A professora de Limeira
Vez por outra vêm-me consultar no Instituto do Cérebro
antigas professoras carregando as marcas da idade no
corpo, mas sustentando na mente lições que anos de
experiência lhes permitiram acumular. Eu adoro explorar
ali na nossa conversa o que elas têm de melhor.
De uma professora que fazia palestras no Centro
Espírita, guardo uma lição que me marcou para sempre:
"Ao ensinar é preciso muito cuidado para não perturbar a
mente dos que nos ouvem".
Nessa semana atendi dona Doroty com 85 anos. Foi
Professora, Diretora e Coordenadora de escolas públicas.
Com a nossa conversa ela ia-me surpreendendo a cada
relato.
Dirigia uma Associação de professores. Montou um grupo
de idosas para ensinar artesanato. Criou uma instituição
para autistas, onde atende 65 crianças. Atende
semanalmente os trabalhos de um Centro Espírita fundado
pela família há 40 anos.
Pedi permissão para fazer algumas perguntas pessoais
fora da consulta:
1 - Como a senhora acha que devia ser feita a reforma do
ensino, considerando os problemas dos alunos de hoje que
não largam do celular?
Ela disse: Eu começaria pela reforma dos professores.
2 - Considerando o método de alfabetização, qual a
senhora consideraria o melhor, baseado em sua
experiência pessoal? Resposta: Sempre procedi a uma
alfabetização personalizada; assento com cada aluno e
analiso como lidar com ele. Cada um tem suas
necessidades e competência. Eu os vou testando e
ajustando o melhor método.
3 - A senhora lida com um grupo grande de autistas. É a
favor da inclusão? Uma classe comum aceita bem o aluno
especial? Resposta: Não é a classe que tem de ser
preparada para receber esses alunos. É o professor.
Lição de casa:
O melhor livro que podemos ler está escrito no cérebro
de quem sabe. Um filósofo já nos ensinou que quando não
aprendemos com os erros do passado corremos o risco de
repeti-los.
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