Dever espírita
“Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento;
instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades
encontram-se no Cristianismo, são de origem humana os
erros que nele se enraizaram.” *
A Nova Revelação convida-nos a refletir sobre a função
que nos cabe na ordem moral da vida. Cada criatura é
peça significativa na engrenagem do progresso, possuindo
destacadas obrigações no aperfeiçoamento do espírito.
Alma sem trabalho digno é sombra de inércia no concerto
da harmonia geral; palavras vazias e pensamentos
fechados constituem congelamento deplorável no serviço
da evolução, portanto, aqueles que julgam existir na
mensagem do Além o elixir do êxtase preguiçoso e
improdutivo não encontram as portas abertas no mundo
espiritual para consagrar-lhes a ociosidade.
O objetivo da nossa existência na Terra é renovar a
mente e aperfeiçoar o Espírito. Tolice seria argumentar
que o Espírito é imortal e as vidas sucessivas e que
podemos deixar para outra existência o esforço
evolutivo.
Nesta fase de plena consciência, manejamos os elementos
educativos que recebemos de fora, segundo nossa maneira
de entender, integrando-os ao nosso modo no quadro dos
conhecimentos que possuímos. E para consegui-lo será
necessário ter vontade, porque o interesse é a mola de
tudo na vida, indispensável à autoeducação. Assim,
através do conhecimento das qualidades a desenvolver e
dos maus hábitos e obstáculos a remover, vamos nos
aprimorando.
Na revista Reformador de 1964, Indalício Mendes,
colaborador e médium da Federação Espírita Brasileira,
diz: “Todo aquele que aceita a Doutrina Espírita
assume o compromisso de solidariedade, irmã gêmea da
responsabilidade (...). Quem está integrado na doutrina
e sabe respeitá-la, transforma-se numa força atuante,
positiva no ambiente em que viva (...). Com a Doutrina
Espírita, o homem se torna senhor do seu destino,
refinando o sentimento, educando-se e preparando-se para
uma vida progressivamente mais compreensiva, sadia,
simples e melhor”.
Notamos, então, no Espiritismo, a abertura plena para o
Espírito em qualquer posição que se encontre. A moral
espírita estabelece que o comportamento verdadeiramente
cristão é consequência natural da boa assimilação da
doutrina. Lembramo-nos, assim, do Espírito Lázaro, em O
Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 17, item
7: “O dever é a obrigação moral, primeiro para
consigo mesmo, depois para com os outros. O dever é a
lei da vida; ele se encontra nos mais ínfimos detalhes,
assim como nos atos elevados”.
Como outrora Jesus revelou a verdade em amor no seio das
religiões bárbaras, usando a própria vida como espelho
do ensinamento de que se fizera veículo, cabe agora ao
Espiritismo confirmar-lhe o ministério divino,
transfigurando-lhe as lições em serviço de
desenvolvimento da humanidade. Assim, sem noção de
responsabilidade, sem devoção à prática do bem, sem amor
ao estudo e sem esforço perseverante para o nosso
burilamento moral, torna-se impraticável a peregrinação
libertadora para os cimos da vida.
A transformação moral exige uma postura concorde com a
Lei Divina. É uma conquista de valores morais lenta,
árdua e sacrificial, impondo-nos vontade real,
autodisciplina, perseverança e renúncia. Entendemos,
então, que cada um procura o alimento espiritual que lhe
corresponde à posição evolutiva.
“Uma só coisa é necessária” (Lucas, 10:38-42),
disse Jesus referindo-se à preparação espiritual que
deve constituir a primeira preocupação de todo ser
humano amadurecido. O Mestre reafirma o ensinamento,
quando visitou Maria e sua irmã Marta. Jesus não
consentiu que Maria, que O ouvia, abandonasse o
aprendizado para ajudar a irmã Marta a servir a mesa,
dizendo a esta: “Tu te ocupas com muitas
coisas, entretanto, uma só é necessária. Maria
escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada”.
Nesta preciosa lição, fica claro que precisamos estar
acima de todas as ocupações vulgares, esforçando-nos
para o aperfeiçoamento espiritual.
Não resta dúvida de que a vida na Terra é importante,
porque somente por meio dela é que nos depuramos e
aprimoramos. Porém, se o objetivo é o progresso, convém
observarmos até que ponto fixamos nossa atenção nos
pequenos afazeres do dia a dia e nas exigências do
mundo. Por isso Jesus recomenda que procuremos primeiro
o reino de Deus e sua justiça, porque o resto virá por
acréscimo (Mateus, 6:33).
Encontramos também em Obras Póstumas, Credo
Espírita, Preâmbulo, o esclarecimento de Kardec: “(...)
o processo individual não consiste somente no
desenvolvimento da inteligência e na aquisição de alguns
conhecimentos; o progresso consiste, principalmente, no
melhoramento moral, na depuração do espírito, na
extirpação dos maus germens existentes em nós. Este é o
verdadeiro progresso, o único que assegura a felicidade
da humanidade, porque é a negação do mal”.
Fica claro, então, que estudar o Espiritismo na sua
limpidez cristalina é dever que não nos é lícito
postergar, seja qual for a justificativa. A educação
encontra na doutrina as respostas precisas para melhor
compreensão do educando e maior eficiência do educador
no labor produtivo de ensinar a viver, oferecendo os
instrumentos do conhecimento e da serenidade, da cultura
e da experiência aos reiniciantes do sublime caminho
redentor.
O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime
moral; da moral evangélico-cristã, que há de renovar o
mundo, aprimorar os homens e torná-los irmãos; que há de
fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor ao
próximo e estabelecer entre todos uma solidariedade
comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a
Terra, tornando-a morada de Espíritos Superiores aos que
hoje a habitam.
É a lei do progresso a que a natureza está submetida que
se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se
utiliza para fazer com que a humanidade avance.
“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e
constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo
que o vosso trabalho não é vão no Senhor”, como
assevera o apóstolo Paulo de Tarso na Primeira Carta aos
Coríntios, capítulo quinze, versículo cinquenta e oito.
Bibliografia:
*KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo – 365ª
edição – Araras/SP/ Editora IDE – 2009 – Capítulo 6 –
item 5 – O Espírito da Verdade – Paris – 1860.
XAVIER, C. Francisco – Seara dos Médiuns –
ditado pelo Espírito Emmanuel – 20ª edição –
Brasília/DF/ Editora FEB – 2015 – lição 37.
KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo –
365ª edição – Araras/SP/ Editora IDE - 2009 – Capítulo 1
– item 9.
XAVIER, C. Francisco – Nos Domínios da Mediunidade –
ditado pelo Espírito André Luiz – 34ª edição – Rio de
Janeiro/RJ/ 2011 – Prefácio.
RIZZINI, T. Carlos – Evolução para o Terceiro Milênio –
11ª edição – Sobradinho/DF/ Editora EDICEL - 1978 -
Capítulo 6 - parte 4 – Renovação Mental.
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