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por Marcos Paulo de Oliveira Santos

 

O óbolo da viúva


O óbolo da viúva é passagem evangélica bastante fecunda e que nos insta a profundas reflexões. Antes de adentrarmos em pormenores, vejamos a narrativa:

“Levantando os olhos, viu os ricos colocando as suas ofertas no gazofilácio. Viu também uma viúva pobre colocando ali dois leptos, e disse: Verdadeiramente vos digo que esta viúva pobre colocou mais do que todos. Pois todos eles colocaram do que lhes está sobrando nas {caixas} de ofertas; ela, porém, das {coisas} que lhe faltam, colocou tudo quanto tinha {para} o seu sustento” (M, 12:41-44).

O texto tem duas palavras que demandam esclarecimentos. A primeira é gazofilácio, que diz respeito a uma “caixa de tesouro; caixa de ofertas no templo”, era uma caixa específica para receber doações no templo de Jerusalém. A segunda é leptos, que era a menor das moedas judaicas; valia muito pouco.

Feitas essas breves elucidações, vamos aos apontamentos.

Doar algo material é prática comum no decurso da história humana. Jesus, porém, ressignificou o gesto e demonstrou que esta doação deve ser sincera; desprovida de qualquer interesse mesquinho.

E foi além ao estabelecer que a caridade pode transcender o aspecto material, o que o Espiritismo chamou de caridade moral. Esta consiste em doar as nossas virtudes em favor de alguém. À guisa de exemplo podemos apontar a paciência que se deve ter no processo educativo de alguém; a bondade no cuidado com os idosos; a humildade em não revidar um gesto violento etc.

No que tange ao texto, Jesus chama atenção ao fato de se sacrificar em prol de alguém, sem qualquer laivo doentio: é o sacrifício mais agradável a Deus. É por este motivo que Ele diz: “(...) colocou tudo quanto tinha para o seu sustento”, diferentemente dos demais que doavam do que lhes abundava.

Renunciar certos momentos de alegria ou de prazer para se dedicar ao próximo. Esta é a mensagem de O óbolo da viúva.

É gratificante ver, no período natalino, as diversas doações que têm por escopo diminuir os sofrimentos alheios. São louváveis! Porém, por que não fazemos dos gestos natalinos práticas de todo o ano? Por que não fazemos doações materiais e, principalmente, morais, quando estamos fora do período mágico do Natal?

Doar-se é um gesto de amor, de caridade, de aprimoramento espiritual e exige renúncia, sacrifício, disciplina.

Que esta passagem da pobre viúva permaneça em nossa tela mental no decurso de nossas vidas e que sempre consigamos nos lembrar do próximo, a fim de chegarmos mais rapidamente ao verdadeiro Reino de Paz e Prosperidade.

 

Referência:

DIAS, Haroldo Dutra (Trad.). O novo testamento. 1. ed. Brasília: FEB, 2013.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita