Perdoar, por quê?
Diz o ditado que as três coisas mais difíceis do mundo
são: guardar um segredo, aproveitar o tempo e perdoar
uma ofensa. E recomenda também que escrevamos as ofensas
na areia e os benefícios no mármore.
A lei da caridade, que é a sublimação do amor, abre
amplo campo de ação às pessoas. A esmola pode ser
considerada uma delas, talvez a mais fácil, talvez até a
mais necessária a quem recebe. E dentro do campo do amor
temos a prática da caridade moral, a intelectual e a
espiritual.
Importa também praticar a paciência e o perdão, que faz
com que a alma cresça e se eleve espiritualmente.
As dificuldades que encontramos em certos
relacionamentos de hoje estão muitas vezes vinculadas ao
passado, portanto, muitas angústias que sofremos podem
ser uma colheita de desentendimentos que semeamos ontem
– por falta de paciência, por incapacidade de perdão.
Mas não é só para não viver angústias amanhã que devemos
perdoar e ter paciência com nossos semelhantes hoje: a
própria atitude paciente e o gesto de oferecer perdão
fazem com que nos sintamos melhores agora, nos
fortalecendo na fé e na busca de um caminho melhor, se o
estamos escolhendo.
Paciência: não agir com precipitação, usar do tempo para
melhor julgar e agir.
Perdão: deixar para trás o que nos faz mal, cortar os
laços com o infortúnio, com quaisquer tipos de prejuízo.
Quanto à lei de Talião, embora absurda e abominável a
nossos olhos, era uma necessidade daquela época em que o
homem era bárbaro, época em que o homem tinha muito
pouca consciência do que era Amor e Respeito, quando não
existia uma legislação apropriada para coibir os abusos
contra o semelhante, que só eram contidos pelo medo dos
castigos, tão ou mais horríveis que o ato praticado.
Foi essa uma das grandes razões da vinda de Jesus ao
nosso planeta, para trazer o Código Divino aos nossos
corações. Uma das partes mais lindas de sua missão foi
justamente mudar a concepção de um Deus tão bárbaro e
vingativo quanto o homem.
E Cristo ensinou sobre um Deus justo, mas infinitamente
bom. Disciplinador, mas infinitamente misericordioso. Um
Deus que não perdoa nem castiga, mas que deixa ao
livre-arbítrio de cada um a responsabilidade de suas
atitudes e o aprendizado que elas possam trazer, através
de suas consequências. Deus é gentil, acolhedor, sábio e
amoroso.
Sejam os nossos pensamentos, palavras, gestos e atitudes
as ações que promovam a diferença na existência daqueles
que venham a conviver conosco.
Na vida aprendemos que aquilo que vai hoje retorna
amanhã, e o caminho para ser melhor, gozar de saúde, ter
paz e ser feliz é realmente fazendo o bem em nosso dia a
dia.
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é diretor da Editora
EME.
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