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por Maria Margarida Moreira

 

Mediunidade, obsessão e Jesus


Para o esclarecimento sobre a cura da obsessão, o Espiritismo é, sem dúvida, a chave mestra. Foi o Espiritismo que veio revelar a existência dos Espíritos, visto que estes existiam desde toda a eternidade. A mediunidade foi a grande responsável por essa descoberta. Foi por ela que os inimigos ocultos traíram a sua presença. Ela fez com eles o que o microscópio fez com os infinitamente pequenos: revelou um mundo novo.

O Espiritismo não atrai os maus Espíritos, como imaginam algumas criaturas. Ele descobriu-os e nos forneceu os meios de lhe combatermos a ação e, por conseguinte, de os afastarmos. Não trouxe o mal, mas trouxe-nos, sim, o remédio ao mal, apontando-nos a causa dele. Na Doutrina Espírita encontramos os recursos que neutralizam a ação perniciosa que tenta invadir-nos a casa mental. É uma das abençoadas tarefas do Espiritismo Cristão: libertar irmãos invigilantes que caíram nas malhas difíceis da influenciação espiritual, em seu aspecto negativo.

As reuniões espíritas, doutrinárias e mediúnicas cooperam, eficazmente, para a cura da obsessão, pelo esclarecimento, beneficiando perseguidos e perseguidores, vítimas e algozes. É um dos serviços mais nobres a que se dedicam os médiuns, em toda parte. Companheiros se organizam em núcleos adequados de intercâmbio e assistência, para a cura desse mal que exige grande esforço dos amigos espirituais e dos auxiliares encarnados.

Quem, hoje, ironiza a mediunidade em nome do Cristo, esquece-se, naturalmente, de que Jesus foi quem mais a honrou nesse mundo, erguendo-se ao mais alto nível de aprimoramento e revelação, para alicerçar a sua eterna Doutrina entre os homens. É assim que começa o apostolado divino, santificando-lhe os valores na clariaudiência e na clarividência, no estabelecimento da Boa Nova. Honorificando-a nas atividades da cura, transmitindo passes de socorro aos cegos e paralíticos desalentados e aflitos, restituindo-lhes a saúde, dignificando-a nas tarefas de desobsessão, ao instruir e consolar os desencarnados sofredores, por intermédio dos alienados mentais, que lhe surgem à frente. Jesus Cristo foi o iniciador da desobsessão sobre a Terra.

Dessa forma, não nos agastemos contra aqueles que perseguem a mediunidade, através do achincalhe – tristes negadores da realidade cristã, ainda mesmo quando se escondem sob os veneráveis distintivos da autoridade humana – porquanto os talentos medianímicos estiveram, incessantemente, nas mãos de Jesus. Ele não era um médium curador, pois o Cristo não tinha necessidade de assistência, ele que assistia e auxiliava os demais, agia por si mesmo, em vista do seu poder pessoal. Se ele recebesse um influxo não poderia ser senão de Deus.

Compadecendo da nossa ignorância, a Divina Providência deliberou enviar Jesus, como governador do Planeta Terrestre, para que nos instruísse nos caminhos da elevação. Ele veio em pessoa e preocupou-se, acima de tudo, em proporcionar a cada alma uma visão mais ampla da vida, em aquinhoar cada Espírito com eficientes recursos de renovação para o bem, a fim de evitar a ação dos efeitos perniciosos da obsessão. Por esse motivo, nos aconselha a não condenar o próximo porque nele observemos a inferioridade e a imperfeição, mas ajudar o quanto pudermos; não perdermos tempo em procurar o mal, porém, empregar atenção em socorrer as vítimas.

Reforça o objetivo de sua vinda: “Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar. Vinde a mim, vós que sofreis e vos achais oprimidos e sereis aliviados e consolados. Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade; são monstros que sugam o vosso mais puro sangue e vos abrem chagas, quase sempre mortais”. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, item 7.) O médico divino curava para ensinar pelo exemplo as Leis de Deus, sintetizadas nesta sábia sentença: amar a Deus e ao próximo, fazendo ao vosso semelhante o que quereríeis que ele vos fizesse.

Assim é que seu grande conhecimento das Leis que regem o Universo e dos fluidos nele existentes, a sua força para a dominação e transformação desses fluidos, a sua vontade soberana de fazer realçar a Lei de Deus, o seu amor imenso pelos sofredores, pelos deserdados da sorte, o auxílio constante que recebia de Deus, a enorme milícia celeste e a multidão de Espíritos que se achavam sob as suas ordens, o seu magnetismo, tudo concorria para que Ele cumprisse a sua tarefa. O restabelecimento dos enfermos seguiu-se logo após as ordens dadas por Jesus aos Espíritos maléficos, para que se afastassem dos sofredores. E aquele cuja autoridade é respeitada exerce com competência a sua tarefa.

A fama do moço nazareno corria por toda a Galileia; a repercussão da sua palavra deveria ter-se feito ao longe, pois inúmeros enfermos, outros possuídos de Espíritos malignos, os que estavam sob a obsessão buscavam o Médico Divino onde Ele se encontrasse. Em algumas localidades onde o Cristo nada operou, foi por causa da incredulidade de seus habitantes. Ressaltando a fé dos doentes beneficiados, Jesus deixava implícito o estado de receptividade gerado pela confiança no poder superior. Na ausência de tal estado não haveria cura, pois não se pode dar a quem não quer receber.

O “vigiai e orai” de Jesus é o roteiro seguro para a preservação da integridade espiritual dos seres humanos em todos os processos obsessivos, uma vez que a obsessão, atingindo-lhe com mais profundeza os escaninhos da mente, causar-lhe-á graves transtornos, desequilíbrio. A oração é, assim, o mais poderoso auxiliar para agir contra o Espírito obsessor. Cessada a causa, desapareceram os efeitos; expelidos os Espíritos, cessou a loucura, e os homens se restabeleciam.

Mas, como o Médico Divino conseguiu realizar essas curas? Espírito puríssimo, de grande força moral, que vale muito mais que a força material, dominou Ele os Espíritos que tinham a força física para se apoderarem dos outros, porém, não tinham força moral para resistir às suas ordens.

Nunca, ao que parece, o estudo desse terrível flagelo – a obsessão – que infelicita as criaturas afastadas de Deus, a meditação sobre suas ações e consequências, e o esforço para combatê-la, foram mais necessários que na atualidade.

Certos médiuns temem orar pelos obsessores a fim de não atraí-los, quando, em verdade, devemos amá-los e nos compadecermos deles, procurando servi-los, pois a prece é, justamente, a defesa que temos contra essas investidas, a par das boas qualidades morais e mentais. Eles são, sim, grandes sofredores que padeceram, quando encarnados, injúrias, humilhações; muitos foram vítimas de crimes, mas são também passíveis de nos respeitar e estimar, se soubermos compreendê-los e conquistá-los pelo amor, que “tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre”, como ensina o venerável apóstolo do amor, Paulo de Tarso, na Primeira Carta aos Coríntios, capitulo 12.

Procurando aconselhá-los, mesmo através da prece, pacientemente, conseguiremos atraí-los para as coisas de Deus e mais uma ovelha poderá ser recebida no apresso daquele amoroso Pastor que afirmou “haver mais júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lucas, XV: 3-7).

 

Bibliografia:

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns – Capítulo XXIII – Questão 237 – 59ª edição – 1992 – FEB – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

KARDEC, Allan. A Gênese – Capítulo XIV – Obsessões e Possessões – item 45 – 17ª edição – 1990 – LAKE, SP, Brasil.

PEREIRA, Yvonne Amaral. À Luz do Consolador – 3ª edição – 1998 – FEB – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

SCHUTEL, Cairbar. O Espírito do Cristianismo– 8ª edição – 2001- Gráfica Editora O Clarim – Matão, SP, Brasil.

XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel – Seara dos Médiuns – lição 59 – 7ª edição – 1991 – FEB – Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita