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por José Lucas

 

A mulher, a violência e o homem (um ponto de vista espírita)


Portugal tem sido assolado por uma onda de violência doméstica sem precedentes. Somente de janeiro de 2019 a esta data(1), já foram mortas pelos seus companheiros mais de uma dezena de mulheres, inclusive com mortes macabras. O entendimento do Espiritismo pode resolver esse problema.


No ponto de vista espírita, o Ser Humano é um Espírito imortal, criado por Deus, que começou a sua evolução no reino hominal, na 1ª encarnação em mundos primitivos, simples e ignorante. Ao longo dos milênios, esse Espírito vai tendo reencarnações sucessivas e progressivas, desenvolvendo o intelecto e a moral, até que um dia atinja o estado de Espírito puro, não necessitando mais de reencarnar, continuando a sua evolução como cocriador de Deus, no Universo.

Nessa viagem de milhões de anos, o Espírito tanto reencarna como homem ou mulher, de acordo com o que for mais útil para si, tendo em conta as suas necessidades evolutivas.

Em “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec, que comporta a filosofia espírita, podemos encontrar conceitos claros sobre o assunto, explicando que o Espírito é portador de sexualidade, mas não de sexo. Apenas quando tem necessidade de reencarnar, o Espírito adota uma polaridade sexual (masculina ou feminina) tendo em conta aquilo que necessita aprender nessa reencarnação.

Na questão 202 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta:

“Quando somos Espíritos, preferimos encarnar num corpo de homem ou de mulher?

Resposta - Isso pouco importa ao Espírito; depende das provas que ele tiver de sofrer.

Os Espíritos encarnam-se homens ou mulheres, porque não têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, oferece-lhes provas e deveres especiais e novas ocasiões de adquirir experiências. Aquele que fosse sempre homem, só saberia o que sabem os homens”.

Nesse sentido, não faz qualquer sentido haver discriminação de raças (racismo), de povos (xenofobia), desprezo pela Natureza (ecologia), de condição social (pobreza) e de sexo, pois que o Espírito reencarnará na raça, no país, na condição social e com o sexo que lhe forem mais úteis para a sua evolução, naquele momento.

Tendo esse conhecimento, sabendo que o Universo rege-se pela Lei de Causa e Efeito (tudo o que sentimos, pensamos e fazemos repercute sobre nós), somente o desconhecimento das Leis Morais de Deus pode levar a esta autêntica guerra de sexos, ao longo da história da Terra.

Com o Espiritismo, o Homem toma consciência de que é um passageiro no comboio da vida, colhendo mais além o que semeou mais atrás. Se foi rude, violento, repetidas vezes, para com o sexo oposto, a bondade divina pode proporcionar-lhe, pedagogicamente, uma ou várias vivências futuras na polaridade sexual feminina, para que assim aprenda a valorizar o sexo desprezado, adquirindo qualidades e características típicas desse sexo, que lhe serão úteis para o seu equilíbrio espiritual, em busca da sua felicidade. O mesmo acontece ao inverso, da polaridade feminina para a masculina.

O homem e a mulher sofrem na Terra as contingências culturais do local onde nascem, a aculturação social, no entanto, trazem no seu íntimo a noção de Bem e de Mal, do que está certo e está errado, do ponto de vista moral.

A reencarnação (hoje provada cientificamente pelos estudos do psiquiatra americano Ian Stevenson, entre outros) tem ainda o condão de proporcionar ao Espírito a vida em sociedade, aprendendo com diferentes pessoas, de ambos os sexos, de diferentes países e culturas, no caminho intelectual e moral que o catapultará para estados de alma mais felizes, em vidas futuras, na Terra ou noutros planetas mais evoluídos.

O planeta Terra pode ser comparado a grande escola, com milhões de alunos, uns mais atrasados do que outros, uns mais pacíficos do que os demais, uns mais inteligentes do que os restantes, no entanto, como em qualquer escola, existem regras de conduta que não podem ser violadas, em prol do bem comum, sob pena de uma advertência ou processo disciplinar, com vista à reeducação do aluno.

Também nas reencarnações sucessivas, o Espírito será sempre o responsável pela sua conduta moral, colhendo as alegrias ou as dores morais que defluem da sua conduta passada.

Acreditamos que com uma maior e melhor divulgação da Doutrina Espírita (Espiritismo ou Doutrina dos Espíritos), que não é mais uma religião ou seita, mas sim uma filosofia de vida, as pessoas despertarão mais rapidamente para uma consciencialização de que são Espíritos imortais, consciência essa que terá inevitavelmente consequências morais na sua maneira de sentir, pensar e agir.

“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei”.

 

(1)Este artigo foi escrito no dia 8 de março de 2019 - Dia Internacional da Mulher.


 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita