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por Bruno Abreu

 

Paz, sem a criar, é impossível!


Nós falamos em paz, em amor, em harmonia, mas na realidade são estados de espírito que ainda não temos vontade de manter.

Tudo na vida é uma conquista, temos que agir de determinada forma para obtermos o que fica no fim de nossas ações, como recompensa ou distúrbio.

A Lei ação e reação explica-nos que raramente existem ações neutras, todas elas nos trazem algo de volta, começando mesmo no pensamento, aliás, este é a raiz da ação, tudo é criado aí.

A paz e o amor na verdade funcionam como uma consequência. Não existe a hipótese de irmos buscá-los diretamente como no final de uma ação, embora nós pensemos e ajamos desta forma, enganando-nos a nós próprios, que temos de construir a paz, que temos de aprender a amar. Estes dois estados de espírito são como as flores de uma planta, por exemplo a Rosa: eu não chego à Rosa diretamente, esta aparece espontaneamente com as condições indicadas ao desabrochar da flor. Primeiro tenho que arranjar a terra em um vaso ou num jardim, depois planto, todos os dias rego, cuido, coloco um pouco de substrato e ela crescerá; na altura certa o botão nascerá e  desabrochará apresentando toda a sua beleza.

A humanidade vive em desarmonia praticamente desde que existe. Hoje podemos ver através das guerras, o estado das nações, a separação que foi criada com as nacionalidades, as igrejas e continuaria aí, por uma lista enorme, onde cabe o clubismo, a etnia etc..

Nas próprias casas, entre a família, existem choques e atritos, muitos vivendo em ambientes quase idênticos às guerras, no que toca ao ódio e à raiva.

Se nós olharmos para uma guerra: onde podemos ver a raiz do que está a acontecer? Será nas diferentes ideologias e desejos? Diferentes formas de estar no mundo alicerçadas no egoísmo e no orgulho comunitário?

Se nós olharmos para as pessoas individualmente, será que veremos algo de diferente? Ou a nossa base é a base da sociedade, seja em que ponto for do planeta?

Poderemos mudar os objetos do desejo, as filosofias dos ideais, as igrejas, a rigidez da forma de estar, mas a raiz é a mesma e, como tal, o destino é o mesmo, agressividade mais ou menos violenta, a falta de paz, a falta de amor, o sofrimento, as coisas negativas que existem na Terra, pois estas não são criadas por Deus nem pela Natureza.

Por que não conseguimos viver em paz?

Como falei acima, a paz é uma “consequência”, um estado natural como, por exemplo, a saúde. Não é a saúde uma ausência de doença? Este termo foi criado para quando não tivermos qualquer doença, pois, quando esta última existe, não temos saúde. Quando curamos a enfermidade, voltamos a ter saúde. Se não existisse qualquer doença na Terra que pudesse molestar o ser humano, também não precisaríamos do termo que demonstra a ausência desta, ou seja, “Saúde”.

A paz não pode ser construída diretamente; os seus  caminhos são os de abstinência. Para estarmos em paz, falo daquela que é um estado de espírito harmonioso, temos que nos abdicar da agressividade, do ódio, do orgulho, do egoísmo, de uma forma geral, de tudo o que é negativo, e aí teremos a paz e compreenderemos o Amor.

A Paz e o Amor são termos utilizados para a inexistência destes males humanos que nos levam ao caminho da desarmonia individual e coletiva. Quando aparece uma destas emoções ou estados humanos, simplesmente desaparece a paz e o amor, por isso, “os Iluminados”, independentemente da religião e da doutrina, nos dizem que nós já temos a “luz”, que nós somos a “luz”, apenas a afastamos de nós.

Por que não queremos viver em paz?

Os atos negativos criados pela humanidade são um desejo nosso, que nos traz as recompensas que tanto desejamos. O Egoísmo leva-nos a melhorar a nossa condição terrena material através do acúmulo de coisas e dinheiro; o orgulho leva-nos a valorizar o ser terreno que nos dá imenso prazer, e estas são as maiores chagas, que se revestem de muitas formas. Mas existem outras que se apresentam também das mais diversas maneiras e que beneficiam a nossa individualidade. De uma forma geral, o ser humano corre para o prazer e foge do sofrimento, não percebendo que este ato é o caminho do próprio sofrimento. É como o peixe que corre atrás da isca para se alimentar e não vê o anzol escondido pelo pescador.

Para chegarmos ao reino da paz teremos que abdicar destas ilusórias satisfações individuais, construindo em nós a serenidade robusta que nos oferta a “vigilância” constante de nossos pensamentos e a estabilização perante a tentação interna dos impulsos desejosos.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita