O exemplo é tudo
No Evangelho de Lucas, capítulo 7, Jesus responde a uma
indagação dos discípulos, com o exemplo do que ensinava
e vivia, fazendo o bem, aliviando os enfermos das
aflições e da dor, libertando a alma das amarras dos
seus algozes, afirmando: “Ide,
e anunciai a João (o Batista) o que tendes visto e
ouvido: que os cegos veem, os coxos andam, os leprosos
são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam
e aos pobres anuncia-se o evangelho” (Lucas
7:22).
Meditando sobre essa leitura, agora que já estou
sexagenário, e pensando na minha transitória existência
(sim, porque estou de passagem e vou retornar à vida
espiritual, com mais bagagens morais e espirituais –
espero!), e pensando no futuro deste novo mundo de
regeneração que será a Terra: desejo poder voltar a um
novo corpo de carne, em nova personalidade, para
construir meu progresso no infinito dos tempos.
Mas, ao que interessa: estive avaliando que, quando
tinha os filhos adolescentes, eu bebia socialmente.
Fiquei abstêmio por um tempo, depois voltei a beber
socialmente, e orientava os filhos adolescentes que
bebessem com moderação. Quando fizessem uso de álcool,
que se alimentassem, entre um copo e outro, ou bebessem
um pouco de água ou refresco entre um copo e outro. Mas
não funcionou. Por diversas vezes apareceram embriagados
em casa.
Num dia de “porre” de um de meus filhos, tomei a
liberdade (equivocada), no outro dia, de ir à casa do
pai de um de seus colegas conversar sobre a situação de
nossos filhos. O pai se irritou e me despachou com umas
palavras tortas.
Voltei para casa cismado. Que fazer? Não temos controle
sobre a vida alheia, nem mesmo do filho quando se
emancipa. (Mas podemos ter controle sobre nossa casa.)
Passaram-se os anos, e o que eu esperava não acontecer
com outros filhos (tenho seis) aconteceu. Quando outro
filho voltou para casa embriagado, recaí no equívoco de
ir à casa de um de seus amigos (meu filho não contara
onde tinha bebido).
Fui até a casa e o rapaz, junto com o pai, me disse:
“Não fui eu que levei o seu filho pra beber. Ele pegou
um litro de bebida que o senhor tinha em casa, escondido
no guarda-roupas”.
Aprendi a lição citada acima, em Lucas: não basta falar,
é necessário vivenciar aquilo que se prega, com
honestidade. Não apenas dizendo, mas (neste caso) não
usando álcool.
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é
bacharel em direito com especialização em dependência
química USP/SP/GREA.
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