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por Temi Mary Faccio Simionato

 

Dever espírita


“Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades encontram-se no Cristianismo, são de origem humana os erros que nele se enraizaram.” 
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A Nova Revelação convida-nos a refletir sobre a função que nos cabe na ordem moral da vida. Cada criatura é peça significativa na engrenagem do progresso, possuindo destacadas obrigações no aperfeiçoamento do espírito. Alma sem trabalho digno é sombra de inércia no concerto da harmonia geral; palavras vazias e pensamentos fechados constituem congelamento deplorável no serviço da evolução, portanto, aqueles que julgam existir na mensagem do Além o elixir do êxtase preguiçoso e improdutivo não encontram as portas abertas no mundo espiritual para consagrar-lhes a ociosidade.

O objetivo da nossa existência na Terra é renovar a mente e aperfeiçoar o Espírito. Tolice seria argumentar que o Espírito é imortal e as vidas sucessivas e que podemos deixar para outra existência o esforço evolutivo.

Nesta fase de plena consciência, manejamos os elementos educativos que recebemos de fora, segundo nossa maneira de entender, integrando-os ao nosso modo no quadro dos conhecimentos que possuímos. E para consegui-lo será necessário ter vontade, porque o interesse é a mola de tudo na vida, indispensável à autoeducação. Assim, através do conhecimento das qualidades a desenvolver e dos maus hábitos e obstáculos a remover, vamos nos aprimorando.

Na revista Reformador de 1964, Indalício Mendes, colaborador e médium da Federação Espírita Brasileira, diz: “Todo aquele que aceita a Doutrina Espírita assume o compromisso de solidariedade, irmã gêmea da responsabilidade (...).  Quem está integrado na doutrina e sabe respeitá-la, transforma-se numa força atuante, positiva no ambiente em que viva (...). Com a Doutrina Espírita, o homem se torna senhor do seu destino, refinando o sentimento, educando-se e preparando-se para uma vida progressivamente mais compreensiva, sadia, simples e melhor”.

Notamos, então, no Espiritismo, a abertura plena para o Espírito em qualquer posição que se encontre. A moral espírita estabelece que o comportamento verdadeiramente cristão é consequência natural da boa assimilação da doutrina. Lembramo-nos, assim, do Espírito Lázaro, em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 17, item 7: “O dever é a obrigação moral, primeiro para consigo mesmo, depois para com os outros. O dever é a lei da vida; ele se encontra nos mais ínfimos detalhes, assim como nos atos elevados”.

Como outrora Jesus revelou a verdade em amor no seio das religiões bárbaras, usando a própria vida como espelho do ensinamento de que se fizera veículo, cabe agora ao Espiritismo confirmar-lhe o ministério divino, transfigurando-lhe as lições em serviço de desenvolvimento da humanidade. Assim, sem noção de responsabilidade, sem devoção à prática do bem, sem amor ao estudo e sem esforço perseverante para o nosso burilamento moral, torna-se impraticável a peregrinação libertadora para os cimos da vida.

A transformação moral exige uma postura concorde com a Lei Divina. É uma conquista de valores morais lenta, árdua e sacrificial, impondo-nos vontade real, autodisciplina, perseverança e renúncia. Entendemos, então, que cada um procura o alimento espiritual que lhe corresponde à posição evolutiva.

Uma só coisa é necessária” (Lucas, 10:38-42), disse Jesus referindo-se à preparação espiritual que deve constituir a primeira preocupação de todo ser humano amadurecido. O Mestre reafirma o ensinamento, quando visitou Maria e sua irmã Marta. Jesus não consentiu que Maria, que O ouvia, abandonasse o aprendizado para ajudar a irmã Marta a servir a mesa, dizendo a esta: “Tu te ocupas com muitas coisas, entretanto, uma só é necessáriaMaria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada”. Nesta preciosa lição, fica claro que precisamos estar acima de todas as ocupações vulgares, esforçando-nos para o aperfeiçoamento espiritual.

Não resta dúvida de que a vida na Terra é importante, porque somente por meio dela é que nos depuramos e aprimoramos. Porém, se o objetivo é o progresso, convém observarmos até que ponto fixamos nossa atenção nos pequenos afazeres do dia a dia e nas exigências do mundo. Por isso Jesus recomenda que procuremos primeiro o reino de Deus e sua justiça, porque o resto virá por acréscimo (Mateus, 6:33).

Encontramos também em Obras Póstumas, Credo Espírita, Preâmbulo, o esclarecimento de Kardec: “(...) o processo individual não consiste somente no desenvolvimento da inteligência e na aquisição de alguns conhecimentos; o progresso consiste, principalmente, no melhoramento moral, na depuração do espírito, na extirpação dos maus germens existentes em nós. Este é o verdadeiro progresso, o único que assegura a felicidade da humanidade, porque é a negação do mal”.

Fica claro, então, que estudar o Espiritismo na sua limpidez cristalina é dever que não nos é lícito postergar, seja qual for a justificativa. A educação encontra na doutrina as respostas precisas para melhor compreensão do educando e maior eficiência do educador no labor produtivo de ensinar a viver, oferecendo os instrumentos do conhecimento e da serenidade, da cultura e da experiência aos reiniciantes do sublime caminho redentor.

O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral; da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aprimorar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor ao próximo e estabelecer entre todos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos Superiores aos que hoje a habitam.

É a lei do progresso a que a natureza está submetida que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer com que a humanidade avance.

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor”, como assevera o apóstolo Paulo de Tarso na Primeira Carta aos Coríntios, capítulo quinze, versículo cinquenta e oito.

 

Bibliografia:

*KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo – 365ª edição – Araras/SP/ Editora IDE – 2009 – Capítulo 6 – item 5 – O Espírito da Verdade – Paris – 1860.

XAVIER, C. Francisco – Seara dos Médiuns – ditado pelo Espírito Emmanuel – 20ª edição – Brasília/DF/ Editora FEB – 2015 – lição 37.

KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo – 365ª edição – Araras/SP/ Editora IDE - 2009 – Capítulo 1 – item 9.

XAVIER, C. Francisco – Nos Domínios da Mediunidade – ditado pelo Espírito André Luiz – 34ª edição – Rio de Janeiro/RJ/ 2011 – Prefácio.

RIZZINI, T. Carlos – Evolução para o Terceiro Milênio – 11ª edição – Sobradinho/DF/ Editora EDICEL - 1978 - Capítulo 6 - parte 4 – Renovação Mental. 
 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita