Mediunidade e alienação mental
“A mediunidade, conforme sabemos, exige exercício
disciplinado, sintonia com as esferas superiores,
meditação constante, isto é, vida íntima ativa e bem
direcionada, ao lado do conhecimento do seu mecanismo e
estrutura, de modo a tornar-se facilidade superior da e
para a vida.” ¹
A mediunidade é a faculdade que nos permite entrar em
contato com o mundo espiritual. Aprendemos, para
exercê-la, as lições que nos são dadas pelos bons
Espíritos e, assim, podemos consolar encarnados e
desencarnados que procuram nossa orientação e carinho.
Quando praticada com disciplina e baseada nos
ensinamentos de Jesus, é consolo e lenitivo para todos
nós.
Muitas pessoas, por falta de conhecimento, não acreditam
na possibilidade dessa comunicação. Não têm fundamento
os argumentos que usam para justificar seus pontos de
vista, porque suas opiniões se baseiam em comentários
que ouviram de pessoas que também não são estudiosas do
assunto. No capítulo 43, ‘Alienação Mental’, do livro “Seara
dos Médiuns”, Emmanuel, estimado benfeitor
espiritual, dirige-se a essas pessoas que acreditam
haver ligação entre mediunidade e alienação mental.
Afirma que “especialistas que apenas examinassem os
problemas do homem natural através do homem doente” ²
não estariam fazendo uma análise verdadeira.
Quem pratica a mediunidade é o médium. De acordo com
Kardec, no capítulo 14 de “O Livro dos Médiuns”,
todo aquele que sente, em qualquer grau, a influência
dos Espíritos, é médium. Mas somente aqueles que
conseguem desenvolvê-la, torná-la positiva e atuante,
serão considerados médiuns.
Há médiuns desequilibrados? Sim, assim como há pessoas
desequilibradas em qualquer lugar da nossa sociedade,
independentemente da formação, da posição social,
religião que seguem ou praticam. Não podemos julgar toda
uma comunidade porque um membro que dela participa
apresentou problemas de equilíbrio, de saúde, de
comportamento. Kardec afirma que cada um expressa a
mediunidade em um grau diferente de outros companheiros.
E Emmanuel corrobora dizendo que cada pessoa vai
expressar sua mediunidade de acordo com seu grau de
evolução.
Como a pessoa se porta no convívio social? Como se
expressa através dos seus órgãos dos sentidos? Olhos,
ouvidos, boca (fala). O que nossos olhos veem? A bondade
praticada silenciosamente por um grupo grande de homens
e mulheres ou a maldade estrondosa e barulhenta,
praticada por outro grupo, muitas vezes bem menor que o
primeiro, mas que ocupa manchetes de televisão, rádio,
jornal, redes sociais?
O mesmo se dá com o que ouvimos. Ou falamos. Temos
certeza de que nossos comentários são verdadeiros? Que
vão ajudar nosso próximo? Ou desmerecem alguém? Quanto
tempo, ou melhor, quantas encarnações, ainda,
precisaremos para entender que nossos pensamentos, que
precedem nossos atos, geram consequências?
No livro Dissertações mediúnicas, Emmanuel aborda
aspectos interessantes que muitas vezes não são
percebidos pelos médiuns. No capítulo 1, ele afirma que
“esse posto é posto da renúncia, da abnegação e dos
sacrifícios espontâneos”, ou seja, é importante saber
que quem nasceu para executar a tarefa de trabalhar na
mediunidade, a favor de sua evolução, mas,
principalmente, atuando no socorro ao próximo, encarnado
ou desencarnado, precisa conseguir filtrar tudo o que
pode afetar seu equilíbrio espiritual. O apóstolo Paulo
de Tarso já dizia: “sei que tudo posso, mas nem tudo
me convém”. Agir com responsabilidade e encaixar a
tarefa mediúnica nas suas atividades semanais, sem
deixar de cumpri-la.
Por essa razão, Emmanuel afirma que a mediunidade deve
ser encarada como um sacerdócio, ser cumprida com
nobreza, com a consciência serena, para não tombar na
luta e sempre pesar as consequências dos próprios atos,
ou seja, renunciar aos desejos e aspirações de ordem
material que possam impedir sua evolução moral.
O médium deve se preocupar sempre com os estudos
relativos à tarefa que realiza. Já nos disse o Espírito
de Verdade que o primeiro mandamento dos espíritas é
amar. E, o segundo, instruir-se. Quando o médium estuda,
ele está se preparando para enfrentar todos os
obstáculos do seu caminho. Estudar fortalece sua fé, sua
boa vontade. E, assim, o trabalhador será luz da crença
e esperança para todos que o procuram.
Todos nós sabemos que a Terra é um planeta de expiações
e provas, e que, por isso, ainda somos cercados por
sombras, lágrimas e sofrimentos. Por tudo isso, é
importante vigiar e orar para evitar que sejamos
atingidos por vibrações que podem nos desequilibrar.
“Os médiuns, em sua generalidade – prossegue
o benfeitor –, não são missionários na acepção comum
do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que
contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas e
que resgatam sob o peso de severos compromissos e
ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e
delituoso.” São Espíritos que tombaram porque
abusaram do poder, da autoridade, da fortuna, da
inteligência. Retornaram à Terra para difíceis resgates,
que muitas vezes significam sacrificar-se a favor das
almas que prejudicaram, devendo considerar os
sofrimentos que enfrentam como ações renovadoras. E isso
só ocorrerá quando conseguirem reconhecer e assumir as
escolhas infelizes que fizeram, porque somente assim
atingirão a redenção.
Ter consciência de que, para cumprir sua tarefa, deverá
estudar, entender e praticar os ensinos de Jesus.
Conhecer o Evangelho do Mestre na sua divina pureza. Ser
humilde, não encarando a mediunidade como um privilégio,
e sim, como bendita oportunidade de recomeçar, através
da correção de atitudes inadequadas e injustiças que
possa ter cometido.
Podemos concluir, assim, que Deus nos permitiu fazer uso
da atividade mediúnica para nossa evolução. Cada um de
nós, de acordo com suas possibilidades e empenho, fará o
melhor uso possível dessa faculdade, pois requererá de
nós responsabilidade, disciplina e persistência. É uma
tarefa árdua, mas Deus nos dá todo o suporte através da
atuação dos Espíritos Superiores nos esclarecendo,
sustentando e apoiando, para enfrentarmos com êxito
nossas dificuldades.
“A mediunidade é uma delicada flor que, para
desabrochar, necessita de acuradas precauções e assíduos
cuidados. Exige o método, a paciência, as altas
aspirações, os sentimentos nobres, e, sobretudo, a terna
solicitude do bom Espírito que a envolve em seu amor, em
seus fluidos vivificantes.” ²
Bibliografia:
1. FRANCO,
Divaldo Pereira - Loucura e Obsessão, ditado pelo
Espírito Manoel Philomeno de Miranda - 9ª Edição – FEB -
Rio de Janeiro, cap. 22 – 2003.
2. XAVIER,
F. C. Seara dos Médiuns – ditado pelo Espírito
Emmanuel – 22ª edição, FEB – cap. 43.
3. DENIS,
Léon – No Invisível – 2ª reimpressão - FEB – Rio
de Janeiro - Cap. 5 – Parte 1 - 2010.
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