Após a tormenta das sombras
A fatalidade da Lei Divina é a perfeição do Espírito
"Eu não me lembrarei mais de todas as iniquidades que
ele tenha cometido; viverá nas obras de justiça que
houver praticado." (Ezequiel, 18:22)
O episódio no qual Jesus desarmou a multidão enfurecida
que estava prestes a apedrejar a mulher flagrada em
adultério desdobra-se em infinitas nuanças... Quem ̶
em sã consciência ̶ pode dizer que jamais percorreu os
sombrios tremedais das iniquidades? Como apontar o dedo
em riste? Onde a autoridade para profligar o mal
alheio?!... A voz suave, porém firme, do Mestre Maior
tinha ̶ entre outras coisas ̶ o dom de desarmar o
espírito de beligerância...
Ele disse também “não olhe para trás aquele que lança
mão do arado". (Lc., 9: 62)
Criados "simples e ignorantes" não é de admirar
que nosso lastro de experiências esteja respaldado em
circunstâncias infelizes elaboradas pelo uso inadequado
e irresponsável do nosso livre-arbítrio. Porém, não será
por isso que vamos enquistar-nos nos vales sombrios da
inércia, consumindo-nos em soezes remorsos e curtindo
desaires inoperantes. Após a tormenta das sombras faz-se
necessário que nos ergamos acima das limitações a fim de
sanear nossa economia espiritual de todo mal, asserenar
a alma e buscar nossa sublime destinação: aperfeição
relativa.
Não serão os episódios infelizes e infelicitadores que
irão impedir nossa marcha ascendente para os cimos da
Luz Divina.
O exemplo de Maria de Magdala é um libelo grandiloquente
que fala de modo explícito a respeito da vitória íntima
do bem contra o mal, ambos existentes dentro de nós
mesmos, competindo-nos desenvolver aquele e extinguir
este. Miremo-nos no exemplo dessa criatura singular a
fim de reanimar nossas forças para as árduas caminhadas,
desconectando nossas vidas dos marnéis infelicitadores...
Observemos as leiras íntimas ainda infestadas de ervas
daninhas trabalhando denodadamente para erradicá-las e
liberando-nos, assim, para a emancipação espiritual.
Há que se colocar as mãos na charrua e ̶ sem olhar
para trás ̶ seguir em direção ao futuro de paz,
sabedoria e amor, cônscios de que o Pai não deseja a
morte do ímpio, mas quer que o ímpio se converta, que
abandone o mau caminho e que viva, conforme podemos
verificar nas anotações de Ezequiel, 33:11.
Atentemos para algumas assertivas de Joanna de Ângelis
esparzidas ao longo do livro "Autodescobrimento", da
notável lavra mediúnica de Divaldo Franco: "(...) a
atitude correta está em viver cada momento intensamente,
porquanto, cada minuto que se acerca e passa é o futuro
chegando e transformando-se em passado. (...) Torna-se
relevante a conquista da segurança íntima, de forma que
a conduta seja orientada pela consciência, mantendo-se
sempre vigilante em todos os momentos, particularmente
nas ações. Esse comportamento se tornará habitual,
passando a integrar a personalidade que fruirá de
harmonia pelo bom direcionamento aplicado à existência.
(...) A ascensão é experiência que começa no desejo de
elevar-se, e, conquista a conquista, sedimenta os
impulsos inteligentes, sábios, conseguindo chegar ao
patamar anelado da plenificação, ao alcance de todo
aquele que o intente consciente e subconscientemente.
(...) Liberando-se dos substratos anestesiantes e
perturbadores, deve-se reciclar o subconsciente,
preenchendo os espaços com novos elementos portadores de
campos de irradiação equilibrada, estimuladora, para
avançar na conquista do ser profundo, interior... Quando
o indivíduo quer, ele pode realizar, dependendo dos
investimentos que aplica para consegui-lo. O empenho bem
direcionado pelo pensamento objetivo, claro, sem
conflito, logra criar futuros condicionamentos através
das mensagens que arquiva, restabelecendo no
subconsciente o banco de dados que responderá mais tarde
com as informações corretas do que lhe seja solicitado.
(...) Mesmo quando os conflitos decorrem como efeitos
reencarnacionistas, que se manifestam como
psicopatologias de angústia, de medo, de insegurança,
sob o aguilhão do remorso de algo inexplicável, a
conscientização do bem que se haja feito, e ainda se
poderá fazer, produz um lenitivo que suaviza os
conflitos, facultando a disposição sincera para
reabilitar-se.
(...) A fatalidade da Lei Divina é a perfeição do
Espírito. Alcançá-la é a proposta da vida. Como
conseguir é a opção de cada qual.
(...) O “Si” profundo, pleno, é semelhante à
transparência que o diamante alcança após toda a
depuração transformadora que sofre no silêncio da sua
sutilização molecular, libertando-se de toda imperfeição
interna por que passa e de toda a ganga que o reveste...
Essa conquista é o imenso desafio da evolução dos
seres!...".
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