Natureza é brinquedo
“... as forças mais profundas que vivem na criança só
podem ser tocadas e avivadas pelo brinquedo mais sadio
do mundo: o brinquedo chamado Natureza.” R. Kishnick
Corro no parque pelas manhãs. Dia desses, alterei o
horário e fui correr à tarde. Era uma sexta-feira.
Finalizado o percurso, parei para alongar perto de uma
rede de altas árvores no campinho, onde as pessoas fazem
piquenique e jogam bola.
Lá estava um homem e seu filho, um meninozinho.
Encantou-se com uma borboleta, depois uma folha, uma
formiga, o pássaro que parecia morar naquela árvore
velha.
“Como se chama?”
“Tipuana.”
“Como?”
“Tipuana.”
Não quis pronunciar. Mas não se cansava de sorrir
ouvindo a palavra sonora: “Tipuana.”
As árvores também são incansáveis. Estão, no mundo,
sempre disponíveis para os meninos e as meninas. Ficam
arteiras quando eles se aproximam para as descobertas,
as alegres brincadeiras.
O pai quer partir. O menino não quer ir. O sol acabara
de se pôr. Vênus no horizonte. O pai diz que é preciso
ir para casa. Passar no mercado, comprar queijo, tomate
e macarrão.
“Amanhã a gente volta?”
O pai fez silêncio. Meditava uma resposta.
“Amanhã a gente volta?”
“Volta?”
E de novo: “Volta, pai?”
Fiquei torcendo em silêncio. Sábado é uma alegria
criança na natureza.
“Voltamos, sim.”
O meninozinho sorriu numa mistura de felicidade e
espanto.
Quanto a mim, respirei aliviada com a resolução positiva
do suspense…
Notinha
Criança que brinca em contato com a natureza – parques,
jardins, fundo de quintal (agraciado com gramado,
plantas ou árvore...), praças do bairro etc. –
experimenta aprendizado rico, espontâneo, treina, por
exemplo, empatia, coragem, paciência, cooperação etc.,
e, por isso, de maneira natural e tranquila, imaginação
criadora e habilidades diversas se potencializam…
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