Cores das almas
Nos idos dos belos anos 1970-80, meu esposo e eu éramos
assíduos frequentadores de um programa ao vivo na TV
Bandeirantes, às terças-feiras, com o médium pintor Luiz
Antonio Gasparetto. Penso que Gasparetto foi bastante
conhecido para muitos no Brasil, por conta dos fenômenos
que com a presença dele aconteciam em público, trazendo
a confirmação da imortalidade da alma, graças à ação
realizada por diversos pintores desencarnados. Obras de
arte nasciam no palco, com as duas mãos traçando figuras
invertidas em duas telas ao mesmo tempo. Pintores de
diferentes épocas e estilos totalmente diversos ali
presentes entre todos nós. Atração nacional,
internacional, lotava-se o teatro da TV Bandeirantes.
Audiência respeitosa, silenciosa e atenta. Lá estávamos
nós, meu doce Luiz e eu.
Amo a arte. Por décadas fiz exposições em várias
galerias do Brasil e do exterior, aprendi ou reaprendi
as técnicas etc., mas jamais cheguei perto do que
observava sair das telas em poucos minutos sob as mãos
dos Espíritos pelas nas mãos de Gasparetto.
Os anos passaram. Meu esposo retornou à pátria
espiritual. Filhos casaram. Netos chegaram. Cresceram.
Mudei de país. Emigrei para minha amada Inglaterra, que
já fazia parte dos meus sonhos de criança e saudades de
um passado remoto, desde os meus 4 anos de idade.
Alguns anos atrás, tomei conhecimento, por meio de
amigos, sobre um jovem médium pintor desconhecido à
época. Silencioso, quase tímido, nos seus vinte e poucos
anos…
Em UK, coloco-me imersa nas tarefas junto ao Conselho
Espírita Internacional, mais de perto do movimento
europeu e britânico e anos e anos novamente correram
rápido no calendário da vida.
Há três anos, tive a alegria de conhecer pessoalmente o
jovem pintor mencionado acima: Florêncio Reverendo Anton
Neto, mais conhecido por Florêncio Anton. Continua
jovem, pois tem a idade de meu filho Daniel Rossi,
fundador e diretor da ONG Instituto Multiirão em
Curitiba, dedicada ao apoio a crianças e jovens.
Por situações que às vezes não há como explicar, em
2017, Florêncio esteve em Curitiba, visitou nossa ONG
Instituto Multiirão, fez um evento beneficente para nos
apoiar lá, pois Florêncio atende em Salvador uma ONG
coirmã da nossa em Curitiba. Florêncio fundou há muitos
anos o Grupo Espírita Scheilla e a Comunidade Maria de
Nazaré, para apoio a jovens e famílias carentes da
comunidade onde reside. Podemos dizer que, se o
Multiirão estivesse em Salvador, estaria exatamente nos
mesmos moldes do Maria de Nazaré. Isso é o que somos em
Curitiba. Situadas em comunidades carentes, ambas as
ONGs atendem famílias, crianças e jovens em situação de
risco. Muitas famílias estão em situação de miséria.
Nossas ONGs, dentro dos critérios cabíveis, oferecem
cestas básicas mensais, cursos dignificando o ser
humano, como alfabetização, apoio de todas as formas com
fraternidade. Ensinar a pescar, e dar o peixe quando a
dor aperta.
Florêncio tem sua tarefa profissional diária nos cursos
que ministra, palestras públicas profissionais, já que é
enfermeiro com mestrado em tanatologia.
Para manutenção da obra social, os Espíritos oferecem à
venda os quadros lindos. Penso. Assim como os médiuns
escritores sérios vendem seus livros para manutenção de
diversas instituições espíritas não governamentais, os
médiuns pintores sérios também o fazem. Visando sempre
ao atendimento ao carente, com dignidade e afeto.
Brasileiros espalham carinho e amor, quando estão de
mãos dadas com Jesus. Brasileiros espíritas têm
conhecimento de que fora da caridade não há salvação.
Há ainda muita teoria sem a prática... Graças a Deus,
estamos engajados nas duas estradas há mais de 43 anos.
Assim, a vinda de Florêncio Anton à Europa, ocorrida
neste início de ano, merece a nossa gratidão, visto que
pudemos colaborar com “algo” inusitado. Presença de
britânicos em bom número, que desconheciam a Filosofia
Espírita e passaram a conhecê-la por meio das palestras
de Florêncio, com tradução de Anne Sinclair e Silvia
Gibbons. Nossas queridas foram a voz em inglês de
Florêncio para os britânicos. As demonstrações da
imortalidade da alma, o carisma, a simplicidade, a
alegria das cores, e o objetivo da renda, com a venda
dos quadros, deixaram muitos corações britânicos
iluminados, despertados. Interesses nos contatos em vir
aos grupos de Bournemouth e Maidenhead para conhecerem
um pouco mais dessa filosofia espiritualista. Aliás, o
que aproxima os espiritualistas de nós, os primos mais
próximos, é a crença no Espírito.
Assim, se posso dizer algo sobre avaliação, digo que, em
estando nos dois eventos fora de Londres, ajudando na
mesa, tive a oportunidade de ouvir Renoir me ensinar a
mistura de cores; de ver na tela duas cores correrem
juntas lado a lado sem se misturarem; de ver pincéis
serem usados em cores diferentes sem alterar a nuance;
de sentir a vibração de pintores diferentes, ora um
conversando comigo em inglês, ora outro em francês.
Muito atenta fiquei nessa experiência única que tive
oportunidade de vivenciar em dois dias por estar à mesa.
E por estar participando no todo, observando as faces
dos ingleses, conversando com eles, sentindo a alegria
em estar num evento jamais visto antes por eles, me foi
deveras instrutivo.
Uma reportagem na revista Psychic News do mês de
fevereiro/19 trouxe completa informação sobre a Pintura
Mediúnica com Florêncio Anton. Como disse nosso querido
Divaldo Franco, os espiritualistas são nossos primos
mais próximos.
Se posso falar em avaliação, sem julgamentos que não
sejam o de somar, de unir, de divulgar, posso avaliar em
nota MIL essa experiência, que talvez esteja faltando em
locais onde ainda as mesas girantes precisariam estar…
Ou alguns se sentem na posição de juízes sem
conhecimento.
Foi assim que tudo começou. Se não fossem tantos
julgamentos sem procedência, é assim que ainda se
poderia fazer muito mais, seja aqui, seja nas terras de
além-mar.
Elsa Rossi, escritora e palestrante
espírita, brasileira radicada em Londres, é membro da
Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI)
e coordenadora da BUSS-British Union of Spiritist
Societies.
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