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por Rogério Coelho

 
A única solução para a paz no Oriente Médio e em qualquer parte


A paz interior será o alicerce para a paz de todo o planeta


“(...) Ai de ti, Jerusalém! Não te purificarás? Até quando ainda? Aos sacerdotes, aos profetas e a todos os habitantes de Jerusalém, fá-los-ei em pedaços uns contra os outros.” - Jeremias, 13:13, 14 e 27.


Desde os recuados tempos de Moisés o Oriente Médio está convulsionado, estremecido, sangrando... E por mais incrível e atual que pareça, as palavras registradas nos versículos em epígrafe de autoria de Jeremias, encontram-se – há séculos – na Bíblia. Dobraram-se os milênios, mas tudo permanece igual! Onde, afinal, está solução para o estabelecimento da paz?!

Indubitavelmente está em Jesus!Admitindo-O como “modelo e guia” e praticando Seus luminosos ensinamentos, não existem beligerâncias que não cedam lugar para a paz.

Surge, porém, uma pergunta: se assim é, como explicar que católicos e protestantes se mataram por séculos na Irlanda do Norte? Não eram cristãos?!  Não conheciam Jesus?!

Evidente que não basta conhecê-lO, mas também há que se PRATICAR Seus ensinamentos. Será que praticavam? Claro que não!  Daí os intermináveis conflitos...

Segundo o nobre Espírito Vianna de Carvalho[1], “(...) a paz constitui um desafio dos mais expressivos no processo da evolução individual, porquanto deflui da educação das tendências agressivas e dos hábitos enfermiços que permanecem no âmago do ser. Assim, a libertação das mazelas e das exigências inferiores do ego arbitrário, que se pressupõe credor de todas as homenagens e deferências, representa um gigantesco passo de natureza interior, objetivando a autoiluminação que todos devem alcançar.

Graças a essa consciência de identificação moral com o Belo, o Harmônico, a Vida, podem-se estabelecer os para­digmas em favor da paz social, estendendo-a na direção das nações da Terra.  Infelizmente, excelentes programas que têm sido estruturados com o objetivo de construir-se uma sociedade pacífica têm fracassa­do, em face da preocupação exacerbada em produzir-se mu­dança de padrões nos comportamentos gerais, sem a conscien­tização do indivíduo em relação ao seu dever pessoal em torno da própria harmonia.

Projetos e propostas ambientais para preservação do planeta, que deveriam merecer a sansão dos governos poderosos, são desrespeitados pelos maiores poluidores do Orbe, como no caso do Protocolo de Kioto; nações pobres estertoram vitimadas pela fome, pelas catástrofes, pelas epidemias e pelas guerras tribais, como vem ocorrendo com a África infeliz, que se exaure desde há séculos... As sanções econômicas e comerciais impostas pelos países ricos contra aqueles que são tidos como inimigos ou desrespeitadores das suas legislações geram revolta e deses­pero, contribuindo de maneira eficaz em favor do terrorismo nacional e internacional, mediante o qual os miseráveis morais e enfermos espirituais se rebelam... Os sórdidos interesses dos dominadores da economia e do poder acobertam crimes hediondos, a fim de que sejam preservadas suas fontes de produção e de ganho exagerado, perseguindo indivíduos e grupos outros que se lhes não su­jeitam, acusando-os de terroristas, enquanto apoiam nações igualmente perversas que submetem grupos étnicos ao seu talante, asfixiando-os até a morte, quando não os matando diretamente.

Inegavelmente o triunfo dos belicosos e o seu poder carac­terizam estes dias de horror na Terra enferma espiritualmente.... Fossem aplicados os excessivos gastos nas armas em fa­vor da educação, da saúde, do trabalho digno, do desenvolvi­mento dos países pobres, e certamente não haveria ódio nem desejo de vingança por parte daqueles que se sentem oprimidos.

A Organização das Nações Unidas, embora tentando manter a paz internacional, tem sido manipulada habilmente ou sem nenhum respeito por povos que a deveriam considerar, mas que dela se utilizam somente quando lhes convém eli­minar outros.... Permanece na sociedade terrestre um grande abismo entre as belas teorias de preservação do planeta e aquelas que podem realmente proporcionar a paz entre todos. Nesse atribulado tabuleiro de xadrez das guerrilhas hediondas e dos combates volumosos, a hipocrisia de alguns che­fes de Estado em negociações unilaterais apresenta-se com tal cinismo que choca os observadores mais sensatos, desde que as suas ambições sejam aceitas a qualquer preço sob ameaças sombrias ou claras.

Em nome da paz conservam sob o seu talante nações fracas que foram submetidas no passado e às quais negam o direito à liberdade de própria decisão, provocando ondas de rancor que se manifestam em atos de terrorismo, que suplan­tam em crueldade as carnificinas mais severas do passado, nos períodos considerados bárbaros ou primitivos.

A estrada a ser percorrida deverá ser uma espécie de ‘Caminho de Damasco’, quando então, submissos aos ensinamentos de Jesus, a paz será não só factível, mas definitiva.

(...) Por oportuno, vale recordar-se de Jesus, o Príncipe da paz, no Seu enunciado insuperável, que prossegue merecendo reflexões: ‘deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize’. (João: 14-7).

A paz que Ele oferece é resultado do Seu inefável amor sem preferência nem destaque a todos igualmente oferecido, mas que cada qual pode insculpir no íntimo através do esforço que empreende em favor da própria renovação pessoal.  Mesmo quando não compreendido, é seu dever enten­der e amar; perseguido, desculpar e amar; ridiculizado, continuar no dever e amar, nunca se perturbando nem se atemo­rizando diante daqueles que jamais alcançam além da sombra da matéria...”.

A Editora Sextante publicou um livro intitulado[2]“Filho do Hamas” que na verdade é um relato impressionante sobre terrorismo, traição, intrigas políticas, escolhas impensáveis, vaidades, ambições desmedidas e disputa pelo poder. Ali vamos compreender por que os líderes políticos e religiosos sempre fracassaram na busca da paz no Oriente Médio.

Escrito por Mosab Hassan Yousef, nascido em 1978 na Cisjordânia, filho do xeique Hassan Yousef, um dos líderes fundadores do Hamas, organização fundamentalista islâmica responsável por inúmeros ataques mortais contra Israel, e pelo jornalista Ross Brackin.

Aprendemos ali que o Oriente Médio está todo dividido em muitas facções político-religiosas que recebem polpudos financiamentos do exterior e a muitas dessas organizações absolutamente não interessa o estabelecimento da paz, uma vez que isso significaria secar a fonte de dinheiro que lhes dá autonomia, poder e razão de ser.

Fanatismo e abuso de poder, nacionalismo exacerbado, ignorância, crueldade, sandices, ambição, vaidade, orgulho e quejandos formam a base do explosivo coquetel mantenedor da beligerância no Oriente Médio.

É risível ver líderes israelenses e palestinos (Benjamin Netanyahu e Mahmoud Abbas) viajando para os EEUU para “costurar” a paz junto aos beligerantes filhos do Tio Sam, sem levar em conta o poder de fogo e o inamovível espírito guerreiro das inúmeras facções palestinas. Muitas dessas, quando não estão atirando contra os israelenses, estão atirando entre si. Não será, portanto, de cima para baixo e muito menos atropelando todas as facções que a paz será conquistada.

Concluímos com a leitura do livro de Yousef e Ross que a via a ser percorrida pelas partes litigantes deverá ser uma espécie de “Caminho de Damasco”, quando então, todos, sem exceção, submissos aos ensinamentos de Jesus Cristo coadjuvados pela prática efetiva dos mesmos, poderão, finalmente, pensar na verdadeira e imarcescível paz.

Yousef passou por essa experiência e logrou emancipar-se do ancestral vórtice de violência que lhe corria nas veias. Vejamos alguns pensamentos constantes no “post scriptum” da obra mencionada: “(...) quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem”.  (Efésios, 4:22-24).

“Foi muito difícil” – diz Yousef – “abrir mão do poder e da autoridade que eu tinha como filho de um importante líder do Hamas. Já tendo sentido o gosto do poder, sei como ele pôde ser viciante, bem mais do que o dinheiro. Eu gostava do poder que tinha na minha antiga vida, porém, quem está viciado, até mesmo no poder, não está exer­cendo o controle - está sendo controlado.

A liberdade, um anseio profundo por liberdade, é o cerne da minha história.

Sou filho de um povo escravizado por sistemas corruptos há muitos séculos.

Eu era prisioneiro dos israelenses quando meus olhos se abriram para o fato de o povo palestino ser tão oprimido por seus próprios líderes quanto por Israel.

Eu era um seguidor devoto de uma religião que exigia o respeito estrito de regras rígidas para que pudesse agradar o deus do Alcorão e garantir meu lugar no Paraíso.

Eu tinha dinheiro, poder e status na minha antiga vida, mas o que realmente queria era liberdade. E isso significava, entre outras coisas, deixar para trás o ódio, o preconceito e o desejo de vingança... A mensagem de Jesus - amai vossos inimigos - foi o que finalmente me libertou.  Não fazia mais diferença quem eram meus amigos ou inimigos, eu devia amar a todos...  E podia ter uma relação de amor com um Deus que me ajudaria a amar os outros. Esse tipo de relacionamento com Deus é não apenas a fonte da minha liberdade, mas também o elemento essencial da minha nova vida. Mas, por favor, não pensem que me tornei uma espécie de seguidor supremo de Jesus. Ainda estou me esforçando. O pouco que sei e entendo da minha fé teve origem em estudos e leituras da Bíblia. Em outras palavras, sou um seguidor de Jesus Cristo, mas estou apenas começando a me tornar Seu discípulo. Tenho muito a desaprender para abrir espaço para a verdade. Ainda luto com as coisas mundanas. Continuo a ter concepções equivocadas e luto com o que às vezes parecem ser questões invencíveis. Mas espero que eu, ‘o pior dos pecadores’ (1º Timóteo 1:16) - como na descrição que o apóstolo Paulo fez de si mesmo para Timóteo -, me torne o que quer que Deus queira que eu seja, contanto que eu não desista.

Então, se você me encontrar na rua, por favor, não me peça conselhos nem minha opinião sobre o significado desse ou daquele versículo. Você provavelmente já está muito mais adiantado do que eu na leitura das Escrituras. Em vez de olhar para mim como um troféu espiritual, ore por mim, para que minha fé se fortaleça e para que eu não encontre muitos obstáculos ao longo do caminho que me leva a Jesus.

Enquanto continuarmos a procurar os inimigos em outros lu­gares que não dentro de nós mesmos, sempre haverá um problema no Oriente Médio (e em toda parte).

A religião não é a solução. Religião sem Jesus é apenas arrogân­cia moral. A liberdade da opressão também não vai resolver as coi­sas. Livre da opressão da Europa, Israel se tornou o opressor. Livres de perseguições, os muçulmanos se tornaram perseguidores. Côn­juges e filhos maltratados muitas vezes continuam a maltratar seus cônjuges e filhos. Embora seja um clichê, ainda é verdade: pessoas feridas, a menos que sejam curadas, ferem outras pessoas...

Manipulado por mentiras e guiado pelo racismo, pelo ódio e pela revolta, eu estava me tornando uma dessas pessoas. Então, em 1999, encontrei o único Deus verdadeiro. Além de me mandar amar e perdoar meus inimigos, como Ele mesmo fez, Jesus me dá o poder para colocar isso em prática. 

Verdade e perdão são ambos a única solução para o Oriente Médio. Mas o desafio - principalmente entre os israelenses e palestinos - não é ENCONTRAR a solução. O desafio é ser o primeiro com coragem suficiente para ABRAÇÁ-LA”.   


 

[1] - FRANCO, Divaldo. Espiritismo e vida. Salvador: LEAL, 2009, p. 101-104.

[2] - YOUSEF, Mosab Hassan; BRACKIN, Ross. Filho do Hamas. Rio [de Janeiro]: SEXTANTE, 2010.


 


 


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita