Caminhos da vitória
“Sou o grande médico das almas, e venho vos trazer o
remédio que deve curá-las; os fracos, os sofredores e os
doentes são meus filhos prediletos e venho salvá-los.
Vinde, pois a mim, todos vós que sofreis e estais
sobrecarregados, e sereis aliviados e consolados.” – O
Espírito de Verdade (O Evangelho segundo o
Espiritismo, capítulo VI.)
Os grandes Espíritos se revelam em sua trajetória
humana. Temos visto e conhecido muitos ao longo do
tempo. Pessoas que estão em provações imensas, que dão
exemplos de superação. Vencem acidentes vasculares
cerebrais, que os prostraram em leitos, fazem
fisioterapia e se recuperam, de modo incrível. Vencem
cânceres, dando mostra de coragem, mesmo quando tudo
parece conspirar contra eles. Estão paralisados muitos
em cadeiras de rodas e sorriem e seguem; outros, na
cegueira, outros em provações diversas seguem firmes.
Há pouco tempo conversamos com uma senhora cadeirante,
com um humor incrível, que nos revelou que muitas
pessoas, ao verem sua disposição de ânimo, já lhe
disseram que ela é tão feliz que não sabe o que é
sofrer. Ela disse que essas pessoas que assim lhe falam
não sabem o que dizem e o que ela passa, portanto, ela
segue em frente, sem se preocupar com o que lhe falam.
Ela nos fez lembrar de Jerônimo Mendonça, “o gigante
deitado”. Também ele era um ser que educava os demais
através de seu exemplo. Consta no livro que tem esse
apelido referido, “O Gigante Deitado”, uma história de
que um homem muito rico, que tinha perdido todos os bens
materiais e que por isso estava em falência moral, o foi
procurar em Ituiutaba, Minas Gerais, sua cidade natal.
Ao ouvir as risadas do Jerônimo, imaginou que havia
perdido seu tempo indo procurá-lo, pois ele era muito
feliz e, assim, não sabia o que era sofrer.
O homem estava cego em seu egoísmo. Foi preciso o
Jerônimo despertá-lo.
Jerônimo lhe perguntou, se ele pudesse receber seus bens
de volta, se estaria disposto a dar em troca seus olhos.
O homem achou isso um absurdo. Os olhos são muito
preciosos. Um braço, então... Outro absurdo, uma
loucura, no entender do homem. Uma perna, então, em
troca dos bens... Outro absurdo. Pois bem – disse-lhe
Jerônimo – era ele então um homem bem-aventurado, pois
tinha olhos que podiam ver, braços e pernas que
funcionavam, e queria morrer por perder seus bens
materiais? Pois se não estava disposto a dar nenhum
deles em troca dos bens, como acabar então com a própria
vida por isso? O homem despertou. Jerônimo não tinha
nada disso. Era cego, braços e pernas paralisados,
imóvel no leito, uma cama ortopédica, e ria… Aquele que
fora rico e tudo perdera modificou sua vida. Tornou-se
um servidor do bem.
O Espiritismo dá coragem, é libertador, mas nem sempre
os exemplos de superação que observamos estão nas
fileiras do Espiritismo. A bem da verdade, a grande
maioria não está. E conseguem ser modelos para os
demais. Modelos de força e de coragem. Imaginamos quão
mais poderiam fazer se tivessem o coração movido pela
esperança de que todos os sofrimentos são passageiros e
que caminharão para a vitória sobre si mesmos na
vivência da resignação! Temos, no entanto, a certeza de
que estão com essa mensagem impressa em seu interior, de
que são modelos vivos para os homens, pois sabem
exemplificar bem!
Jerônimo, com sua inteligência e capacidade brilhantes,
obtinha sua força e coragem no conhecimento espírita.
Sabia que suas dores eram temporárias e que, no final,
quando libertado do corpo físico cheio de dificuldades,
seu Espírito planaria livre de todas as adversidades.
Foi o que ocorreu. Vencida a dor, eis que o Espírito se
tornou a luz que ele próprio edificou em sua marcha de
exemplificação, de resignação e fé!
Assim caminha a humanidade. De aprendizado em
aprendizado vamos nos tornando melhores em cada etapa,
em cada reencarnação.
Vemos, em “O Livro dos Espíritos”, na questão 167, a
pergunta de Allan Kardec aos Espíritos: Qual é a
finalidade da reencarnação? E a resposta curta e lúcida:
- Expiação, melhoramento progressivo da humanidade. Sem
isso, onde estaria a justiça?
Na subsequente, 168, pergunta ele se o número das
existências corpóreas é limitado, ou se o Espírito se
reencarna perpetuamente. Os Espíritos respondem que a
cada nova existência o Espírito dá um passo na senda do
progresso; e quando se despojou de todas as impurezas,
não precisa mais das provas da vida corpórea.
Felizes são os que passam suas provações com resignação
e fé, com amor a Deus, apesar de suas dores! São
exemplos para quem os observa. São dignos de admiração.
São aqueles que hoje mostram a superação em todos os
níveis, com muita coragem. Estão edificando um reino de
paz para si mesmos e mostrando aos outros o poder da
vontade firme. São anônimos na multidão, ou são esses
atletas maravilhosos que demonstram que estão vivos!
Quantos há que se entregam ao desânimo, à depressão, por
lhes faltar a coragem precisa na hora do testemunho?
Precisariam atentar mais nos modelos, como o homem
falido que foi procurar o Jerônimo e se modificou. Os
modelos estão por aí. Atentemos. Podem estar ao nosso
lado.
O modelo maior de todos nós é Jesus. Exemplificou até o
final e, além da morte, voltando para os companheiros
aflitos, demonstrou a eles que a morte não é o fim, mas
sim a libertação e a volta à realidade, à vida imortal
do Espírito livre.
Confiemos e sigamos com coragem. Jesus está conosco.
Caminhemos intimoratos para a vitória! Confiemos e
sigamos resignados ante todas as provações, pois essas
hão de passar! Continuemos a oração da vida bem vivida
com amor a Deus e ao próximo, não importam quais sejam
as condições em que nos encontremos.
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