Reconciliação
“Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto estás
no caminho com ele.” - Mateus, 5:25
Ninguém passa pela jornada terrestre sem experimentar o
assédio da ignorância e da imperfeição humana. Assim,
quando amigos se transformam em adversários, procuremos
lidar com as zombarias do qual somos objeto, sem
queixar-nos. Mesmo à frente daqueles que nos golpeiam
conscientemente, impondo-nos embaraços e desilusões,
desculpemos renovando os pensamentos na direção dos
objetivos superiores que pretendemos alcançar. E, ainda,
que agressões e ofensas nos firam o recesso d’alma,
sugerindo acerto de conta, façamos o possível para não
passar recibo nas afrontas que nos sejam endereçadas,
agindo sem reclamar, sem revolta e sem lastimar,
permanecendo em silêncio, aguardando, porque Deus e o
tempo tudo esclarecem restabelecendo a verdade. Por isso
é importante interpretarmos nossos opositores como
irmãos de caminhada, pois a adversidade é lição para a
vida, e adversários são mestres que nos proporcionam
treinamento no bem, operando sempre por fiscais dos
nossos atos.
Lembremos que nem o próprio Cristo escapou de
semelhantes percalços, e, mesmo assim, ninguém conseguiu
tirar a Sua paz. Deste modo podemos entender, segundo os
preceitos do Mestre que reconciliar-se com os oponentes
é reconhecer-lhes, acima de tudo, o direito de opinião,
harmonizando-nos com todos os que nos perseguem e
caluniam, anotando suas qualidades e desejando
sinceramente, que triunfem nas tarefas cuja execução
reprovam. Entendemos, então, que quando o Mestre nos
recomenda reconciliarmos o mais cedo possível com o
nosso adversário, fica claro que não devemos apenas
evitar as discórdias da vida presente, mas, também,
evitar que elas se perpetuem nas existências futuras.
Portanto, é imprescindível mudarmos a forma de olhar
esses irmãos, aprendendo a distinguir nas reprimendas e
nas críticas que nos dirigem, aquilo que nos seja útil e
construtivo, prosseguindo no caminho que a vida nos
situou, recordando que os antídotos para o veneno da
injúria são a paz do silêncio e o socorro da prece.
Jesus jamais nos induziu ao revide, mas incentivou-nos a
orar por todos os desafetos, fazendo-nos entender que
eles já carregam consigo bastante sofrimento. Em razão
disso, o meigo Rabi ensinou: “Amai os vossos
inimigos; bendizei os que vos maldizem; orai por aqueles
que vos perseguem e caluniam; perdoai setenta vezes sete
vezes e ofertai amor aos que vos odeiam.” Mateus,5:44.
Assim, diante da ofensa de um companheiro, não nos
entreguemos a reações descabidas, refletindo nas
ocasiões em que teríamos igualmente ferido os
semelhantes, auxiliando também aquele que se faz
instrumento de nossa dor, através do esquecimento de
todo o mal, afim de que ele se restaure.
É importante nos lembrarmos da inutilidade das
lamentações, das irritações e das mágoas, pois a
primeira enfraquece o otimismo, gerando desconfiança e
perturbação; a segunda, abate as forças da alma,
trazendo exaustão prematura e a terceira, anula a
esperança, arrasando possibilidade de trabalho. Para as
desavenças, maledicências e ressentimentos que surgem
nas nossas relações, usamos a palavra que dulcifica e
acalma para o bem de todos, procedendo sempre com
bondade, perdão, paciência e serenidade.
Em vista disso, é importante não conservarmos aversões e
desamor na alma, perdoando incondicionalmente,
recordando que também trazemos conosco imperfeições e
fraquezas. “Pai, perdoa-lhes porque, ainda, não sabem
o que fazem,” pediu Jesus, deixando os ofensores nas
inibições próprias a cada um, sustentando em Si a luz do
amor que dissolve toda sombra.
O Mestre não nos impele tão somente a beneficiar os que
nos ferem, mas igualmente proteger a harmonia mental do
grupo em que fomos chamados a atuar e servir, imunizando
os companheiros do contágio do pesar e do queixume,
sustentando a tranquilidade e a confiança de todos.
Como filhos de Deus e irmãos em humanidade que somos,
procuremos compreender que toda e qualquer inimizade
quando alimentada, é contrária a Lei de Amor, trazendo
atribulação de consciência. O Pai é sábio em Suas leis,
permitindo que passemos por fases de carência que acabem
por favorecer tais aproximações, as quais devem ser
aproveitadas de forma hábil e consciente com a
utilização, se preciso, do auxílio de terceiros.
A paz, o concurso fraterno e o contentamento em fazer o
melhor que pudermos são obras morais que pedem serviço
edificante. Acima de tudo, recordemos de que perdoando,
a bênção de Deus consegue descer até as lutas da alma,
e, assim, a alma consegue elevar-se para a bênção de
Deus.
Recolhamos os dons divinos da claridade evangélica: amar
e perdoar, construindo o bem e a paz, esposando
ostensivamente a vida cristã, no estudo da teoria e no
esforço de sua aplicação.
Se possuímos a luz da claridade, por que não lhe seguir
a rota de luz?
Bibliografia:
XAVIER, C. Francisco – Palavras de
Vida Eterna – ditado pelo espírito Emmanuel -35ª
edição – Uberaba/MG/ Editora Comunhão Espírita Cristã -
2010 – páginas 33, 58, 238 e 327.
KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o
Espiritismo – 365ª edição – Araras/SP/ Editora IDE –
2009 – capítulo 10 - Reconciliar-se com os adversários.
SILVA, R. Cesar Saulo coordenação – O
Evangelho por Emmanuel Segundo Mateus – 1ª edição
-Brasília/DF/ Editora FEB – 2016 – páginas 149, 153 e
164.