Tema: Solidariedade
Que lanche gostoso!
O sinal da escola tocou anunciando a hora do intervalo.
Como de costume, as crianças pegaram suas lancheiras e
se dirigiram para as mesas do pátio, próximas à cantina.
No meio da agitação da meninada, Carlos, de cabeça
baixa, caminhava tristonho, carregando a lancheira leve,
que ele sabia estar vazia.
Chegando ao lugar em que costumava sentar, apenas pôs a
lancheira em cima da mesa.
As crianças não podiam ir brincar antes de tomarem o
lanche. Mas, ao invés de se sentar e esperar, como vinha
fazendo há alguns dias, Carlos pediu permissão para ir
ao banheiro. Ele estava com fome e preferia não ver seus
colegas comendo.
Os amigos já haviam reparado no que vinha acontecendo e
comentavam.
Otávio achava que a mãe do menino estava doente e por
isso não preparava seu lanche. Lucas afirmava que não
era questão de doença e sim que os pais estavam se
separando. Para Joana, a família estava sem dinheiro e
por isso não mandava comida e nem dava dinheiro para ele
comprar na cantina.
Carlos, de fato, andava diferente, muito quieto.
Naquele dia, ele demorou quanto pôde no banheiro.
Depois, foi até o bebedouro tomar água. Só então voltou
para as mesas da cantina. Notou, insatisfeito, que
deveria ter demorado mais, pois seus amigos ainda
estavam lá.
Ao se aproximar, viu sua lancheira em cima da cadeira
onde iria se sentar. Não entendeu por que ela estava
ali, mas, quando foi pegá-la para pô-la em cima da mesa
novamente, percebeu que estava pesada.
Carlos, então, se sentou e abriu a lancheira. Ele
surpreendeu-se ao vê-la cheia de coisas gostosas. Tinha
metade de um sanduíche de queijo, igual ao do Lucas, um
pedaço de bolo igual ao da Joana, umas bolachas de
chocolate iguais às do Otávio e muitas outras coisas.
O menino, muito feliz, olhou para os lados sorrindo e
viu que os amigos sorriam para ele também. Sem saber
como agradecer por aquele gesto que agradou tanto seu
estômago quanto seu coração, só pôde dizer, alegremente:
– Que lanche gostoso!
As outras crianças se sentiram tão felizes quanto Carlos
e, quando todos terminaram de lanchar, foram brincar
contentes.
Carlos sentia-se bem melhor e o carinho que recebeu o
incentivou a contar para Lucas o que estava acontecendo.
Carlos vinha a pé para a escola e, no caminho, todos os
dias, pouco antes de chegar, um rapaz, que vivia na rua,
roubava seu lanche. Carlos tinha medo dele, pois ele o
ameaçava e dizia para não contar nada para ninguém.
Lucas achou aquilo muito grave e o encorajou a procurar
a professora. No mesmo dia, eles foram juntos contar
tudo a ela, que elogiou muito a atitude deles, dizendo
que esse problema tinha que ser resolvido e não
prolongado.
A professora entrou em contato com os pais de Carlos,
que não faziam ideia do que estava acontecendo. Eles
passaram a levá-lo até a escola todos os dias.
O diretor também foi comunicado e, além de passar um
aviso alertando as famílias, pediu reforço policial para
aumentar a vigilância nas ruas próximas à escola. Em
poucos dias, o rapaz foi encontrado e preso, pois estava
roubando outras crianças e até algumas casas da região
também.
O caso foi resolvido e serviu até de ensinamento para
outras crianças. Carlos voltou a ser alegre como antes e
sentia que a amizade entre ele e as outras crianças da
turma estava ainda mais forte.
Um dia, quando tudo já estava bem, Carlos pediu à sua
mãe levar na hora do lanche um gostoso bolo e suco, para
ele dividir com todos.
Todos perceberam que era uma forma de agradecer por
aquele dia em que compartilharam o lanche com ele.
Lucas, comendo o bolo, sorriu para o amigo e disse:
– Que lanche gostoso!