A felicidade é possível e se constrói no dia a dia pelo
esforço continuado
Experimentamos momentos decisivos a cada instante da
vida. Não podemos esperar outro clima de luta, nem outro
lugar de batalha, senão aquele com o qual nos
defrontamos, resultado das nossas realizações do
presente e do passado. "O problema da felicidade pessoal
nunca será resolvido pela fuga ao processo
reparador."[1]
Não podemos esquecer que a Terra é um mundo de expiações
e provas. Por isso, a felicidade total não se encontra
aqui no Planeta, mas em mundos mais evoluídos. Em nosso
Orbe a felicidade é relativa, consoante diz o item 20,
capítulo V (Bem-aventurados os aflitos), em "O Evangelho
segundo o Espiritismo".[2]
A felicidade depende, exclusivamente, de cada criatura.
Brota da sua intimidade, depende de seu interior, como
ensinou o doce Mestre Galileu: "o reino dos céus está
dentro de vós".[3] Portanto, a verdadeira felicidade
reside na conquista dos tesouros imperecíveis da alma.
A felicidade se expressa no bem que se faz ao próximo.
Quando o "eu" egoísta de cada ser tiver cedido lugar ao
amor pelo seu semelhante, iremos presenciar uma
comunidade equilibrada, harmônica e feliz. "A alegria de
fazer feliz é a felicidade em forma de alegria."[4]
Segundo Joanna de Ângelis, "depois da Segunda Guerra
Mundial o existencialismo reconduziu o homem à caverna,
fazendo-o mergulhar nos subterrâneos das grandes
metrópoles e ali, entregando-se à fuga da consciência e
da razão pelo prazer, numa atitude de desconsideração
pela vida, alucinado pelo gozo imediato".[5]
"O estágio atual de evolução espiritual média do ser
humano não lhe garante ausência total de sentimentos de
ódio, inveja, rancor, egoísmo e de atitudes compatíveis
com esses sentimentos."[6]
Cremos que as teorias atuais sobre o bem-estar em
Psicologia e Economia estão, ainda, a desejar. Urge que
novas propostas teóricas interpretem a felicidade em
termos de valores mais duradouros. Tais dados
comprovarão a assertiva dos Espíritos e do Evangelho de
que os bens materiais não trazem felicidade. A
felicidade não é resultante de privilégios biogenéticos
e de personalidade, nem mesmo pode ser adquirida pela
obtenção de um bem de consumo.
Desfrutamos de uma realidade tecnológica que, num
passado recente, era impossível imaginarmos, exceto nos
filmes de ficção. Recordo-me do início da década de 70,
quando não havia como pensar em fornos de micro-ondas,
telefones celulares, microcomputadores, cartões
magnéticos e, principalmente, a Internet. No entanto,
atualmente, são recursos comuns.
Cremos que os pequeninos sacrifícios em família formam a
base da felicidade no lar. O Professor da Universidade
da Virgínia (EUA), Jonathan Haidt, em seu livro "The
Happiness Hypothesis", escreveu: "a família e os amigos
são mais relevantes do que o dinheiro e a beleza. Uma
condição que nos torna felizes é a capacidade de nos
relacionarmos e estabelecermos laços com os demais".[7]
O Espiritismo nos dá suporte moral e outras diversas
motivações, revelando-nos a imortalidade, a reencarnação
e a lei de causa e efeito. Explica-nos que a felicidade
é possível e que se constrói no dia a dia pelo esforço
continuado, fortalecendo-nos para a luta contra as
nossas tendências inferiores.
Desenvolvamos, pois, o hábito de colocar espiritualidade
em nossa vida. Aprendamos a observar o mundo pela ótica
do espírito e sejamos felizes, compreendendo a vida como
um dom de Deus.
Referências bibliográficas:
[1] Xavier, Francisco Cândido. Fonte Viva, ditado
pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB;
[2] Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo,
RJ: Ed FEB, 2003, item 20, Cap. V;
[3] Lucas, 17:20-21;
[4] Franco, Divaldo Pereira. Estudos Espíritas–
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, RJ: ED FEB,
1971;
[5] idem;
[6] Jornal Mundo Espírita – Jan/1998/artigo de Nilson
Ricetti Xavier Nazareno;
[7] Martin Seligman, de 61 anos, professor da
Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e
também ex-presidente da Associação Americana de
Psicologia.
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