Algumas
considerações sobre o
feminicídio
É simplesmente
abominável a crescente
onda de feminicídio no
Brasil. Apesar de ser
considerado um crime
hediondo, não há sinais
de arrefecimento de sua
manifestação em nosso
solo. É importante
frisar que não se trata
de um fenômeno
tipicamente tupiniquim,
já que o feminicídio é
observável praticamente
em todas as latitudes do
planeta. Embora os dados
disponíveis não estejam
atualizados, sabe-se que
dos 25 países, que
apresentam taxas mais
elevadas desse tipo de
crime, 14 são nações da
América Latina e Caribe.
Mais ainda,
especialistas reconhecem
que há, particularmente
na América Latina,
altíssima e
injustificável
tolerância à violência
contra mulheres e
meninas. Como muitas das
vítimas não reportam as
agressões recebidas, o
agressor sente-se mais
livre ainda para
extravasar a sua
tendência degenerada.
Diante desse quadro
poder-se-ia atribuir tal
comportamento abjeto a
valores culturais
distorcidos, a simples
ignorância masculina ou
a questões espirituais
transatas mal
resolvidas? É difícil
afirmar com exatidão.
Talvez todos esses
elementos contribuam, em
maior ou menor
intensidade, para atos
dessa natureza. Há quem
acredite que “O
feminicídio é a
expressão fatal das
diversas violências que
podem atingir as
mulheres em sociedades
marcadas pela
desigualdade de poder
entre os gêneros
masculino e feminino e
por construções
históricas, culturais,
econômicas, políticas e
sociais
discriminatórias”.
Em síntese, para a
pesquisadoraEleonora
Menicucci, da
Universidade Federal de
São Paulo, “Trata-se
de um crime de ódio. O
conceito surgiu na
década de 1970 com o fim
de reconhecer e dar
visibilidade à
discriminação, opressão,
desigualdade e violência
sistemática contra as
mulheres, que, em sua
forma mais aguda,
culmina na morte. Essa
forma de assassinato não
constitui um evento
isolado e nem repentino
ou inesperado; ao
contrário, faz parte de
um processo contínuo de
violências, cujas raízes
misóginas caracterizam o
uso de violência
extrema. Inclui uma
vasta gama de abusos,
desde verbais, físicos e
sexuais, como o estupro,
e diversas formas de
mutilação e de
barbárie”.
Felizmente, em terras
brasileiras, já há
legislação específica.
Entretanto, o noticiário
diário raramente deixa
de informar algum caso
de violência fatal em
relação às mulheres. De
modo geral, as medidas
preventivas contidas na
lei não têm sido
suficientes para
proteger as vítimas e/ou
coibir os agressores.
Subjacente a esse
problema, não há como
negar, está a distorcida
percepção masculina de
posse. Ou seja, muitos
homens não conseguem
enxergar a companheira
como um ser humano
dotado de direitos
iguais aos seus
concedidos pelo
arcabouço jurídico. Por
essa razão tratam as
suas companheiras de
forma impiedosa.
Por serem Espíritos
desequilibrados, não
conseguem manter uma
relação harmoniosa e
respeitosa com as suas
companheiras.
Enxergam-nas apenas e
tão somente como
propriedades e objetos
por mais que neguem o
contrário. Desse modo, o
sentimento que os move
é, fundamentalmente, o
de possessão; portanto,
em flagrante contraste
com a pureza e
magnificência do amor. A
melhor terapia contra os
horrores do feminicídio
é a educação moral e
ética. As escolas
poderiam perfeitamente
enfatizar o imperativo
do respeito desde cedo
para o alunado.
Cumpre lembrar ainda a
necessidade de destacar
a diretriz contida na
regra de ouro: não fazer
ao outro o que não
desejamos para nós.
Afinal de contas,
aprender a se colocar no
lugar do outro logo nos
primeiros anos de vida
ativa a capacidade de
empatia. Ademais, não
somos donos de ninguém.
Viver uma relação
equilibrada pressupõe
que haja intercâmbio e
interação saudáveis
entre as partes. Assim
sendo, a violência não
deve encontrar guarida
na mente e no coração do
parceiro, mesmo que, em
algum momento, advenha o
distanciamento emocional
e os liames enfraqueçam.
Relacionamentos humanos
são, por natureza,
complexos, turbulentos e
desafiadores. Assim
sendo, muitas coisas
ocorrem numa união,
podendo levar ao aumento
da sintonia ou ao
esfriamento entre o
casal. Por isso, o
tempo, com suas
propriedades educadoras,
coadjuvado pela
experiência de viver sob
o mesmo teto ou de ao
menos conviver, cria
situações e rotinas que
determinarão o sucesso
ou fracasso de uma
relação. Seja qual for o
resultado, a violência é
sempre inaceitável.
Desse modo, as
diferenças e
divergências devem ser
resolvidas
exclusivamente pelo modo
civilizado. Por maior
que seja a decepção, o
parceiro deve reconhecer
o sagrado direito que a
companheira tem de
seguir em paz - se assim
ela desejar - o seu
caminho. Assim é a vida!
Não há justificativa
plausível para tirar a
vida de alguém
simplesmente por não
desejar viver mais
conosco.
Como observado no
início, é provável que
fatores espirituais,
ligados ao passado do
casal, e que geraram
desarmonia entre ambos,
possam ser reativados no
presente. Apesar do
esquecimento momentâneo
a que são submetidos,
nada impede que
floresçam ressentimentos
aparentemente
inexplicáveis. O desafio
posto aí é o de não dar
espaço para que os
pensamentos e emoções
descontroladas nos
dominem. “O amar o
próximo como a nós
mesmos”, recomendado por
Jesus, significa
igualmente renunciar se
não houver outro jeito.
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