Dívidas acompanham o devedor
Há muitos séculos os Espíritos que visitam a Terra
informam que estamos de passagem e que a vida é curta
aqui, mas continua noutra dimensão, a verdadeira,
chamada de Reino dos Céus – a vida espiritual.
São os profetas, os sábios, os filósofos e o próprio
Cristo, que disse: “Na casa de meu Pai existem muitas
moradas”. E ainda: “Bem-aventurados os mansos e
pacíficos porque herdarão a Terra”.
Isso nos leva a compreender que ainda não somos
completos, não. Não estamos acabados e realizados,
estamos em formação, de humanos para outros níveis.
O que está pronto não se renova a cada momento da vida e
das circunstâncias do mundo, como Jesus, que manteve a
serenidade em sua trajetória.
Eu procuro viver me completando a cada dia e, às vezes,
a cada hora; por certo que falta muito. Tenho defeitos
de caráter, como ser intransigente, ficar irritado e
cultivar uma ansiedade que me acelera a fazer tudo numa
só hora.
Tenho por meu guia e modelo, que é completo, Jesus, que
fez sua peregrinação em muitos outros mundos e veio aqui
como extraterrestre e nosso governador, e com ele
aprendo que sou o construtor do meu mundo interior, e
não me esqueço de que minha vida é o maior
empreendimento que realizo para minha felicidade e paz
de espírito, e que somente eu posso evitar que ela vá à
decadência.
A cada um segundo suas obras. Temos nosso
livre-arbítrio, e nossas escolhas têm consequências. Mas
a liberdade é muitas vezes restrita, porque não
cumprimos nosso dever e não praticamos o que deveríamos
no campo do bem. Apesar dos esforços na melhoria, temos
que passar por situações amargas, como remédios que,
embora desagradáveis, nos levem à saúde.
É da lei, que está registrada em nossa consciência, que
não podemos fugir de nós mesmos, que aquele que deve
diante da Contabilidade Divina é escravo do compromisso
assumido no passado distante. Se a Bondade de Deus criou
a liberdade de escolha, somos nós quem criamos o
cativeiro que merecemos.
“Indiscutivelmente, os débitos que abraçamos são
anotados na Contabilidade da Vida; todavia, antes que a
vida os registre por fora, grava em nós mesmos, em toda
a extensão, o montante e os característicos de nossas
faltas. A pedra que atiramos no próximo talvez não volte
sobre nós em forma de pedra, mas permanece conosco na
figura de sofrimento. E, enquanto não se remove a causa
da angústia, os efeitos dela perduram sempre, tanto
quanto não se extingue a moléstia, em definitivo, se não
a eliminamos na origem do mal.” (1)
Somente quebramos essa algema do passado com a prática
do bem, do perdão e da fraternidade com nosso
semelhante, respeitando todas as pessoas, com resignação
às leis, consideração às autoridades e dedicação ao bem
comum e ao nosso meio ambiente.
(1) Vida e Sexo, de Emmanuel
(Chico Xavier), publicado pela FEB.
Arnaldo Divo Rodrigues de
Camargo é editor da Editora EME
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