Mudar para não sofrer mais
A sabedoria divina nos tem designado tarefas abençoadas
de elevação espiritual, e quando a vida nos põe à prova,
trazendo à tona mágoas e ressentimentos, perguntamos: Por
que sofremos tanto? Porque nos distanciamos da nossa
essência que é o amor. O oposto do amor, como muitos
imaginam, não é o ódio, mas o egoísmo, pois o egoísta
traz o amor atrofiado em si mesmo.
O reino de Deus está dentro de nós, isto é uma verdade,
e, no entanto, vivemos olhando para fora, esquecendo-nos
de que a base de tudo é a nossa condição emocional
interior. Olhar para dentro é conhecer a si mesmo e, se
nos conhecêssemos realmente, não nos entregaríamos com
tanta facilidade às emoções negativas ante os problemas
que enfrentamos no cotidiano. Quem se autoconhece
consegue administrar as próprias emoções em vez de ser
escravo delas. É preciso nos libertarmos da síndrome do
passado, da exaustão energética proveniente dos
conflitos internos.
Jesus nunca realçou as imperfeições morais, as doenças
ou defeitos físicos, mas sempre apontou as
potencialidades divinas presentes na personalidade
humana. Ele aproveitava cada oportunidade para treinar
seguidores na arte de crescer ante as dificuldades
existenciais. Sempre conduziu as pessoas a reverem suas
histórias por meio da fé realizadora, e a não serem
vítimas das dificuldades que vivenciavam. Sempre se
preocupava em desenvolver as potências e virtudes
humanas, as sementes divinas herdadas do Pai Criador.
Para a realização desse trabalho que não é fácil,
necessário se faz que observemos alguns elementos que
podem nos ajudar imensamente nessa tarefa. Por exemplo:
Mudar o foco. Por que mudar, para que mudar? Faz-se
importante não buscarmos mais as desculpas para fugir à
tarefa de transformação, mas, sim, o significado da
experiência para promover em nós o progresso emocional e
espiritual.
A resiliência ou a arte da flexibilidade também nos
capacita a passar por experiências adversas sem
prejuízos para o desenvolvimento emocional e cognitivo.
Através desse recurso, a alma consegue renascer mais
amadurecida, mais forte e pronta para enfrentar os novos
desafios. Força, neste caso, não significa rigidez, e,
sim, flexibilidade, que prepara o Espírito para as
mudanças que virão.
A alteridade – aprendendo com o diferente – representa o
respeito profundo que devemos nutrir por todos os seres
humanos. Qualidade espiritual básica para a construção
da fraternidade, superando divergências e crescendo com
elas. É um dos mais importantes mecanismos para a
evolução ética e moral, levando o indivíduo a interagir
pacificamente com todos os que o cercam. O indivíduo que
age com alteridade é mais fraterno e amável, incapaz de
julgar ou criticar. Respeita o outro como ele é. Santo
Agostinho aconselhava a buscar a diversidade nas
diferenças, a unidade nas semelhanças e a caridade em
todos os momentos.
Virtudes pessoais nobres, como agentes preventivos, é o
elemento que nos levará a identificar a luz para que os
nossos olhos vejam e superem melhor as pedras e os
espinhos do caminho.
De todos esses recursos que podem ser usados no processo
de despertamento da consciência, o “aprender a
desaprender” talvez seja o mais difícil e o que levará
mais tempo. Todavia, não é impossível de se conseguir.
Se existe a vontade firme da mudança, até o tempo será
um parceiro fiel. Será como voltar às raízes.
A primeira lição será a de abandonar a pressa. A vida
apressada não permite sentir o presente. Depois, o
silêncio. Mas, não se trata simplesmente do silêncio sem
palavras e sons, mas do silêncio do Espírito. É um
estado de êxtase da alma, que nos permite conversar com
os próprios sentimentos.
Quanta coisa para desaprender! É preciso libertar-se das
desculpas e medos, pois ser feliz é conjugar liberdade
com responsabilidade. Precisamos avaliar os próprios
pensamentos e as emoções que externamos ou não, porque
eles têm suas origens no sentimento egoico.
É imperioso estar sempre avaliando o que pensamos a fim
de alcançarmos harmonia e equilíbrio, se não, correremos
o risco de nos tornarmos escravos de ideias negativas.
Temos problemas, mas não somos os problemas. O
despertar é um processo de autoconsciência e
autodomínio. Quando despertos, sofremos decepções e
dificuldades como os outros, porém, vivenciamos as
experiências com nossos recursos internos, tal como a
fé, os ideais, a esperança e o autoconhecimento. Quem
tem esperança (arte de esperar) deseja mudança para
melhor e não fica estagnado e imóvel ante o sofrimento;
movimenta-se com toda a vontade de transformar seu
contexto a partir da própria transformação.
A presença de um ideal superior alimenta em nós esse
sentimento e dá-nos vigor para ultrapassar os desafios.
Temos na simplicidade o último degrau da sabedoria e, no
despertar, o viver no mundo sem aderir aos processos
negativos deste, lutando pela nossa transformação e
melhoria.
Diante do vazio que às vezes nos invade a alma, dando
oportunidade ao desenvolvimento de melancolias ou
depressões, convidemos o Mestre para visitar a nossa
casa íntima, a fim de nos ensinar a ação perseverante no
bem, pelo bem e para o bem, de forma que não haja em
nossa agenda o espaço para a hora vazia, esse veículo de
tédio e desequilíbrio.
Bibliografia:
FERREIRA, Rossandro S. – Fé e Razão –
1ª edição – Editora Cristo - Consolador Santa Luzia/MG/
- 2009.
XAVIER, F. C. e VIEIRA, Waldo – O
Espírito da Verdade - (diversos Espíritos) – 10ª
edição – Editora FEB – BRASÍLIA/DF – lição 38.
KARDEC, Allan - O Evangelho segundo o
Espiritismo, capítulo 11.
KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos,
questão 75.
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