Chico
Xavier,
você
é
uma
planta
muito
fraca
“A
verdade
sempre
aparece,
com,
sem
e
apesar
dos
que,
voluntária
ou
involuntariamente,
vedam
os
próprios
olhos
e se
fingem
de
cegos.”
(Pedro
Camilo)
Não
estranhe,
caro
leitor,
a
afirmação
constante
do
título.
Mas,
não
fomos
nós
que
dissemos
isso,
sabe
quem?
Foi
Emmanuel.
Leiamos
da
obra A
Fascinante
História
de
Chico
Xavier o
seguinte
trecho:
[…] No
decorrer
do
processo
movido
pela
família
de
Humberto
de
Campos,
Chico,
então
com
34
anos,
temeu
muito
com
a
possibilidade
de
ser
preso. Após
receber
uma
convocação
para
depor,
ele entrou
em
pânico e
rogou
a
Deus
que
o
protegesse,
chegando
até
a
pedir
que,
se
tivesse
de
ficar
preso,
que
fosse
em
Belo
Horizonte,
e
não
no
Rio
de
Janeiro,
pois
julgava
que,
na
primeira
cidade,
o
povo
já o
conhecia
e
ele
seria
mais
bem
tratado.
Emmanuel, vendo
o
desespero
de
Chico,
asseverou: “Meu
filho,
você
é
uma
planta
muito
fraca
para
suportar
a
força
das
ventanias…
Tem
ainda
muito
que
lutar
para
um
dia
merecer
ser
preso
e
morrer
pelo
Cristo”.
Chico
entendeu
o
recado
e se
acalmou
um
pouco
no
decorrer
do
processo. [1] (grifo
nosso)
Ora,
aqui
vemos
um
Chico
Xavier
sentindo
medo
diante
da
possibilidade
de
ser
preso,
atitude
própria
de
qualquer
homem
comum,
numa
situação
semelhante.
Ao
dizer
“você
é
uma
planta
muito
fraca
para
suportar
a
força
das
ventanias…”,
Emmanuel
caracteriza
seu
protegido
como
uma
pessoa
ainda
carente
de
fortaleza
moral
e
quiçá
ainda
longe
da
fé
que
transporta
montanhas,
para
estar
em
condições
de
se
sacrificar
pelo
Cristo.
Na
mensagem
“Um
adeus”,
em Cartas
de
Uma
Morta,
a
mãe
de
Chico
Xavier,
entre
várias
coisas
lhe
diz:
Nós
sabemos
o
quanto
tens
sofrido
no
cumprimento
dos
teus
deveres
mediúnicos.
Sacrifícios,
dificuldades
e
provações,
inclusive
os
espinhos
aguçados,
que
polvilham
as
tuas
estradas, tudo
isso
representa
o
meio
de
redenção que
a
magnanimidade
do
Senhor
nos
oferece
na
Terra,
para o
nosso
resgate
espiritual.
Suporta
pois
corajosamente,
com
serenidade
cristã,
os
revezes
da
tua
existência. [2] (grifo
nosso)
Não vemos sentido algum a justificativa dada por Maria
João de Deus ao filho dizendo-lhe que os sofrimentos,
dificuldades e provações são “para o nosso resgate
espiritual”, caso o médium fosse, de fato, um Espírito
evoluído.
No “Pinga-fogo” da TV Tupi, Chico Xavier narra o
episódio do avião, um caso inusitado acontecido com ele.
Vejamos o relato em Pinga-Fogo com Chico Xavier:
Em 1959, eu me dirigia de Uberaba, para onde eu me
transferira recentemente, para Belo Horizonte, junto da
qual está Pedro Leopoldo, a terra onde nasci na presente
reencarnação. Então, o avião decolou de Uberaba e fez
uma breve parada na cidade de Araxá. Depois, o avião
decolou de novo. Depois de uns dez minutos, o avião
começou a se inclinar para um lado, para outro. Às vezes
fazia assim uma pirueta, e o pessoal começou todo a
gritar e a pedir a Deus, pedir socorro. E eu estou ali
acompanhando… Veio o comandante do avião e disse que não
nos impressionássemos, que era um fenômeno chamado
“vento de cauda”, e que apenas chegaríamos um pouco mais
depressa. Mas algumas pessoas disseram: “Mais depressa
no outro mundo!”
Eu então comecei também a me impressionar, porque eu não
sei qual é o nome técnico da evolução que o aparelho
fazia; uma pessoa entendida em aeronáutica saberá
descrever o caso, dizendo os nomes em que um avião roda
de cabeça para baixo… E nós íamos e muita gente começou
a vomitar e a gritar, apertar o cinto, aqueles amigos
começaram a orar, senhoras começaram a fazer o terço… Eu
com muito respeito, mas quando vi aquela atmosfera, eu
comecei a gritar também. Eu falei assim: bem, todo mundo
está gritando, eu também vou gritar porque isto é a
hora da morte. Então comecei a gritar: “Valei-me, meu
Deus!” Comecei a pedir socorro, a misericórdia de Deus,
mas com fé, com escândalo, não é? mas com fé.
Então nisso, peço até permissão para dizer, que alguém
disse assim a um sacerdote católico que estava não muito
longe de mim: “O Chico Xavier está ali, ele é médium e é
espírita.” E esse sacerdote, com muita bondade, disse:
“Não, mas eu sei que o Chico tem pedido orações em
muitos documentos e o Chico está orando conosco no
terço.” Eu disse: “Graças a Deus, padre, eu também estou
orando.” Mas comecei a gritar: “Valei-me, meu Deus!”
Então, aí entra o Espírito de Emmanuel. (Parece
que é uma coisa de anedota, uma coisa de fantástico, mas
é a verdade…) Ele entrou no avião. Então, passou no meio
do pessoal e o pessoal não o via, como a maioria dos
nossos amigos naturalmente não está vendo a presença
dele aqui.
Então, ele me disse assim: “Por que é que você está
gritando? Eu escutei o seu pedido. O que é que há?”
Porque aquilo já tinha mais ou menos 20 minutos, não é?
Eu falei assim: “Bem, o senhor não acha que estamos em
perigo de vida?” Ele falou: “Estão. E o que é que há com
isso? Não tem muita gente em perigo de vida? Vocês não
são privilegiados, não é?” Eu falei assim: “Está bem,
se estamos em perigo de vida, eu vou gritar.” E
continuei gritando: “Valei-me, socorro, meu Deus!” E
o povo todo gritando socorro. Então, ele me disse: “Você
não acha melhor calar, parar com isso? Dar testemunho da
sua fé, da sua confiança na imortalidade?” Eu disse:
“Mas é a morte e nós estamos apavorados diante da
morte.” Ele falou assim: “Está bem, então você acha que
vai morrer.” Eu falei: “O senhor não acha que estamos em
perigo de vida?” Ele disse: “Estão.” Eu disse: “Está
bem, eu estou com muito medo, estou apavorado como todo
mundo, eu estou partilhando, eu também sou uma pessoa
humana, eu estou com medo também dessa hora e de morrer
nesse desastre.” Ele disse: “Está bem, então morra
com educação, cala a boca e morra com educação para
não afligir a cabeça dos outros com os seus gritos; morra
com fé em Deus!” Eu disse então: “Eu queria só saber
como é que a gente pode morrer com educação!” [3] (grifo
nosso)
Quando ocorreu esse incidente, Chico Xavier, já com
quase meio século de vida, deveria ter conhecimento
doutrinário suficiente para lhe dar certeza da vida após
a morte. O seu contato com “os mortos” também deve ter
lhe confirmado que a vida continua. Então, não
entendemos, a razão dele ter sentido tanto medo diante
de um possível desencarne. Novamente, fica claro, que
ele era gente como a gente.
Na obra Chico Xavier, o Mineiro do Século, narra
que Chico Xavier, na data de 28 de agosto de 1988,
contava com 78 anos de vida, concedeu uma entrevista ao
jornal Diário da Manhã, de Goiânia, da qual
destacamos o seguinte:
DM – Muitos espíritas dizem que existe uma pergunta que,
se fizer, você fica nervoso.
Chico – Pode fazer.
DM – Muitos espíritas afirmam que Francisco Cândido
Xavier é a reencarnação de Allan Kardec.
Chico – Não, não sou. Não fico brabo, porque digo
isso com serenidade. Consulto a minha via
psicológica, as minhas tendências. Tudo aquilo que tenho
dentro do meu coração é eu. Não tenho nenhuma
semelhança com aquele homem corajoso e forte que, em
doze anos, deixou dezoito livros maravilhosos. Acho que
o exemplo de trabalho dele é tão grande que devia
comover mesmo os não-espíritas, porque os doze volumes
da Revista Espírita foram todos escritos por ele, fora
os livros clássicos do espiritismo. De maneira que ele
exerce realmente sobre mim uma influência muito grande.
Não por ele, porque não o conheci, mas pelas ideias que
deixou gravadas. Acho extraordinário como um homem
trabalha tanto, durante dezesseis anos, pois ele começou
em 1853, mas desencarnou em 1869, e deixou esta bagagem
imensa que a cada dia fica mais atual. É interessante: a
cada dia é mais atual. A verdade é como o diamante: não
quebra. [4] (grifo
nosso)
Como vimos, o caráter do ínclito lionês, é completamente
diverso da personalidade do Mineiro do Século XX.
Todavia, nada serve para demover o pensamento daqueles
que têm Chico Xavier como sendo Allan Kardec
reencarnado, nem mesmo essa peremptória negativa do
médium. Mas, a confissão de que “não tenho nenhuma
semelhança com aquele homem corajoso e forte” demonstra
que, de fato, ele não poderia ser o Codificador. Os dois
casos, que aqui nós apresentamos dão o suporte a essa
afirmação.
Referências bibliográficas:
COSTA E SILVA, L. N. Chico Xavier, o
Mineiro do Século. Bragança Paulista, SP: Lachâtre,
2004.
GOMES, S. (org) Pinga-fogo Com Chico
Xavier. Catanduva, SP: Intervidas, 2010.
SOUZA, L. E. A Fascinante História de
Chico Xavier. São Paulo: Universo dos Livros, 2011.
XAVIER, F. C. Cartas de Uma Morta.
São Paulo: Lake, 1981.