Paz, sem a criar, é
impossível!
Nós falamos em paz, em amor, em harmonia, mas na
realidade são estados de espírito que ainda não temos
vontade de manter.
Tudo na vida é uma conquista, temos que agir de
determinada forma para obtermos o que fica no fim de
nossas ações, como recompensa ou distúrbio.
A Lei ação e reação explica-nos que raramente existem
ações neutras, todas elas nos trazem algo de volta,
começando mesmo no pensamento, aliás, este é a raiz da
ação, tudo é criado aí.
A paz e o amor na verdade funcionam como uma
consequência. Não existe a hipótese de irmos buscá-los
diretamente como no final de uma ação, embora nós
pensemos e ajamos desta forma, enganando-nos a nós
próprios, que temos de construir a paz, que temos de
aprender a amar. Estes dois estados de espírito são como
as flores de uma planta, por exemplo a Rosa: eu não
chego à Rosa diretamente, esta aparece espontaneamente
com as condições indicadas ao desabrochar da flor.
Primeiro tenho que arranjar a terra em um vaso ou num
jardim, depois planto, todos os dias rego, cuido, coloco
um pouco de substrato e ela crescerá; na altura certa o
botão nascerá e desabrochará apresentando toda a sua
beleza.
A humanidade vive em desarmonia praticamente desde que
existe. Hoje podemos ver através das guerras, o estado
das nações, a separação que foi criada com as
nacionalidades, as igrejas e continuaria aí, por uma
lista enorme, onde cabe o clubismo, a etnia etc..
Nas próprias casas, entre a família, existem choques e
atritos, muitos vivendo em ambientes quase idênticos às
guerras, no que toca ao ódio e à raiva.
Se nós olharmos para uma guerra: onde podemos ver a raiz
do que está a acontecer? Será nas diferentes ideologias
e desejos? Diferentes formas de estar no mundo
alicerçadas no egoísmo e no orgulho comunitário?
Se nós olharmos para as pessoas individualmente, será
que veremos algo de diferente? Ou a nossa base é a base
da sociedade, seja em que ponto for do planeta?
Poderemos mudar os objetos do desejo, as filosofias dos
ideais, as igrejas, a rigidez da forma de estar, mas a
raiz é a mesma e, como tal, o destino é o mesmo,
agressividade mais ou menos violenta, a falta de paz, a
falta de amor, o sofrimento, as coisas negativas que
existem na Terra, pois estas não são criadas por Deus
nem pela Natureza.
Por que não conseguimos viver em paz?
Como falei acima, a paz é uma “consequência”, um estado
natural como, por exemplo, a saúde. Não é a saúde uma
ausência de doença? Este termo foi criado para quando
não tivermos qualquer doença, pois, quando esta última
existe, não temos saúde. Quando curamos a enfermidade,
voltamos a ter saúde. Se não existisse qualquer doença
na Terra que pudesse molestar o ser humano, também não
precisaríamos do termo que demonstra a ausência desta,
ou seja, “Saúde”.
A paz não pode ser construída diretamente; os seus
caminhos são os de abstinência. Para estarmos em paz,
falo daquela que é um estado de espírito harmonioso,
temos que nos abdicar da agressividade, do ódio, do
orgulho, do egoísmo, de uma forma geral, de tudo o que é
negativo, e aí teremos a paz e compreenderemos o Amor.
A Paz e o Amor são termos utilizados para a inexistência
destes males humanos que nos levam ao caminho da
desarmonia individual e coletiva. Quando aparece uma
destas emoções ou estados humanos, simplesmente
desaparece a paz e o amor, por isso, “os Iluminados”,
independentemente da religião e da doutrina, nos dizem
que nós já temos a “luz”, que nós somos a “luz”, apenas
a afastamos de nós.
Por que não queremos viver em paz?
Os atos negativos criados pela humanidade são um desejo
nosso, que nos traz as recompensas que tanto desejamos.
O Egoísmo leva-nos a melhorar a nossa condição terrena
material através do acúmulo de coisas e dinheiro; o
orgulho leva-nos a valorizar o ser terreno que nos dá
imenso prazer, e estas são as maiores chagas, que se
revestem de muitas formas. Mas existem outras que se
apresentam também das mais diversas maneiras e que
beneficiam a nossa individualidade. De uma forma geral,
o ser humano corre para o prazer e foge do sofrimento,
não percebendo que este ato é o caminho do próprio
sofrimento. É como o peixe que corre atrás da isca para
se alimentar e não vê o anzol escondido pelo pescador.
Para chegarmos ao reino da paz teremos que abdicar
destas ilusórias satisfações individuais, construindo em
nós a serenidade robusta que nos oferta a “vigilância”
constante de nossos pensamentos e a estabilização
perante a tentação interna dos impulsos desejosos.
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