Em busca do equilíbrio do
corpo e da alma
O mundo desperta para a realidade da estreita
interação entre saúde e espiritualidade. As mídias
eletrônicas e as redes sociais propagam, todos os
dias, a importância da prece, da irradiação de
energia pelas mãos, da meditação, da alimentação
saudável, dos recursos regeneradores da natureza. O
homem moderno vai descobrindo que espiritualidade
não está, necessariamente, vinculada a uma religião
e que o equilíbrio ou o desequilíbrio da dualidade
espírito-matéria é o contrapeso da balança de saúde
ou doença.
A doutrina espírita, em especial, está repleta de
lições de alerta, a evidenciar que a quase
totalidade das doenças nasce de nossos excessos,
abraça o nosso campo energético e vibracional e se
consolida em quadro mórbido que não se restringe ao
corpo físico.
Neste cenário, parece mesmo inacreditável que
pessoas com razoáveis conhecimentos doutrinários
imprimam um estilo de vida, de clara imprudência,
como se a cabedal dos ensinamentos que dominam não
passasse de um monumento à razão pura, a dispensar
ações concretas e a luz divina.
As obras de André Luiz nos trazem magníficas
ilustrações dessa triste realidade. Em Missionários
da Luz, André e outros Espíritos visitam uma sessão
de serviço mediúnico. O que relatam, portanto,
aconteceu no interior de uma casa espírita, na
abertura dos trabalhos de psicografia. Chama-lhes a
atenção a pessoa de um rapaz que, de lápis em punho,
esperava por uma comunicação. Embora a epífise
registrasse pequena atividade, o aparelho genital
estava em convulsão. André identifica aluviões de
corpúsculos negros de espantosa mobilidade, que
formavam colônias nas vesículas seminais, na
próstata e na uretra do rapaz, travando guerra com
as células sexuais. Alexandre, o seu instrutor,
explica: “são bacilos psíquicos da tortura sexual,
produzidos pela febre de prazeres inferiores”. São
desconhecidos pela medicina humana. As “larvas”
(denominação genérica utilizada por Alexandre) eram
cultivadas pelo próprio indivíduo, cuja vida sexual
era desregrada. Entidades grosseiras o acompanhavam,
produzindo aquela contaminação. Tratava-se de
trabalhador que, embora médium e conhecedor da
doutrina espírita, acreditava que o sexo nada tinha
a ver com espiritualidade e agia como se a alma
fosse absolutamente separada do corpo físico.
Descreveram, ainda na mesma sessão, um cavalheiro
(outro médium) cujo aparelho gastrointestinal estava
ensopado em aguardente. O fígado enorme, o baço com
atividade estranha e os rins com dinâmica extenuante
eram apenas a parte visível, da estrutura material,
do que se passava no campo espiritual: completo
desequilíbrio dos centros vitais. Uma senhora (outra
médium) apresentava o aparelho digestivo inundado
por pastas de carne e gordura, cheirando a vinagre.
Corpúsculos semelhantes a lesmas famintas e vorazes
atacavam e destruíam os sucos gástricos. Sofria as
consequências dos excessos alimentares que, por sua
vez, desequilibravam todo o seu psiquismo.
Os excessos do sexo, do alcoolismo ou da gula são
apenas alguns exemplos do quanto muitos de nós
mesmos, espíritas, ainda permanecemos longe de
transformar conhecimento em saúde do corpo e do
espírito. Matéria e espírito não podem ser encarados
como unidades estanques e dissociadas se, no curso
da jornada encarnatória, sequer é possível traçar a
linha divisória perfeita entre um campo e outro.
Todo excesso do corpo é desperdício de forças da
alma. Cada descuido na nossa viagem de adestramento,
mergulhados na matéria, gera consequências que se
amontoam nos nossos corredores de sofrimento. O sexo
equilibrado, o aperitivo, a refeição bem escolhida
ou preparada não são desvios, lembra Alexandre.
Todavia, se perdemos o senso da ponderação e do
equilíbrio, descambamos por desfiladeiros de dor
que, sem razão, iremos tributar ao acaso, à
má-sorte, à herança genética ou mesmo a resgates
inadiáveis de erros cometidos em encarnações
passadas. Não é bem por aí. Quase todas as nossas
doenças são produzidas pelos nossos descuidos,
comodismos, falta de disciplina alimentar ou de
cuidados com o corpo e com o espírito. As
transformações que geram saúde não acontecem em
episódios instantâneos. Supõem autoconhecimento,
persistência, renúncia ao prazer sem rédeas ou às
excessivas facilidades do mundo moderno. “A
consciência traça o destino, o corpo reflete a
alma”, nos ensina André Luiz (Entre a Terra e o
Céu).
Podemos concluir, nesta linha, que a saúde
preventiva germina nas conquistas do Espírito para,
só mais tarde, desabrochar no bem-estar que inclui a
higidez do corpo físico, embora nos abra horizontes
para caminhar para muito além dela.