A mulher, a violência e o homem (um
ponto de vista espírita)
Portugal tem sido assolado por uma onda de violência
doméstica sem precedentes. Somente de janeiro de 2019 a
esta data(1),
já foram mortas pelos seus companheiros mais de uma
dezena de mulheres, inclusive com mortes macabras. O
entendimento do Espiritismo pode resolver esse problema.
No ponto de vista espírita, o Ser Humano é um Espírito
imortal, criado por Deus, que começou a sua evolução no
reino hominal, na 1ª encarnação em mundos primitivos,
simples e ignorante. Ao longo dos milênios, esse
Espírito vai tendo reencarnações sucessivas e
progressivas, desenvolvendo o intelecto e a moral, até
que um dia atinja o estado de Espírito puro, não
necessitando mais de reencarnar, continuando a sua
evolução como cocriador de Deus, no Universo.
Nessa viagem de milhões de anos, o Espírito tanto
reencarna como homem ou mulher, de acordo com o que for
mais útil para si, tendo em conta as suas necessidades
evolutivas.
Em “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec, que
comporta a filosofia espírita, podemos encontrar
conceitos claros sobre o assunto, explicando que o
Espírito é portador de sexualidade, mas não de sexo.
Apenas quando tem necessidade de reencarnar, o Espírito
adota uma polaridade sexual (masculina ou feminina)
tendo em conta aquilo que necessita aprender nessa
reencarnação.
Na questão 202 de “O Livro dos Espíritos”, Allan
Kardec pergunta:
“Quando somos Espíritos, preferimos encarnar num corpo
de homem ou de mulher?
Resposta - Isso pouco importa ao Espírito;
depende das provas que ele tiver de sofrer.
Os Espíritos encarnam-se homens ou mulheres, porque não
têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como
cada posição social, oferece-lhes provas e deveres
especiais e novas ocasiões de adquirir experiências.
Aquele que fosse sempre homem, só saberia o que sabem os
homens”.
Nesse sentido, não faz qualquer sentido haver
discriminação de raças (racismo), de povos (xenofobia),
desprezo pela Natureza (ecologia), de condição social
(pobreza) e de sexo, pois que o Espírito reencarnará na
raça, no país, na condição social e com o sexo que lhe
forem mais úteis para a sua evolução, naquele momento.
Tendo esse conhecimento, sabendo que o Universo rege-se
pela Lei de Causa e Efeito (tudo o que sentimos,
pensamos e fazemos repercute sobre nós), somente o
desconhecimento das Leis Morais de Deus pode levar a
esta autêntica guerra de sexos, ao longo da história da
Terra.
Com o Espiritismo, o Homem toma consciência de que é um
passageiro no comboio da vida, colhendo mais além o que
semeou mais atrás. Se foi rude, violento, repetidas
vezes, para com o sexo oposto, a bondade divina pode
proporcionar-lhe, pedagogicamente, uma ou várias
vivências futuras na polaridade sexual feminina, para
que assim aprenda a valorizar o sexo desprezado,
adquirindo qualidades e características típicas desse
sexo, que lhe serão úteis para o seu equilíbrio
espiritual, em busca da sua felicidade. O mesmo acontece
ao inverso, da polaridade feminina para a masculina.
O homem e a mulher sofrem na Terra as contingências
culturais do local onde nascem, a aculturação social, no
entanto, trazem no seu íntimo a noção de Bem e de Mal,
do que está certo e está errado, do ponto de vista
moral.
A reencarnação (hoje provada cientificamente pelos
estudos do psiquiatra americano Ian Stevenson, entre
outros) tem ainda o condão de proporcionar ao
Espírito a vida em sociedade, aprendendo com diferentes
pessoas, de ambos os sexos, de diferentes países e
culturas, no caminho intelectual e moral que o
catapultará para estados de alma mais felizes, em vidas
futuras, na Terra ou noutros planetas mais evoluídos.
O planeta Terra pode ser comparado a grande escola, com
milhões de alunos, uns mais atrasados do que outros, uns
mais pacíficos do que os demais, uns mais inteligentes
do que os restantes, no entanto, como em qualquer
escola, existem regras de conduta que não podem ser
violadas, em prol do bem comum, sob pena de uma
advertência ou processo disciplinar, com vista à
reeducação do aluno.
Também nas reencarnações sucessivas, o Espírito será
sempre o responsável pela sua conduta moral, colhendo as
alegrias ou as dores morais que defluem da sua conduta
passada.
Acreditamos que com uma maior e melhor divulgação da
Doutrina Espírita (Espiritismo ou Doutrina dos
Espíritos), que não é mais uma religião ou seita, mas
sim uma filosofia de vida, as pessoas despertarão mais
rapidamente para uma consciencialização de que são
Espíritos imortais, consciência essa que terá
inevitavelmente consequências morais na sua maneira de
sentir, pensar e agir.
“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar,
tal é a Lei”.
(1)Este
artigo foi escrito no dia 8 de março de 2019 - Dia
Internacional da Mulher.
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