro que não! Nem no nosso, nem de ninguém para
que a Justiça seja absolutamente perfeita.
E conclui André na curta, mas profunda reflexão: “Que
Deus está conosco, em todas as circunstâncias, é verdade
indiscutível; todavia, se você não estiver com Deus,
ninguém pode prever até onde descerá seu espírito, nos
domínios da intranquilidade e da sombra”.
Bernie S. Siegel, em seu livro Amor, medicina e
milagres, tem um conceito espetacular do que
esperamos de Deus. Diz ele: “A maioria de nós espera que
Deus modifique os aspectos externos de nossa vida para
que não tenhamos de mudar por dentro”.
Esse ensinamento do conceituado médico conhecido
internacionalmente, vem de encontro com a interrogação
se Deus é fiel. Ora, o ser humano mostra muito
claramente seu comodismo quando espera que o Criador
resolva seus problemas de fora para que não tenha que se
modificar por dentro. Se tem filhos que dão trabalho,
mulher que não é a “Amélia” sonhada ou o marido não é o
príncipe esperado, pedimos que Deus os modifique para
que a gente continue agindo com egoísmo, não despendendo
nenhum esforço para nos modificarmos e compreendermos
esses familiares. Se a situação financeira é difícil,
esperamos que Deus dê um jeito e nos livre desse aperto
sem que tenhamos que fazer nada de nossa parte. Se o
patrão é uma figura difícil, pedimos que Deus o
modifique para que não tenhamos que nos modificar em
nada como se fôssemos absolutamente perfeitos. Se a
doença é quem nos importuna trazendo as lições de que
necessitamos, pedimos logo que Deus intervenha e a
afaste de nossas vidas para continuarmos na posse da
saúde física em viagem de turismo aqui na Terra.
Se tal atitude representa a fidelidade de Deus a cada
ser humano, podemos ir saindo do comodismo porque o
Criador não anularia a Lei de causa e efeito que dá a
cada um segundo as suas obras, como nos ensinou Jesus.
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