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por Nubor Orlando Facure

 

Diante do sofrimento


Jesus desceu sem pressa os degraus da casa de Pedro enquanto nova manhã começava a espalhar seus primeiros raios de luz entre as casas vizinhas.

Olhando mansamente um grupo de sofredores que clama por suas bênçãos, Ele não tem dúvidas, estão ali em busca de uma profecia, de um milagre.

É suave seu olhar, sua firmeza e a confiança no que pode fazer em nome do seu Deus.

Sua simples presença parece dominar a todos irradiando paz. Por onde passa, hipnotiza os que chegam mais perto. 

Ele nunca demonstrou cansaço ou impaciência. E suas primeiras palavras afetam a todos com a sensação de forças renovadas inexplicáveis: "A Paz seja convosco".

Ele caminha na direção de cada sofredor estendendo suas mãos e ordenando benevolente:


“Ergue-te e anda. Abre os olhos e vê a Luz do Criador. Tem Fé, pois a perturbação que domina tua mente vai clarear ainda hoje. Aguarda um pouco mais que os Espíritos imundos, presos à ignorância, irão se afastar. Ora comigo, pediremos ao nosso Pai que limpe suas feridas. Tem paciência, a febre cederá em pouco tempo. Nem tudo está perdido. Aos olhares de Deus tudo se resolve ao seu tempo. Abandona a ilusão do dinheiro porque seu peso te impede caminhar ao Céu. Aprende a dividir com quem tem menos posses que tu tens. Esses pequeninos que nos buscam o colo têm o coração puro que precisa de muita proteção. Não sejas orgulhoso diante dos mais fracos, só os mansos possuirão a Terra. Para vir a ter comigo é preciso abandonar o Mundo."


As horas passam, e a tarde inicia seu colorido avermelhado no poente. 

Pedro afasta Jesus daquele povo necessitado para lhe dar o direito do descanso merecido.

À noite, recostados nos bancos rígidos da sala, Jesus fala com Pedro:


“Não exijas soluções imediatas para ninguém.

Esse mesmo povo que acaba de receber as dádivas abençoadas de Deus, ainda terá de percorrer a estrada amarga da dor que a pouco e pouco irá conduzi-lo à total redenção de suas necessidades.

Os paralíticos curados, hoje, ainda usarão as pernas para fugir de compromissos sociais.

Os cegos que agora veem, permanecerão julgando o erro que enxergam nos outros.

O peito limpo das feridas curadas, hoje, estará amanhã na mesma promiscuidade dos meretrícios onde adoeceram.

Os loucos e os epiléticos, que agora estão em paz, amanhã voltarão a mandar e destruir famílias inocentes. 

Os endinheirados, atormentados pela consciência, amanhã voltarão a disputar a posse material que prometeram abandonar.”


Lição de casa: Vamos aceitar o tempo de cada um.

A jornada é longa e cada qual andará com sua própria sandália para atingir a redenção.




 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita