“All we need is love”
“All we need is love”, de 1967, é, sem dúvida, uma
canção antológica. Não apenas pela sua letra e ritmo
suaves. The Beatles, o inesquecível quarteto
britânico, conseguiu expressar nela, com total precisão,
aliás, talvez a maior necessidade humana: ser amado.
Dada a sua relevância, o amor está inserido na
hierarquia das necessidades (mais especificamente na
camada social) humanas teorizada por Abraham Maslow.
Convenhamos: viver sem amor é terrível! Muitas pessoas
fracassam ao longo da encarnação simplesmente por não
desenvolverem a contento esse sentimento. Desse modo,
infere-se que não é possível avançar na senda da
espiritualidade sem o excelso impulso do amor.
Nesse sentido, cumpre destacar que, com acentuada
frequência, consagradas séries televisivas e filmes blockbusters apresentam
os vilões como criaturas humanas praticamente
destituídas da capacidade de amar. Não raro, as tramas
revelam traços chocantes de caráter desses personagens
cruéis e ignóbeis a partir de experiências emocionais
malsucedidas, ou seja, a falta de amor dos pais,
rejeição social, desprezo de uma criatura idolatrada e
assim por diante.
Todavia, o amor, mesmo que apenas em gotas escassas,
está também presente nos desalmados e iníquos de toda
espécie. Até mesmo portadores de corações frios e
insensíveis são incapazes de calar completamente o calor
desse sentimento ou as boas coisas que dele advêm. Assim
sendo, não é impossível, que no decurso da vida, o
infeliz consiga externar algum carinho ou atenção por um
animal ou pessoa. A propósito, o Espírito Miramez
menciona, na obra Francisco de Assis (psicografia
de João Nunes Maia), que o temível e implacável
guerreiro Gengis Khan era capaz de gestos ternos com os
seus subordinados como, por exemplo,
“[...] Quando em acampamento, era generoso para com os
seus comandados. Fazia-se um deles, e, em muitos casos,
se entregava até a simples serviços, para que seus
guerreiros se divertissem e descansassem. Esse gesto os
cativava até a morte: era a gratidão nos caminhos do
fanatismo. Qualquer de seus soldados que caísse
prisioneiro ou ficasse ferido, tinha certeza de que em
altas madrugadas viria socorro. Ele somente descansava
em acampamento, quando não havia mais nada para fazer,
principalmente em benefício dos seus comandados. Com
esses gestos de humanidade, sabia que ganhava a unidade
dos seus homens. Em qualquer eventualidade bastava um
grito, uma ordem de comando, para que todos se
entregassem a qualquer combate, com fúria jamais
presenciada em outro esquadrão [...]”.
O amor é o principal pilar da criação divina. Tudo no
universo se desenrola sob a diretriz e sabedoria do amor
celestial. As grandes mudanças e transformações do
Espírito imortal para a luz se dão por meio do acicate
do amor. Doses abundantes desse sentimento generoso
escoam em direção à criatura errante, até a sua rendição
incondicional ao bem. Como diz a célebre canção: “Love,
love, love”.
Como corretamente observa o Espírito São Vicente de
Paulo na questão 888a d’O Livro dos Espíritos de Allan
Kardec:
“Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, Lei divina,
mediante a qual governa Deus os mundos. O amor é a lei
de atração para os seres vivos e organizados. A atração
é a lei de amor para a matéria inorgânica”.
Tão poderoso é o amor que a espiritualidade nos
esclareceu que até mesmo entre os animais ele é
observável (ver questão nº 890 da referida obra). Com
efeito, não deixa de ser fascinante notar o cuidado,
atenção e desvelo de fêmeas de crocodilos, cobras,
ursos, felinos, entre outras espécies de animais, com a
sua prole. Em essência, rudimentos de amor que o
Espírito imortal vai gradativamente lapidando. O amor é
vida, o amor é energia, o amor é criação, o amor é
felicidade. Como consta na resposta dada à questão nº
913 da citada obra: “[...] Quem quiser, desde esta vida,
ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o
seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o
egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade.
Ele neutraliza todas as outras qualidades”.
Desse modo, os mandamentos legados por Jesus à
humanidade, calcados na observância e prática do amor,
constituem caminhos seguros aos que aspiram acercar-se
de Deus. Se o que mais necessitamos é de amor,
aprendamos, então, a compartilhá-lo.
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