Família
e
progresso
Designa-se por família o conjunto de pessoas que possuem
grau de parentesco entre si e vivem na mesma casa
formando um lar. Uma família tradicional é
normalmente formada pelo pai e mãe, unidos por
matrimônio ou união de fato, e por um ou mais filhos,
compondo uma família nuclear ou elementar. Sabemos que
este conceito de família já passou por mudanças
significativas: evoluíram os pensamentos, diversificaram
os tipos de união, mas as formas de se manter essa união
continuam as mesmas, dentre as quais destacamos a
paciência, a tolerância, o afeto, o amor.
Quando vemos uma família bem formada, pais religiosos da
seara do Cristo, filho cursando universidade e filha
coesa com os pensamentos dos pais, o mais fácil a se
pensar é que, sim, esta é uma família feliz. Mas nem
sempre isso acontece, constantemente ouvimos, por
intermédio dos meios de comunicação, as intercorrências
entre pais e filhos, acarretando fatalidades dos
genitores, mesmo em grupos familiares abastados.
As tragédias atualmente noticiadas chocam e promovem
expressões de horror a todas os leitores, além de muitas
interrogações. O que pode realmente ter acontecido com
essas famílias? Conflitos de interesses, intolerância
religiosa, não aceitação de uma tendência sexual ou
homossexualidade, loucura? Não, isto não nos cabe
julgar, e sim fazermos os questionamentos corretos para
respostas acertadas. E o que a doutrina espírita nos
traz de esclarecimentos sobre a construção familiar? E
mais ainda, por que a família é o melhor e o maior campo
de aprendizado e burilamento que um Espírito em plena
evolução pode ter?
“Identifiquemos no lar a escola viva da alma”, assim
Emmanuel nos responde na obra Vida e Sexo,
iniciando nova interpretação dos fatos. Já na fonte
fecunda, de que é O Evangelho segundo o Espiritismo,
encontramos também esclarecimentos para tão sensíveis
questionamentos a seguir discriminados:
“No seio da Terra, o homem é a criatura que mais
solicita cuidados da família ao nascer e para se
desenvolver. Nela o princípio da reencarnação funciona,
possibilitando o trabalho executivo dos mais elevados
programas de ação do mundo espiritual, em que dois seres
se conjugam, atendendo aos vínculos do afeto. Surge,
então, o lar, que garante os alicerces da civilização.
Através do casal, aí estabelecido, funciona o princípio
da reencarnação, consoante as Leis Divinas”.
A reencarnação é a grande oportunidade de atingir o
objetivo do progresso, conforme a doutrina espírita nos
esclarece. Antes do nascimento, no estado de
erraticidade, além do planejamento reencarnatório que
alguns Espíritos se propõem desenvolver, é escolhido um
núcleo familiar para o Espírito obter aprendizados e
ajudá-lo a ascender na escala evolutiva.
Na arena terrestre, é justo que determinada criatura se
faça assistida por outras que lhe respiram a mesma faixa
de interesse afetivo. De modo idêntico, é natural que as
inteligências domiciliadas nas esferas superiores se
consagrem a resguardar e guiar aqueles companheiros de
experiência, volvidos à reencarnação para fins de
progresso e burilamento. E, em O Evangelho segundo o
Espiritismo, item 11, cap. V, os Espíritos informam:
“o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu,
estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a
fim de reparar o mal que lhes haja feito…”.
No caso em questão, podemos inferir que essa família, em
seus relacionamentos, pais e filhos com comportamentos
conflituosos ainda em burilamento, não conseguiu o
ajustamento necessário para atingir as propostas
anteriormente prometidas. Frente a isso Emmanuel
esclarece na obra Vida e Sexo:“Apesar disso,
importa reconhecer que o clã familiar evolve
incessantemente para obrar mais amplos conceitos de
vivência coletiva, sob os ditames do aperfeiçoamento
geral, conquanto se erija sempre em educandário valioso
da alma. Temos, dessa forma, no instituto doméstico, uma
organização de origem divina, em cujo seio encontramos
os instrumentos necessários ao nosso próprio
aprimoramento para a edificação do Mundo Melhor”.
A capacidade do Espírito encarnado de interagir com o
próximo, exercitando a benevolência, fruto do amor
direcionado a ele, mesmo sendo ele aparentemente causa
de conflitos familiares, produzirá a afabilidade e a
doçura, qualidades que tanto contribuem para que o
convívio no lar seja mais ameno e prazeroso. Sendo
assim, a compreensão e a aceitação das individualidades
de cada um, membro familiar, farão parte de seu dia a
dia e frutificarão em uma sociedade sedenta de amor.
Referências bibliográficas:
Significado de família - https://bit.ly/2C53hsu
Correio Braziliense - https://bit.ly/2JyVnK3
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o
Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.
imp. Brasília: FEB, 2013.
XAVIER, Francisco Cândido. Vida e
Sexo. Pelo Espírito Emmanuel. Ed. Rio de Janeiro:
FEB, 1970.
Este artigo foi contemplado no concurso “A Doutrina
Explica”, ocorrido em 2018, promovido na turma do Curso
de Palestrantes Espíritas do Distrito Federal, na
Federação Espírita do Distrito Federal (FEDF). Os
autores são palestrantes espíritas radicados no Distrito
Federal.