Trate de
fazer alguma luz
“Brasil, um país do
futuro” é uma expressão
do escritor austríaco de
origem judaica Stefan
Zweig, que se transferiu
para cá fugindo da
expansão da barbárie
nazista na Europa
durante a Segunda Guerra
Mundial. Zweig formou
essa opinião viajando
pelo país e observando
as características dos
brasileiros, e sua frase
acabou se transformando
num slogan muito citado
desde 1941, ano em que
seu famoso livro foi
editado com aquele
título.
Passados setenta e oito
anos, com as marchas e
contramarchas, avanços e
recuos que a nação
brasileira tem vivido
nesse longo período,
talvez ainda se possa
usar a mesma frase
carregada de otimismo,
traduzindo a esperança
que ela incutiu nos
brasileiros de que esse
“futuro” possa um dia
chegar.
Quando falamos do futuro
do Brasil estamos nos
referindo ao futuro do
seu povo, naturalmente,
pois o que constitui uma
nação é o seu povo. Os
princípios naturais de
justiça, amor e caridade
que vigoram numa nação
refletem exatamente o
estágio que ocupa a sua
população na escala de
evolução espiritual, o
que equivale dizer, a
maneira como ela
consegue compreender e
viver esses princípios.
Nosso país atravessa
atualmente um período
difícil caracterizado
pela erupção
generalizada de
conteúdos emocionais de
baixo teor em todos os
setores da atividade
social, revelando uma
anomalia do nosso povo
de que não se
suspeitava. Para muitos,
vive-se agora uma crise
de valores jamais vista,
e que afeta em cheio
pessoas e instituições.
Sob análise
simplificada, as crises
aparecem em função de
desequilíbrios vários –
sempre de fundo moral –
que a sociedade em geral
entretece. Por trás das
crises há sempre o
desrespeito, a
negligência, a violação
daqueles princípios
citados acima. E o
combustível desses males
é fundamentalmente o
orgulho, o egoísmo e a
ambição.
O Brasil é considerado
um país religioso. A
quase totalidade da sua
população se diz adepta
deste ou daquele credo.
No entanto, grande parte
desse contingente
alimenta, por razões
diversas, a face sombria
desta crise,
contradizendo com
palavras e ações os
preceitos morais que a
verdadeira Religião
recomenda. A religião
praticada com
sinceridade deveria,
pois, regular em níveis
amistosos e fraternos as
relações em sociedade.
Mas não é isso o que
acontece. O problema não
está com a religião, e
sim com os “religiosos”,
já disse.
Mas, independentemente
de religião, os avanços
da civilização propõem
normas éticas
consensuais de
convivência.
Intuitivamente, em maior
ou menor grau, o cidadão
sabe o que deve fazer e
como se comportar em
relação ao outro. Para
isso, basta que se
lembre de um aviso bem
antigo e conhecido: “Não
faça aos outros, o que
não quer que lhe façam”.
A força desse pensamento
de Jesus, por si só,
evitaria muitas mazelas
humanas. Porém, falta
disposição aos homens
para refletir sobre o
que poderá revolucionar
a vida na Terra,
tornando-os mais
saudáveis e felizes.
Aos que têm no egoísmo e
no orgulho a sua maior
força; aos que pensam
que dinheiro e poder são
inesgotáveis; aos que
acham que sua vilania e
perversão são ignoradas;
aos que creem que não
precisam prestar contas
dos seus atos a ninguém,
sequer a Deus, saibam
que, em relação ao
Universo, a Terra é um
povoado; a humanidade,
uma tribo. Estamos muito
longe do que pensamos
ser e saber.
Quando menos esperarmos,
estaremos com um espelho
à nossa frente e,
refletida nele, a nossa
consciência cobrando de
nós mesmos o que devemos
aos outros.
Mais que “passar o
Brasil a limpo”, é
preciso que cada
brasileiro assuma sua
parcela de
responsabilidade na
recomposição das
energias esgotadas por
ele mesmo. Que cada
brasileiro limpe a
própria alma com o
exercício do respeito,
da tolerância e da
indulgência. Enfim, que
cada brasileiro
modifique seu padrão
mental, compreendendo
que pensamentos,
palavras e ações
desajustados envenenam a
sua cabeça e o meio onde
vive. Imagine-se esse
processo ocorrendo com
toda uma população...
Portanto, agora é tempo
de pensar o bem, de usar
boas práticas. Ser
melhor para evitar o
pior. Agindo assim, não
demora e essa névoa
soturna que nos envolve
começará a se diluir.
Quem não gosta ou não
quer viver na escuridão
trate de fazer alguma
luz. Somos chamados a
colaborar. Trata-se de
construir o futuro do
Brasil, o nosso futuro.
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