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Em Chico Xavier encontrei a matriz do verdadeiro “Homem
de Bem” |
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A frase acima, pronunciada na presente entrevista, é de
autoria de Yeda Peres Hungria (foto), radicada na
cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Natural
de Campos dos Goytacazes (RJ) e espírita desde 1960,
nossa entrevistada é funcionária aposentada do Poder
Legislativo do seu estado e, nas lides espíritas, ativa
participante do Núcleo Espírita Chico Xavier, de
Niterói.
Espírita muito próxima de Chico Xavier, ela comenta
nesta entrevista algumas de suas lembranças da
convivência com o conhecido e saudoso médium.
Quando e como se tornou espírita?
Pela dor. Na adolescência, acometeu-me grave enfermidade
emocional. Padecendo por mais de dois anos e sem
terapêutica eficaz, fui conduzida por mão amiga ao
Centro Espírita Irmã Rosa, instituição modelar em
Niterói. Neófita, me surpreendi ao psicografar um recado
despertando-me para os valores do espírito. Findo o
encontro, cessaram em definitivo os penosos sintomas.
Diante do “chamado”, abracei
o estudo e a prática da Terceira Revelação.
Como conheceu Chico Xavier?
Desde que assumi a Doutrina Renovadora, nasceu grande
admiração por Chico Xavier. Inesquecíveis a biografia, a
mensagem, os paradigmas, a ação missionária, o amor ao
próximo, a vivência no Cristo... Anos depois, em 1974,
sucedeu o encontro pessoal. Desejando homenageá-lo e a
sua obra, pleiteei, com sua anuência, ao Poder
Legislativo, a concessão do Título de Cidadão
Fluminense. Aprovada a honraria, fui a Uberaba tratar
das providências. Desde então, tornou-se frequente e
instrutiva a visitação, perdurando até pouco antes de
seus últimos dias no corpo físico.
Que mais lhe marcou na personalidade do médium?
Sem dúvida, a doçura, a humildade, o amor universal, o
acervo doutrinário, a veneração ao dever, a disciplina
mediúnica, a fidelidade a Jesus e a Kardec... Em Chico
Xavier encontrei a matriz do verdadeiro “Homem de Bem”,
conforme Lucas, em 6:43-44, e Kardec, na questão 918 de O
Livro dos Espíritos. Conservo
na memória o desvelo, os exemplos, os ensinamentos, os
estímulos, as revelações que o Suave Peregrino me
proporcionou ao longo de 28 anos.
Mencione uma lembrança que conserva do Chico.
No dia 30 de novembro de 1974, antecedendo à solenidade
oficial de entrega da honraria na sede do Poder
Legislativo, recepcionei-o em minha casa. Calor de
verão. Ao retirar o paletó, sua camisa estava colada ao
corpo. Lamentei o desconforto, mas sua habitual
pedagogia logo se manifestou: “Calor nenhum, minha
filha! Veja o sol brilhando, o céu azul maravilhoso, a
Vida a se renovar! Obras maravilhosas de Deus!” Sua
reverência à criação divina situava-se além de eventuais desconfortos
físicos.
Como foi a homenagem a Chico Xavier em Niterói?
A então Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro
programara o encontro do público com o médium, após a
cerimônia de outorga do Título de Cidadania. Pela
primeira vez, Chico Xavier se apresentava em nossa
cidade. O local designado fora o enorme conjunto
esportivo do Ginásio Caio Martins, que se mostrou
minúsculo ante a multidão local, acrescida de caravanas
do interior. Recordo-me do brilho de seus olhos e da
imensa alegria ao distribuir rosas
aos que o saudavam na fila de cumprimentos.
Cite um caso que presenciou.
Nas tardes de sextas-feiras, no Grupo Espírita da Prece,
em Uberaba, Chico Xavier recebia notícias dos que
retornaram ao Mundo Maior. Certa vez, após o almoço, ao
sairmos de sua casa para a instituição, deteve-se e foi
ao quarto. À porta, vi-o retirar algo de uma gaveta e
colocar no bolso. Chegando ao Grupo, pôs-me ao seu lado
e iniciou o atendimento ao público. Aproximou-se uma
visitante: “Chico, perdi meu filho amado. Enviei cartas
angustiadas a você, mas ainda não obtive resposta. Vim
do Nordeste, em busca de notícias. Estou desesperada!” O
medianeiro retira do bolso uma foto e sussurra: “Esse é
o seu filho?” Emocionada, confirma a indagação. À noite,
após a reunião pública, exibia, em lágrimas, alegria e
consolação ante as notícias do saudoso filho trazidas ao
lápis do abençoado médium. A foto mencionada era o que
retirara da gaveta, em sua casa.
Que podemos dizer de Chico Xavier?
Inesquecível multiplicador do Bem, fiel sucessor da obra
de Kardec. Adjetivar é limitá-lo.
Fale-nos sobre a placa comemorativa em homenagem a
Kardec, na praia de Piratininga, em Niterói.
O confrade Paulo Sérgio Peixoto, atuante dirigente do
Grupo Espírita Paz e Renovação - GEPAR, de nossa cidade,
instituiu o “Mês da Cultura Espírita”. Desejando, ainda,
reverenciar o Codificador, inaugurou, na praça pública
que leva seu nome, uma placa comemorativa, em granito,
com a sua efígie, em bronze. E, por se relacionar com os
confrades da cidade francesa de Lyon, berço do
reverenciado, lá promoveu a mesma homenagem. Anualmente,
eles prestigiam as comemorações em Niterói.
Algo mais que gostaria de acrescentar?
Agradeço à generosa espiritualidade a dádiva de ter
podido desfrutar das vivências e do aprendizado com
Chico Xavier, maior referência humana. Igualmente,
agradeço à revista eletrônica O Consolador pela
oportunidade de reproduzir algumas saudosas e
inesquecíveis recordações.
Suas palavras finais.
Vivemos conturbada conjuntura, fruto da carência de
preceitos de ordens ética, moral, espiritual,
humanitárias... Enfim, do Amor em sua mais sublime
expressão. Contudo, não nos tem faltado o socorro dos
arautos do Amado Pai, que operam na reeducação de nossos
espíritos. Em contrapartida, necessário apurarmos a
própria modelagem psíquica estruturando-a com o
pensamento humanístico, o bem-estar coletivo, os
propósitos transcendentais. E, dentre esses arautos,
resplandece a figura etérea e inesquecível de “O Maior
Brasileiro de Todos os Tempos”, conforme título
conferido a Francisco Cândido Xavier pelo SBT - Sistema
Brasileiro de Televisão, em concurso público nacional,
realizado em 3 de outubro de 2001, em São Paulo.
Obrigada.