Construção do amor
Lamentas, coração, o dever que te prende,
Quase que o dia inteiro,
Como se a vida se te fosse
Doloroso e pesado cativeiro.
Não te queixes… Se tens obrigações
Plenas de encargos extras, ao redor,
Tranquiliza-te e pensa
Que a bondade de Deus nos dá sempre o melhor.
Em toda parte, a Natureza
É um campo de lições sábias e novas,
Edificando exemplos para a vida
E indicando roteiro às nossas provas.
Não fosse o tronco anoso e resistente,
Suportando granizo e tufões escarninhos,
Não surgiriam frondes vigorosas
Acalentando a música dos ninhos.
Não fossem as montanhas empedradas,
Cuja forma quase não se descerra,
O mar invadiria os continentes,
Destruindo as cidades sobre a Terra.
Sem o solo gemendo, ao peso dos tratores,
Sem o arado a rasgar-lhe o coração fecundo,
A Civilização não teria colheitas
Para extinguir a fome que há no mundo.
Se a ama do estábulo recusasse a estaca
Em que o ordenhador a fere e desafia
Para furtar-lhe o sangue transformado em leite,
Quanta criança morreria!…
Assim, no mundo, coração amigo,
Quem não estende o bem, nem decide a se expor
À renúncia, ao trabalho e ao sacrifício,
Não consegue servir na construção do Amor!…
Do livro Fé e vida, obra psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier.