Os mesmos motivos
Fazendo uma pequena exposição em uma Casa espírita da
cidade, fiz a seguinte pergunta: será que os motivos que
levavam as pessoas a procurar por Jesus, quando Ele
esteve encarnado entre nós, são diferentes das razões
que nos levam a buscá-Lo através das diversas religiões
cristãs que existem?
Pedi que a resposta, cada um dos presentes desse a si
próprio lembrando que os Espíritos superiores sabem
perfeitamente o que estamos pensando e sentindo.
Os leprosos, os cegos, os vitimados pela paralisia, os
obsidiados, os surdos e mudos, enfim, pessoas
atormentadas por problemas físicos ou emocionais
buscavam Jesus por um motivo diferente daquele pelo qual
a maioria O procura nos dias atuais? O que você acha?
Talvez você tenha ouvido alguém dizer assim: “Eu me
aproximei do Espiritismo porque tenho um enorme desejo
de ajudar aos necessitados!”
Já ouviu essa justificativa? Eu nunca ouvi.
Quem sabe você tenha ouvido essa outra: “Eu sou católico
porque quero colocar em prática todos os ensinamentos
maravilhosos dessa religião para me tornar uma pessoa
mais digna de Deus”!
Já presenciou esse tipo de manifestação? Eu nunca tive
essa felicidade.
Quem sabe você tenha ouvido o seguinte: “Pretendo por
meio da religião evangélica transformar este mundo para
melhor!”
Teve a felicidade de escutar tal colocação? Eu nunca
tive.
Então, qual seria o real motivo pelo qual buscamos Jesus
através das diversas religiões, transcorridos mais de
dois mil anos de cristianismo?
Aprendamos com Emmanuel no capítulo 49 do livro Vinha
de Luzonde ele diz o seguinte: O Cristianismo é
campo imenso de vida espiritual, a que o trabalhador é
chamado para a sublime renovação. O sedento encontra
nele as fontes da “água viva”; o faminto, os celeiros do
“eterno pão”. Os cegos de entendimento nele recebem a
visão do caminho; os leprosos da alma, o alívio e a
cura. Ninguém se engane, pois, na oficina generosa e
ativa da fé. No serviço cristão, lembre-se cada aprendiz
de que não foi chamado a repousar, mas à peleja árdua,
em que a demonstração do esforço individual é imperativo
divino.
Vamos trocar em miúdos. Quando Jesus curava alguma
pessoa, os problemas dessa pessoa estavam resolvidos
para sempre? Evidentemente que não. Prova disso é que
Ele afirmava categórico: Vá e não peque mais para que
não te suceda o pior. Ou seja, um problema estava
resolvido, mas outros poderiam surgir caso o envolvido
não modificasse o seu modo de ser.
Como na imensa maioria daqueles que professam uma
religião, o motivo de ainda procurarmos por Jesus é para
pedir alguma coisa, solicitar um socorro para algum
problema do momento presente, não tenhamos a ilusão de
que, atendidos na urgência de nossas vidas, tudo estará
resolvido para sempre. A mesma advertência – Vá e não
peque mais – continua a vigorar de acordo com as Leis
que regem o Universo.
Quantas pessoas não são socorridas em momento de aflição
no Centro espírita e depois desaparecem como se nunca
mais fossem precisar de um novo socorro. Que nunca mais
retornem ao Centro não é o problema. Mas que não
abandonem a necessidade de continuar modificando suas
imperfeições para que as dificuldades não continuem a
repontar pelo caminho evolutivo da pessoa, essa é a
grande advertência que não deve ser esquecida!
E por que será que isso acontece? Porque o mundo está
repleto de propostas sedutoras para todos aqueles que
ainda estão bem no início da jornada do reino animal
para o reino hominal.
Continua ensinando Emmanuel no capítulo 50 do mesmo
livro mencionado: Perderam o rumo para o Cristo,
seduzidos por espetáculos fugazes, nas numerosas
estações da jornada espiritual, e, por esquecerem o alvo
sublime, chega de modo inevitável o instante em que,
cessados os motivos da transitória fascinação, se sentem
angustiados, como viajores sedentos nos áridos desertos
da vida humana.
Terminamos com Emmanuel retornando ao capítulo 49: Não
se equivoquem, pois, os que buscam o Mestre dos
mestres... Receberão, certamente, a esperada iluminação,
o consolo edificante e o ensinamento eficaz, mas
penetrarão a linha de batalha, em que lhes constitui
obrigação o combate permanente pela vitória do amor e da
verdade, na Terra, através de ásperos testemunhos,
porque todos nós, encarnados e desencarnados, oscilantes
ainda entre a animalidade e a espiritualidade, entre o
vale do homem e a culminância do Cristo, estamos
constrangidos a batalhar até o definitivo triunfo sobre
nós mesmos pela posse da Vida Imortal.
Como os motivos pelos quais buscamos Jesus nos dias
atuais são os mesmos de há dois mil anos, não devemos
esquecer da célebre advertência Dele que é totalmente
válida a todos os interessados: ir e não pecar mais para
que não nos suceda o pior.