Um outro ponto de vista sobre nossos anjos guardiães
Afirma-nos Kardec: “O Espiritismo é o resultado de
uma convicção pessoal...”,
como também nos diz o Espírito Platão: “Limitada tendes,
é certo, a vossa razão...”
Mas, indo ao tema em questão, achamos o Espiritismo
extremamente consolador e temos que a Doutrina dos anjos
guardiães traz-nos um grande alento, partindo da
premissa de que nunca estamos sozinhos.
O ponto chave é saber quem nos acompanha e
principalmente por qual motivo o está fazendo.
Dizemos isso porque ficamos pensando sobre os anjos
guardiães e sobre esse assunto me indago.
Será que esses seres que constantemente querem o nosso
bem, são realmente Espíritos Superiores ou será que são
unicamente superiores a nós?
Sobre o Espiritismo, no primeiro livro que Kardec
publicou (18/04/1857), em sua segunda tiragem que saiu
no ano de 1860 e que por sinal é esta que adotamos até
hoje, vemos na pergunta e resposta 514 do OLE, por qual
nome devemos chamar os Espíritos que nos protegem. E nos
é respondido que podemos chamá-los como quisermos e que
devemos ter consciência de que há gradações entre eles.
Em nota posterior, Kardec disse que “o anjo de guarda é
sempre um Espírito superior ao protegido”. Todavia, a
nosso ver, se observarmos o contexto da narrativa,
veremos que não foi bem isso que o Codificador da
Doutrina Espírita quis nos dizer. Basta atentarmos para
o fato de que “tanto o Espírito que é menos, quanto o
mais elevado, são superiores ao encarnado”.
Na internet também colhi o seguinte relato:
Muitos pensam que seu anjo de guarda ou Espírito
Protetor seja um ser elevadíssimo, um Espírito Superior
- isso é uma presunção. Seria o mesmo que pretendermos
que o Ministro da Justiça viesse resolver a nossa
questiúncula com nosso vizinho. Para isso, existe uma
autoridade específica. Que temos diversos Espíritos que
se interessam pela nossa proteção e desenvolvimento, não
resta dúvida, mas que os mesmos sejam de ordem superior
é pura vaidade de nossa parte...
Realmente há pessoas que não admitem ser aconselhadas
por seres espirituais muito elevados a elas. (Ver notas
1 e 2). Todavia, para nós, a Codificação Kardecista deve
ser interpretada como nos ensinou Kardec.
Apenas para fins
ilustrativos, vejamos o que a Bíblia nos mostra: “Olhai
para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem
ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta.
Não valeis vós muito mais do que elas?”
Ora, se Deus que é tão superior a nós se preocupa
conosco, é claro que ele vai colocar alguém para velar
por cada um.
Os Espíritos bons da
Codificação Espírita, mostrando toda sabedoria, também
falaram que “Deus se ocupa com os seres mais
pequeninos”.
E os Espíritos superiores São Luís e Santo Agostinho nos
revelaram:
“[...] Oh! Interrogai os vossos anjos guardiães;
estabelecei entre eles e vós essa terna intimidade que
reina entre os melhores amigos. [...]
Aos que considerem impossível que Espíritos
verdadeiramente elevados se consagrem a tarefa tão
laboriosa e de todos os instantes, diremos que nós vos
influenciamos as almas, estando embora muitos milhões de
léguas distantes de vós. O espaço, para nós, nada é, e
não obstante viverem noutro mundo, os nossos Espíritos
conservam suas ligações com os vossos. [...] Cada anjo
de guarda tem o seu protegido, pelo qual vela, como o
pai pelo filho. Alegra-se, quando o vê no bom caminho;
sofre, quando ele lhe despreza os conselhos.
Não receeis fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao
contrário, procurai estar sempre em relação conosco.
Sereis assim mais fortes e mais felizes...”
Amigos, prestem atenção na fala acima! Refleti bem sobre
ela e veja para qual lado a sua razão penderá.
E também defendendo a nossa teoria, encontramos esses
dizeres dos Espíritos:
“[...] Não creias, todavia, que os Espíritos
bem-aventurados estejam em contemplação por toda a
eternidade. [...] dão útil emprego à inteligência que
adquiriram, auxiliando os progressos dos outros
Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um
gozo”.
Com esses dizeres que acabamos de ler, tudo nos leva a
crer que os anjos guardiães são espíritos superiores que
dão guarida aos inferiores.
Caros leitores, o raciocínio é simples! O Kardecismo nos
diz que tudo se encontra em um processo evolutivo das
almas. “Mas como assim?” Perguntarão alguns. E
continuarão indagando: “O que são os anjos da guarda?”
Respondo-lhes que estes são meramente o homem ou a alma
humana, como preferirem, que atingiu um estado moral
mais evoluído.
Mas no Evangelho, que foi escrito anos depois, é que
vemos mais claramente este parecer de Kardec. Afinal,
vale sua última opinião. Não é verdade? Leiam-na abaixo:
“[...]
Além do Anjo guardião, que é sempre um Espírito
superior, temos Espíritos protetores que, embora menos
elevados, não são menos bons e magnânimos. Contamo-los
entre amigos, ou parentes, ou, até, entre pessoas que
não conhecemos na existência atual. Eles nos assistem
com seus conselhos e, não raro, intervindo nos atos da
nossa vida.
Espíritos simpáticos são os que se nos ligam por uma
certa analogia de gostos e pendores. Podem ser bons ou
maus, conforme a natureza das inclinações nossas que os
atraiam.
[...]
Deus, em o nosso anjo guardião, nos deu um guia
principal e superior e, nos Espíritos protetores e
familiares, guias secundários...
Achamos este, um discurso lógico e condizente com a
Doutrina Espírita.
Prezados confrades espiritistas, aqui no capítulo 28 de O
Evangelho segundo o Espiritismo, nos prefácios das
preces, Kardec nos dá verdadeiras “pérolas doutrinárias”
e esclarecimentos, principalmente no que concerne aos
anjos guardiães.
Fica-nos claro que há
três categorias de Espíritos que nos protegem. 1ª. Os
Anjos guardiães, que SÃO SEMPRE um Espírito superior.
2ª. Os Espíritos protetores que, EMBORA MENOS ELEVADOS,
não são menos bons e magnânimos. Por fim temos a última
que nos mostra que os Espíritos simpáticos são os que se
nos ligam por uma certa analogia de gostos e pendores.
PODEM SER BONS OU MAUS, conforme a natureza das
inclinações nossas que os atraiam. Nesta que está o
problema. Aqueles são sempre benévolos, mas estes
últimos poderão nos conduzir para o bem ou para o mal.
Dependerá para qual lado penderemos. Visto isto, é de
extrema importância que sigamos a exortação de Jesus: “Vigiai
e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na
verdade, está pronto, mas a carne é fraca”.
Reparem bem: “todo anjo de guarda é sempre um anjo
protetor. Mas nem todo anjo protetor é um anjo de
guarda”. Futuramente o segundo se tornará um primeiro.
Mas naquele instante não! Quanto aos nossos anjos
guardiães, esse é um detalhe fundamental, que sempre
deve ser, além de observado, bem analisado.
No CI, cap. 3, itens 12 e 13, vemos claramente a
subdivisão dos Espíritos puros. Visto isto,
perguntamo-nos: por que os anjos guardiães não o fariam
também?
Para nós é de grande relevância os 3 exemplos abaixo:
1 - Espíritos superiores = CI, cap. 10, it. 12.
2 – Espíritos protetores = OLE, q. 507.
3 – Espíritos simpáticos = RE, 05.1866, UM PAI
NEGLIGENTE COM OS FILHOS, p. 193.
Aos confrades que afirmam ser o nosso anjo guardião não
tão elevado, no nosso parco modo de ver as coisas,
achamos que sim. Pois na frase contida no Evangelho, ou
seja, a que nos mostra: “Além
do Anjo guardião, que é sempre um Espírito superior”,
no texto original no idioma Francês, não aparece os
vocábulos “a nós” ou “qualquer termo do gênero”. Para
afirmarmos isso, tivemos o cuidado de buscar o referido
trecho. Ei-lo abaixo para que qualquer pessoa possa
vê-lo:
“[...] Outre notre ange gardien, qui est toujours un
Esprit supérieur, nous avons des Esprits protecteurs
qui, pour être moins élevés, n'en sont pas moins bons et
bienveillants; ce sont, ou des parents, ou des amis, ou
quelquefois des personnes que nous n'avons pas connues
dans notre existence actuelle. Ils nous assistent par
leurs conseils, et souvent par leur intervention dans
les actes de notre vie.
Les Esprits sympathiques sont ceux qui s'attachent à
nous par une certaine similitude de goûts et de
penchants; ils peuvent être bons ou mauvais, selon la
nature des inclinations qui les attirent vers nous.
[...] Dieu nous a donné un guide principal et supérieur
dans notre ange gardien, et des guides secondaires dans
nos Esprits protecteurs et familiers...”
Obtivemos a seguir sua tradução abaixo:
[...] Além de nosso anjo da guarda, que é sempre um
Espírito superior, temos Espíritos protetores que, por
serem menos elevados, são, no entanto, bons e
benevolentes; eles são, ou pais, ou amigos, ou às vezes
pessoas que não conhecemos em nossa existência atual.
Eles nos ajudam com seus conselhos e, muitas vezes, com
sua intervenção nos atos de nossa vida.
Espíritos simpáticos são aqueles que se apegam a nós por
uma certa semelhança de gostos e inclinações; elas podem
ser boas ou más, de acordo com a natureza das
inclinações que as atraem para nós.
[...] Deus nos deu um guia superior e líder em nosso
anjo da guarda e guias secundários em nossos Espíritos
protetores e familiares...
Por tudo exposto, deduzimos facilmente que, como já
dissemos: “todo anjo guardião é também um espírito
protetor. Mas não o contrário”.
|