Glória à reencarnação
Alma liberta aos sóis, ganho esfera venusta…
Fito extático e ansioso o fulgor de outra esfera.
Expandir-me, crescer e volitar quisera,
E sensação de queda agônica me assusta…
Os instintos carnais, por escória incombusta,
Chamam-me ao teto antigo… A Lei piedosa e austera
Mostra-me os sonhos de anjo e os impulsos de fera;
Homem, devo aprender quanto a ascensão me custa!
Torno, trêmulo, à Terra em torvos desenganos,
Mas agradeço, oh! Deus, os tremedais humanos,
Báratros, tentações, trevas e desatinos!…
Glória à reencarnação por mais me desconforte!
De corpo em corpo, vida em vida, morte em morte,
Alcançarei, um dia, os páramos divinos!…
Glossário:
Venusta: de grande
beleza.
Incombusta: que não foi
queimada.
Tremedais: abismos de
vícios, de infâmia.
Báratros: precipícios,
voragem, abismos.
Páramos: céu, firmamento.
Do livro Poetas Redivivos, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.