Grande tolo
Logo após a cabra-cega,
Zezinho, todo suor,
Ao lado do professor,
Dizia para um colega:
— Eu hoje já fiz das minhas,
Amanheci no brinquedo,
Levantei-me muito cedo,
Apedrejando as galinhas.
Quebrei xícaras e pratos,
Pus fogo ao quintal vizinho,
Chicoteei meu cãozinho,
Dei pancadas em dois gatos.
Furtei doces à cozinha,
Queimei um sapato e um pente
E atirei água fervente
Ao rosto da empregadinha.
Esfregando as mãos, contente,
Sem respeito, sem temor,
Perguntou ao professor:
— Não julga que sou valente?
O mestre, sem repreender,
Respondeu-lhe, em desconsolo:
— Não passas de um grande tolo
Que tem muito que aprender.
Do livro Jardim da infância, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.