A tal da
empatia
Diz-se, geralmente, da capacidade de nos colocarmos no
lugar do próximo. A exemplo do que nos ensinou Jesus, de
um prisma mais espiritualizado, acima de tudo do ponto
de vista da doutrina espírita que nos diz que somos
Espíritos imortais, estagiando temporariamente na carne
para nos elevarmos na ciência do amor, temos que ter
muito cuidado para não colocarmos o outro no nosso lugar
e exigir que ele aja bem.
Não há empatia, mas apenas arrogância e, portanto, não
há aprendizado quando, a título de exemplo, falamos: "É
melhor ser feliz do que ter razão". Porque, na verdade,
para fugir do confronto nós deixamos para lá. Mas se não
é um grupo tão numeroso que está disposto a deixar para
lá, ainda tem o grupo dos que se analisam diante de uma
situação dessas, sabendo que podem ter falhado também.
A nossa capacidade de enxergar o mundo está intimamente
ligada à nossa bagagem espiritual. Tudo aquilo que nós
vivenciamos por nossas reencarnações pretéritas moldou a
nossa maneira de ser, como nos esclarece André Luiz, no
Livro "No Mundo Maior", capítulo A Casa Mental. Isso
tudo fica arquivado em nosso subconsciente.
Aliás, o mentor espiritual de André Luiz nesse trabalho,
Calderaro, comparou o nosso cérebro a um castelo de três
andares. No primeiro, o sistema nervoso propriamente
dito, o qual ele chamou de subconsciente, estão
arquivadas todas as nossas experiências das
reencarnações passadas. Por isso mesmo ele denominou
esse lugar de a sede do automatismo, porão da
individualidade, já que essas experiências moldam nossa
personalidade, o que nos remete a um pensamento do
filósofo Aristóteles: "Somos aquilo que fazemos
repetidamente, repetidas vezes. Por isso mesmo a
excelência não está no ato, mas no hábito".
O nobre mentor advertiu sobre a importância do
Consciente, que reside no córtex motor, zona
intermediária entre os lobos frontais e os nervos. Ali
reside a vontade, da qual dependerão a mudança de
direção ou a persistência nos caminhos já trilhados. Nos
lobos frontais ficaria ainda a região mais sublime de
nosso ser, o superconsciente. O superego de Freud, mas
não limitado apenas a esta existência, como afirmou o
pai da psicanálise.
E como somos individualidades muito singulares, como
reencarnamos mais ou menos vezes e aproveitamos essas
experiências de formas distintas, não temos a mesma
bagagem espiritual e, portanto, não temos a mesma visão
de mundo. É verdade, também, que o fato de habitarmos o
mesmo mundo-escola significa que estamos mais ou menos
no mesmo grau de evolução, o que nos permite, aliás, com
boa vontade e dedicação, o entendimento mútuo.
Mas é preciso considerar que este difícil exercício, o
da empatia, somente será profícuo quando realmente
buscarmos entender as motivações alheias. O que não
significa conivência com os erros. Mas não somos juízes
da vida alheia, somos companheiros de jornada e nosso
exemplo que encanta deve ser mais valorizado por nós,
mesmo a palavra que muitas vezes fere.
O exercício da empatia, portanto, seria realmente vestir
os sapatos alheios e entender, da melhor ou pior
maneira, que somos tão falíveis quanto qualquer outro
Espírito que estagia conosco neste mundo. São tão
capazes de fazer coisas maravilhosas, mas também de
errar. E por isso mesmo precisamos não apenas abrir mão
de ter razão, mas também analisar quando e como erramos,
para que possamos crescer através dessas escolhas
equivocadas.
Um salve à tal da empatia!