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por Raul de Mello Franco Jr.

 

Saúde preventiva


Em busca do equilíbrio do corpo e da alma


O mundo desperta para a realidade da estreita interação entre saúde e espiritualidade.  As mídias eletrônicas e as redes sociais propagam, todos os dias, a importância da prece, da irradiação de energia pelas mãos, da meditação, da alimentação saudável, dos recursos regeneradores da natureza. O homem moderno vai descobrindo que espiritualidade não está, necessariamente, vinculada a uma religião e que o equilíbrio ou o desequilíbrio da dualidade espírito-matéria é o contrapeso da balança de saúde ou doença.

A doutrina espírita, em especial, está repleta de lições de alerta, a evidenciar que a quase totalidade das doenças nasce de nossos excessos, abraça o nosso campo energético e vibracional e se consolida em quadro mórbido que não se restringe ao corpo físico.

Neste cenário, parece mesmo inacreditável que pessoas com razoáveis conhecimentos doutrinários imprimam um estilo de vida, de clara imprudência, como se a cabedal dos ensinamentos que dominam não passasse de um monumento à razão pura, a dispensar ações concretas e a luz divina.  

As obras de André Luiz nos trazem magníficas ilustrações dessa triste realidade. Em Missionários da Luz, André e outros Espíritos visitam uma sessão de serviço mediúnico. O que relatam, portanto, aconteceu no interior de uma casa espírita, na abertura dos trabalhos de psicografia. Chama-lhes a atenção a pessoa de um rapaz que, de lápis em punho, esperava por uma comunicação. Embora a epífise registrasse pequena atividade, o aparelho genital estava em convulsão. André identifica aluviões de corpúsculos negros de espantosa mobilidade, que formavam colônias nas vesículas seminais, na próstata e na uretra do rapaz, travando guerra com as células sexuais. Alexandre, o seu instrutor, explica: “são bacilos psíquicos da tortura sexual, produzidos pela febre de prazeres inferiores”. São desconhecidos pela medicina humana. As “larvas” (denominação genérica utilizada por Alexandre) eram cultivadas pelo próprio indivíduo, cuja vida sexual era desregrada. Entidades grosseiras o acompanhavam, produzindo aquela contaminação. Tratava-se de trabalhador que, embora médium e conhecedor da doutrina espírita, acreditava que o sexo nada tinha a ver com espiritualidade e agia como se a alma fosse absolutamente separada do corpo físico.

Descreveram, ainda na mesma sessão, um cavalheiro (outro médium) cujo aparelho gastrointestinal estava ensopado em aguardente. O fígado enorme, o baço com atividade estranha e os rins com dinâmica extenuante eram apenas a parte visível, da estrutura material, do que se passava no campo espiritual: completo desequilíbrio dos centros vitais. Uma senhora (outra médium) apresentava o aparelho digestivo inundado por pastas de carne e gordura, cheirando a vinagre. Corpúsculos semelhantes a lesmas famintas e vorazes atacavam e destruíam os sucos gástricos. Sofria as consequências dos excessos alimentares que, por sua vez, desequilibravam todo o seu psiquismo.

Os excessos do sexo, do alcoolismo ou da gula são apenas alguns exemplos do quanto muitos de nós mesmos, espíritas, ainda permanecemos longe de transformar conhecimento em saúde do corpo e do espírito. Matéria e espírito não podem ser encarados como unidades estanques e dissociadas se, no curso da jornada encarnatória, sequer é possível traçar a linha divisória perfeita entre um campo e outro. Todo excesso do corpo é desperdício de forças da alma. Cada descuido na nossa viagem de adestramento, mergulhados na matéria, gera consequências que se amontoam nos nossos corredores de sofrimento. O sexo equilibrado, o aperitivo, a refeição bem escolhida ou preparada não são desvios, lembra Alexandre. Todavia, se perdemos o senso da ponderação e do equilíbrio, descambamos por desfiladeiros de dor que, sem razão, iremos tributar ao acaso, à má-sorte, à herança genética ou mesmo a resgates inadiáveis de erros cometidos em encarnações passadas. Não é bem por aí. Quase todas as nossas doenças são produzidas pelos nossos descuidos, comodismos, falta de disciplina alimentar ou de cuidados com o corpo e com o espírito. As transformações que geram saúde não acontecem em episódios instantâneos. Supõem autoconhecimento, persistência, renúncia ao prazer sem rédeas ou às excessivas facilidades do mundo moderno. “A consciência traça o destino, o corpo reflete a alma”, nos ensina André Luiz (Entre a Terra e o Céu).

Podemos concluir, nesta linha, que a saúde preventiva germina nas conquistas do Espírito para, só mais tarde, desabrochar no bem-estar que inclui a higidez do corpo físico, embora nos abra horizontes para caminhar para muito além dela.


 


O autor é Promotor de Justiça, Professor Universitário, Mestre e Doutor em Direito. É estudioso e divulgador da Medicina Holística e dos meios naturais de promoção e recuperação da saúde.


 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita