Ser médium evangelizado
“Precisamos estar dispostos a nos livrar da vida que
planejamos para podermos viver a vida que nos espera. A
pele velha tem de cair para que uma nova possa nascer.”Joseph
Campbell
O futuro se constrói com ações no presente que
transformarão alguns hábitos, dando-nos uma visão mais
ampla dos nossos erros e acertos, permitindo-nos traçar
planos mais elevados, observando os valores espirituais
que nos abrirão as portas para o mistério do viver.
A essência e não a aparência é a verdadeira natureza de
todo o ser humano. Nascemos com determinadas tarefas que
não podem ser negociadas, pois elas pertencem ao
espírito. Assim como um trabalhador é indicado para uma
repartição com um encargo específico, também nós somos
chamados a seguir em determinada atividade e,
consequentemente, colocados na equipe de companheiros
seja no lar, no trabalho profissional, em grupos de
assistência aos mais necessitados etc., que nos
possibilitem a execução da tarefa. O aproveitamento
dependerá do interessado em compreender e desenvolver os
talentos que todos possuímos para investir na edificação
do bem, onde estivermos.
A proposta do Espiritismo é a de esclarecer e educar o
médium à luz do conhecimento espírita, presente nas
obras de Kardec, assim como a vivência do Evangelho.
Jesus e Kardec representam os fundamentos da prática
mediúnica em particular e do Espiritismo em geral,
conforme a expressão do benfeitor Emmanuel, no livro Opinião
Espírita, lição 2. Diz ele: “Em suma, diante do
acesso aos mais altos valores da vida, “Jesus e Kardec
estão perfeitamente conjugados pela sabedoria Divina”.
Jesus a porta, Kardec a chave”.
A mediunidade representa uma relevante aquisição para o
médium que o estimula ao estudo, a buscar o próprio
crescimento doutrinário, orientando-o a respeito da
natureza dos espíritos, de como utilizar suas faculdades
mediúnicas, mantendo-se alerta aos propósitos Divinos, a
fim de obter bons frutos. Para isso é importante
cultivar, dentro de si, as verdadeiras virtudes,
seguindo o caminho dos mais profundos valores da alma.
Emmanuel continua: “Dignificai o estudo, submetei-vos
ao trabalho, aprendei a obedecer para saberdes dirigir,
carregar valorosamente o fardo de vossas
responsabilidades preciosas e marchai adiante,
auxiliando e esclarecendo, abençoando e construindo
meios seguros e suficientes para a comunicação em toda a
sua extensão e brilho”.
O pensamento do espírito emissor é uno, mas varia em
suas manifestações de acordo com o estado mais ou menos
perfeito dos instrumentos que emprega. Cada médium marca
com o cunho de sua personalidade a inspiração que lhe
vem do mais alto. Assim, quanto mais preparado e mais
espiritualizado for, mais seus instintos materiais serão
subjugados e a transmissão do pensamento emitido irá
surgir com pureza e fidelidade.
No exercício da mediunidade muitos se confundem diante
da impossibilidade de distinguir as ideias que nos são
próprias, das que nos são sugeridas. Entretanto, é fácil
reconhecer as ideias que nos são inspiradas pelos
espíritos. Elas brotam espontaneamente, de improviso
como clarões súbitos, enquanto nossas ideias pessoais
proveem do fundo do nosso ser, estão sempre a nossa
disposição e ocupam de modo permanente nossa mente. As
inspiradas surgem como por encanto, seguem encadeiam-se
por si mesmas e se expressam com muita força e rapidez.
Ser médium, portanto, não é apenas receber espíritos, é
acima de tudo, ser discípulo do bem, habilitando-se dia
a dia no intercâmbio regenerador com o Alto, a proveito
de reforma geral da humanidade, do planeta e de si
próprio. E para se compenetrar de tal responsabilidade
será necessário conhecer as leis mecânicas, morais e
espirituais em que a mediunidade se firma e enobrece, a
fim de não desvirtuar a tarefa.
É necessário observarmos o nosso comportamento para
reconhecer que a maioria de nós, encarnados neste
momento na Terra, ainda está bem longe da perfeição.
Todavia, Deus oferece a cada um o leme da própria
existência, a alegria ou a tristeza da jornada que
criamos para nós mesmos e a possibilidade de atingirmos
o porto seguro da felicidade plena através do próprio
desenvolvimento.
O livro Lindos Casos, de Ramiro Gama, narra o
encontro de Chico Xavier com o benfeitor Emmanuel e,
este lhe pergunta: “Está você realmente disposto a
trabalhar na mediunidade com Jesus?”, pergunta o
orientador espiritual. “Sim, se os bons espíritos não
me abandonarem”, respondeu o médium. “Não será
você desamparado”, disse-lhe Emmanuel, “mas para
isso é preciso que você trabalhe, estude e se
esforce no bem”. “E o Senhor acha que eu estou em
condições de aceitar o compromisso?” tornou o Chico.Perfeitamente,
desde que vocêprocure respeitar os três pontos básicos
para o serviço; porque o protetor se calou, Chico
perguntou qual o primeiro? A resposta veio firme: disciplina,
e o segundo disciplina, e o terceiro, disciplina”.Porém,
nem sempre conseguimos o sucesso planejado.
Sêneca, o brilhante pensador nos diz“que o mais
importante é saber o que é certo e o que nos convêm. Nem
que num primeiro momento não consigamos fazer o que
sabemos ser certo, importa sabê-lo”.
Que possamos ter a disciplina necessária para
concretizar o que se quer. Cada um depende apenas de si
para atingir seus objetivos. A vida não é uma escada
rolante, pois quem fica parado não sobe.
Estamos realmente dispostos a trabalhar? No livro Instruções
Psicofônicas, capítulo 43, Meimei, por intermédio de
Francisco Cândido Xavier, esclarece: “Hoje é o
momento de renovar o coração varrendo a ferrugem da
ociosidade, expulsando o vinagre do desencanto,
extinguindo o bolor da tristeza e pulverizando o
caruncho do desânimo.”
Bibliografia:
MOURA, Marta Antunes de Oliveira
(organizadora) – Mediunidade, Estudo e prática –
programa I – 2ª edição - Brasília/DF/ Editora FEB –
2018.
CALDINI Neto, Alexandre – A Vida na
Visão do Espiritismo – 1ª edição – Rio de
Janeiro/RJ/ A.M.T Editores Ltda. – 2017.
XAVIER, F. C. – Seara dos Médiuns -ditado
pelo espírito Emmanuel – 20ª edição – Brasília/DF/
Editora FEB – 2015 – lição 44.
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