Para onde olhas?
Ao passar na Terra, Cristo, o Mestre da Vida, deixou-nos
como herança apenas uma oração no meio de seus enormes
ensinamentos. Passados pouco mais de 1850 anos, a
Doutrina Espírita nos vem explicar que os rituais ou
cerimoniais são de pouca importância e, muitas das
vezes, criadores de um ambiente mitológico que nos
embala em uma ilusão “religiosa”, neste caso, empírica
de mitologia e fugaz à realidade.
Nos seus ensinamentos, Jesus deixa-nos uma simplicidade
que ainda não conseguimos compreender; parece
incongruente este paradigma porque a palavra simples
deveria descrever algo fácil de compreensão, mas a
simplicidade psicológica e/ou moral é de difícil acesso
às mentes complicadas da humanidade presente no planeta,
que funcionam contrárias a esta humildade de percepção e
ação.
Ele nos diz para procurarmos em primeiro lugar o Reino
de Deus, e que este não vem de forma exterior, mas está
latente dentro de nós. Muitos de nós esperam desencarnar
para poderem usufruir deste reino, o que não passa de
sua imaginação.
Como a Doutrina Espírita nos explica, o desencarne é uma
passagem para o lado espiritual, que alguns de nós
permanecerão em zonas mais sombrias por já as
vivenciarem deste lado, outros poderão encontrar um
pouco de luz como continuação da vida terrena.
Por outras palavras, quem moldar um ser sereno e calmo
viverá em paz, seja aonde for, o que nos demonstra que a
paz é uma aquisição individual. Oito mil milhões de
seres em paz, teremos um planeta maravilhoso, um paraíso
construído para desfrutarmos em conjunto.
Como tal, não vale a pena esperar pelo desencarne para
melhorar a vida, pois nós somos a vida, essa difícil
tarefa tem que ser efetuada agora, no presente, uma vez
que este é o tempo em que nós podemos fazer qualquer
coisa.
Existe uma ideia errada de que o Budismo não acredita em
Deus ou num ser superior. Na verdade, o que Buda
aconselha é que não se perca muito tempo a pensar nisso,
porque se torna uma ilusão. Dentro de sua Sabedoria tem
toda a razão, e reparem que se perguntarmos o que é
Deus, e pudemos assistir a essa questão como a primeira
questão de O Livro dos Espíritos, é-nos
respondido que Deus é a Inteligência Suprema. Na
terceira questão nos transmitem também que não temos a
capacidade de compreender porque está para além da nossa
inteligência, ou seja, de forma simpática, dizem-nos
para não perdermos muito tempo com estas questões, já
que não temos como compreender nessa forma humana.
E o Espírito? Acham que a resposta é diferente? Claro
que não, apenas nos dizem, nas perguntas 23 e 24, que é
difícil de ser analisado em nossa linguagem, assim,
dão-nos uma ideia que nós transformamos em imagem e
pensamos que já sabemos.
O resultado desta ideia é o apego ao ser, como em quase
tudo que colocamos as nossas mentes, por pensar que já
sabemos.
Nós temos ideia de que somos o Bruno (exemplo) e que
este tem um Espírito, ou o Espírito é o Bruno mais
profundo. Guardamos em nós uma montagem convencional de
que o Espírito são nossos melhores atributos humanos,
que nos darão a sobrevivência eterna, mascarando a nossa
ignorância.
O ser terreno, o Bruno, não é limitado a uma existência;
numa outra reencarnação, ao nascer em outro ponto do
globo, terá uma educação diferente, com princípios
latentes na sociedade daquela zona. Do Espírito
permanece, de uma reencarnação para outra, o fundamento
moral.
O Mestre Jesus diz-nos que um dia conheceremos a verdade
e ela nos libertará; esta verdade está ligada ao reino
de Deus que está em nosso interior, e caminhar em
direção a este é conhecer a verdade. Se não conhecemos a
verdade, de que forma vivemos? Logicamente, em ilusão.
A psicologia chegou à conclusão de que a realidade de
cada um é montada em sua mente. Se é uma realidade
diferente a cada pessoa, não poderá ser a verdade de que
Jesus nos fala.
O que fica entre nós, seres terrenos, e a verdade?
Nós, é claro, mais nada fica senão nós.
E o que somos nós?
Esse é o maior sentido da existência terrena. A gente
vem à Terra quantas vezes necessárias para crescer e
evoluir da ignorância. A ignorância são as
características humanas que nos colocam na
individualidade, separando-nos do restante do grupo
psicologicamente, tal como o Egoísmo, o Orgulho, a
Vaidade, a Raiva etc., levando-nos a afastar do amor ao
próximo e a Deus.
Ao compreendermos isto, tal como Joanna de Ângelis nos
explica em sua série psicológica, compreendemos como o
nosso ser terreno é vazio e sem sustentação, não
passando de um complexo “empedrado” de ideias, que nos
parece um ser real pelo apego que despendemos, daí
resultarem todas as lutas existentes no planeta, a
paixão, a razão de cada um ou de um grupo.
Como poderemos compreender isto?
Vigiai e Orai, para não cairdes em tentação.
A vigília constante na nossa mente, tarefa extremamente
difícil para nós, embora nos pareça simples, é uma forma
de atenção, que pode ser desenvolvida com o hábito, e o
prêmio, esse é imenso, tal como Joanna de Ângelis
descreve: a descoberta dos embustes do Ego!
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