Em matéria
publicada na Veja.com, de 7 de agosto de 2018, sob o título Por que só o Homo
sapiens sobreviveu?, a articulista Sabrina Brito informa um novo
estudo sugerindo que a permanência da espécie Homo sapiens se deve à
capacidade de adaptação a ambientes extremos.
A pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, dos EUA, e pelo Instituto
Max Planck pela Ciência da História Humana, da Alemanha, levantou a hipótese de
que “a nossa permanência se deve à aptidão do homem atual para se adaptar a
ambientes extremos”.
A tese considerou que outros representantes do gênero Homo ocupavam
bosques e campos, mas somente o Homo sapiens estabeleceu moradia em
lugares de difícil sobrevivência, de climas hostis e ambientes inóspitos.
Além disso, o cientista arqueológico Patrick Roberts afirmou que essa conquista
foi resultado da nossa “cultura cumulativa” e à capacidade de formar relações
com todos os membros da nossa espécie, inclusive os que não pertencem à nossa
família. Essa caraterística facilitou “o ajuste de certos povos em áreas a
eles desconhecidas, já que possuiriam um conhecimento prévio dos mecanismos e
costumes necessários para se viver naquele lugar”.
A Ciência e
o Espiritismo
Como se observa da matéria, a Ciência busca
explicações por que o Homo sapiens sobreviveu em relação às outras
espécies precedentes que sucumbiram ao longo do tempo.
Importante
destacar que Ciência e Espiritismo caminham juntos na busca da verdade,
complementando-se. A Ciência sozinha não consegue explicar todos os fenômenos do
Universo somente pelas leis da matéria. O Espiritismo sem a Ciência faltaria o
apoio e a comprovação necessária para sustentar os fenômenos espirituais.
Para o
Espiritismo, o Universo não é só matéria, tem princípio inteligente regendo tudo
que existe. Nada é por acaso, nada ocorre sem controle ou em desordem.
Nesse sentido,
destacam-se duas forças que regem o Universo: o princípio espiritual e o
princípio material. E acima de tudo Deus, inteligência suprema, causa primária
de todas as coisas. Não há efeito sem causa anterior.
Da ação
simultânea dos princípios material e inteligente, nascem fenômenos que são
naturalmente inexplicáveis, se não considerarmos um dos dois.
Evolução dos
mundos, seres e Espíritos
O Universo está
em constante evolução, pois o progresso é lei da natureza e todos seres estão
submetidos a ele. Nada está parado: evoluem mundos, seres vivos e Espíritos.
O mundo, ao
progredir, oferece morada mais agradável a seus habitantes, à medida que eles
também progridem. Paralelamente, marcham progressos de homens, animais, vegetais
e mundos que eles habitam.
A Terra esteve
material e moralmente num estado inferior ao de hoje, e atingirá um grau mais
avançado.
A Gênese
No livro A
Gênese Kardec expressa: “a Gênese compreende duas partes: a história da
formação do mundo material e a da humanidade, considerada em seu duplo
princípio, corporal e espiritual” (KARDEC. A Gênese, pg. 77, 2ª Edição, FEB,
2013).
Mais adiante,
complementa: “mas a história do homem, considerado como ser espiritual, se
prende a uma ordem especial de ideias, que não são do domínio da Ciência
propriamente dita e das quais, por este motivo, não constitui objeto de suas
investigações” (KARDEC. A Gênese, pg. 77, 2ª Edição, FEB, 2013).
Será exatamente
neste ponto que a Doutrina Espírita explicará por que só o Homo sapiens sobreviveu.
Acerca da
formação primária dos seres vivos, Kardec esclarece que “houve um tempo em
que não existiam animais; logo, eles tiveram começo. Cada espécie foi aparecendo
à medida que o globo adquiria as condições à sua existência” (KARDEC. A
Gênese, pg. 161, 2ª Edição, FEB, 2013).
A questão do Homo
sapiens nos conduz aos antepassados das criaturas humanas no seu processo
evolutivo com os aperfeiçoamentos da Natureza.
O Espírito
Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, em “A caminho da luz” (38ª
Edição, FEB, 2016) traz algumas considerações que contribuem para responder à
pergunta da articulista.
“Sob a
orientação misericordiosa e sábia do Cristo, laboravam na Terra numerosas
assembleias de operários espirituais. Como a engenharia moderna, que constrói um
edifício prevendo os menores requisitos de sua finalidade, os artistas da
espiritualidade edificavam o mundo das células iniciando, nos dias primevos, a
construção das formas organizadas e inteligentes dos séculos porvindouros”.
(...)
“As formas
de todos os remos da natureza terrestre foram estudadas e previstas. Os fluidos
da vida foram manipulados de modo a se adaptarem às condições físicas do
planeta, encenando-se as construções celulares segundo as possibilidades do
ambiente terrestre, tudo obedecendo a um plano preestabelecido pela
misericordiosa sabedoria do Cristo, consideradas as leis do princípio e do
desenvolvimento geral”. (pg.
19)
“Os tipos
adequados à Terra foram consumados em todos os reinos da Natureza, eliminando-se
os frutos teratológicos e estranhos, do laboratório de suas perseverantes
experiências”. (pg.
23)
“As forças
espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a orientação do Cristo,
estabeleceram, na época da grande maleabilidade dos elementos materiais, uma
linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio
espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a
racionalidade. Os peixes, os répteis, os mamíferos, tiveram suas linhagens fixas
de desenvolvimento e o homem não escaparia a essa regra geral”. (pg. 24)
Dessas
assertivas, verifica-se que Jesus e seus operários espirituais participaram da
gênese da humanidade construindo formas organizadas e inteligentes, de modo a se
adaptarem às condições físicas do planeta, segundo as possibilidades do ambiente
terrestre, em que os tipos mais adequados sobreviveram e os imperfeitos foram
eliminados pelo laboratório das forças espirituais. A linhagem definitiva
prosseguiu o seu caminho em direção da racionalidade.
Como se
observa, o Homo sapienssobreviveu por suas características especiais que
se adequou ao ambiente terrestre, superando seus antecessores, o que podemos
confirmar mais uma vez nas palavras do Espírito Emmanuel:
“Os
antropoides das cavernas espalharam-se, então, aos grupos, pela superfície do
globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as influências do meio e formando
os pródromos das raças futuras em seus tipos diversificados; a realidade, porém,
é que as entidades espirituais auxiliaram o homem do sílex, imprimindo-lhe novas
expressões biológicas. Extraordinárias experiências foram realizadas pelos
mensageiros do invisível. As pesquisas recentes da Ciência sobre o tipo de
Neanderthal, reconhecendo nele uma espécie de homem bestializado, e outras
descobertas interessantes da Paleontologia, quanto ao homem fóssil, são um
atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos de Jesus, até
fixarem no "primata" os característicos aproximados do homem futuro”. (pg.
24)
Depois de
séculos de experiências, as ações do mundo invisível operaram definitiva
transição no corpo perispiritual preexistente, dos homens primitivos, nas
regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações.
Assim, surgem
os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos
do porvir. Uma transformação visceral verificara-se na estrutura dos
antepassados das raças humanas.
Emmanuel, em “A
caminho da luz”, registra ainda que as falanges do Cristo operavam as últimas
experiências sobre os fluidos renovadores da vida, aperfeiçoando os caracteres
biológicos das raças humanas, quando chegaram os auxílios dos Espíritos
degredados de Capela.
Aquelas almas
aflitas e atormentadas reencarnaram nas regiões mais importantes, dando origem à
Raça Adâmica. Com suas reencarnações no mundo terreno, estabeleciam-se fatores
definitivos na história etnológica dos seres. Um grande acontecimento se
verificara no planeta.
O Espírito
Áureo, no livro Universo e Vida (9ª Edição, FEB, 2016), esclarece esse
período da humanidade:
Foi somente há cerca de quarenta milênios, quando os selvagens descendentes dos
primatas se estabeleceram na Ásia Central e depois migraram, em grandes
grupamentos, para o vale do Nilo, para a Mesopotâmia e para a Atlântida, que
surgiu no mundo o Homo sapiens, resultado da encarnação em massa, na Terra, dos
exilados da Capela, cuja presença assinalou, neste planeta, o surgimento das
raças adâmicas. (...)
Esse fato, além de lógico e natural, por corresponder ao maior e quase único
patrimônio de conquistas vitais daqueles seres, era também necessário para lhes
assegurar a sobrevivência no mundo das formas materiais espessas e pesadas. (pg.
53)
Dessa maneira,
a espécie humana passou por diversas fases evolutivas até chegar ao Homo
sapiens, à atual caraterística e apta a receber Espíritos mais evoluídos.
Resistiram às
adversidades climáticas e situações adversas, porque a inteligência e as
características biológicas proporcionaram meios para superar as dificuldades em
relação à outras espécies.
Nesse sentido,
espécies precedentes sucumbiram perante o Homo sapiens.
A Ciência e o
Espiritismo se encontram na busca da origem da humanidade e da verdade. Para a
Doutrina Espírita nada é por acaso, tudo tem a sua finalidade, o seu princípio
inteligente e a sua explicação.
Mas para isso,
primeiro é preciso acreditar em Deus, como inteligência suprema e causa primária
de todas as coisas. Sem a crença em Deus e na sua ação, as análises serão
incompletas, mesmo porque o homem é obra de Deus.
O Espiritismo
traz a lume a existência do mundo espiritual e com isto adiciona o elemento que
falta para a compreensão da evolução do Homo sapiens.
Negar a
existência de Deus é negar o princípio inteligente de tudo que existe.
Bibliografia:
AUREO (Espírito);
(psicografado por) Hernani Trindade Sant’Anna. Universo e Vida. 9ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
BRITO, Sabrina. Por
que só o Homo sapiens sobreviveu? Disponível em:https://bit.ly/32NEyUw -
Acesso em 17 de setembro de 2018.
EMMANUEL
(Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. A Caminho da Luz.
38ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
KARDEC, Allan;
tradução de Evandro Noleto Bezerra da 5ª ed. francesa de 1869. A Gênese.
2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.
KARDEC, Allan;
tradução da Redação de Reformador em 1884. O que é o Espiritismo. 56ª
Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.
Este
artigo foi contemplado no concurso “A Doutrina Explica”, ocorrido em 2018,
promovido na turma do Curso de Palestrantes Espíritas do Distrito Federal, na
Federação Espírita do Distrito Federal (FEDF). O autor é palestrante espírita.