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A música não influencia apenas os que gostam dela |
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A frase acima reflete o pensamento do músico, compositor
e arranjador Moacyr Camargo (foto), membro
fundador da Associação Brasileira de Artistas Espíritas
(Abrarte).
Espírita desde 1984, ele frequenta desde então o Núcleo
Kardecista Antonio Pereira de Souza, instituição filiada
à União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo
(USE).
Em sua trajetória no meio espírita, participou
de vários congressos e na abertura de conferências
proferidas por Divaldo Franco, Raul Teixeira e Haroldo
Dutra, entre outros.
Foi diretor do Departamento de Arte da USE por três
gestões consecutivas e desde
1992 tem atuado na cidade de Sacramento (MG) nas
atividades musicais da Escola Eurípedes Barsanulfo e no
Colégio Allan Kardec com o coral Corina Novelino, tanto
na composição de melodias quanto nos arranjos.
Sua obra é composta de nove CDs, um DVD de clipes com
músicas infantis, um DVD instrumental com imagens de
paisagens de flores e livro de partituras.
A seguir, a entrevista que ele nos concedeu.
Como você começou na música espírita?
Iniciei-me na música nos anos 1970, cantando em bandas
de bailes. Nessa época, a música predominante nos salões
era o rock e nossa banda viajava muito. Depois de um
tempo, iniciamos as composições. Participamos de vários
festivais com nossas composições, até que uma delas, Terra
Azul, ganhou um dos festivais da Globo, realizado em
Maringá-PR, a décima edição do FEMUCIC (Festival de
Música Cidade Canção). A gravadora Som Livre gravou as
músicas vencedoras do festival, e Terra Azul foi
contemplada. Em 1992, participamos da conferência Rio-92
com Tetê Spindola, na abertura de show de Almir Sater, e
uma série de apresentações em teatros de várias cidades
do Brasil.
Como se dá a elaboração de suas músicas?
Depois de me tornar espírita em 1984, nossas canções
foram sendo direcionadas para temas que abordam a
beleza, a alegria, o voo do pensamento e a
espiritualidade. Nesse momento, passamos a sentir que
havia uma ajuda no campo das vibrações. Sentia a
intuição indicando os temas e experimentava em mim mesmo
as boas sensações que ela trazia. Então, até nos dias de
hoje, sei que sou intuído no processo da criação, porém
despendo muito esforço para dar conta na finalização das
obras.
Fale-nos sobre seu trabalho mais recente.
Estamos terminando de produzir uma trilogia. São três
álbuns que se intitulam “A Era Nova com Jesus”. São
letras que falam das nossas conquistas maiores e lembram
que com elas possamos ter um outro tipo de
relacionamento com o Cristo. Espíritos felizes,
reconhecidos, auxiliando o Mestre nas mudanças da era
nova.
A resposta à questão 251 d’OLivro dos Espíritos diz
que “A música tem para os Espíritos encantos
infinitos...”. De que forma podemos utilizar a boa
música no dia a dia?
Primeiramente, conscientizando-nos. É preciso ter
conhecimento de nossa imortalidade. Saber da vida futura
e de que nos destinamos em direção à harmonia, à beleza.
Ciente dessa verdade sobre nossa condição de
imortalidade, vamos escolher de fato aquela obra de arte
que nos alimente, nos espiritualize. Tudo é questão de
sintonia. Dessa forma, poderemos viver na Terra, porém
ricos de espiritualidade, cheios de... “encantos
infinitos”.
Mesmo quem não gosta de música pode beneficiar-se dela?
Sim, a música não influencia apenas os que gostam dela.
Sua atuação independe de reciprocidade, é semelhante ao
Sol, exerce sua ação sobre tudo e todos, independe se
esse tudo e todos gostam dele. A música influencia os
reinos mineral, vegetal, animal, e esplende divina
beleza no reino angelical. Naturalmente, poderemos
recusar esse ou aquele estilo, isso é de nossa parte,
porém a influência dela independe de nosso desejo. Sua
atuação tem acesso à nossa memória e dá movimento ao que
guardamos. E os sentimentos são suas portas de entrada.
Gostaria de fazer um comentário final?
Transcrevemos aqui o trecho abaixo, retirado da obra Nos
Domínios da Mediunidade de André Luiz, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, no capítulo sobre Desdobramento
em Serviço, que diz: “A Arte, tanto quanto a
Ciência, entre nós, é muito mais rica que no círculo dos
encarnados e, por ela, a educação se processa mais
eficiente, no que tange à beleza e à cultura”.
Com isso, queremos ressaltar a educação por meio da
arte. Os pais devem estar atentos, pois nossos filhos
são Espíritos encarnados, trazendo memórias com
conteúdos diversos. Suas ações no passado, assim como as
nossas, nem sempre foram em harmonia com as leis
divinas; por isso, trazemos conflitos para serem
solucionados por sentimentos renovados no bem.
Filmes, músicas, livros, games, teatro, imagens,
aplicativos, tudo isso exerce influência, dependendo do
tempo de convivência com os conteúdos dessas obras.
Optarmos pelas obras ricas de espiritualidade é estarmos
em sintonia com o texto acima, o de nos educarmos como
Espíritos imortais, pois nos destinamos às belezas
eternas... Cuidemos de nós, cuidemos de nossos filhos
pela arte.