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por Pedro de Campos

 

Terceira Revelação Doutrina Progressista

 

Kardec ressaltou o aspecto do Espiritismo como sendo “aliança da ciência com a religião”. Assim é preciso notar essa interligação e levá-la à prática sem separações, mas exercitando-as de modo equilibrado. Será que estamos? Vamos observar neste texto algumas considerações.

Jesus, ao desencarnar, foi para o Pai, entidade maior que Ele (Jo 14:28), mas disse que rogaria a Deus para dar ao homem outro Paráclito, que ficaria com o homem eternamente. Jesus falava do Espírito da Verdade (Jo 16:13), que naqueles tempos o mundo ainda não podia suportar os ensinamentos, porque não o via nem o conhecia; mas o homem, nos tempos de hoje, já o conhece, pois está com ele e nele permanece (Jo 17:6-26).

Allan Kardec registra que o “consolador prometido” presidiu a instauração do Espiritismo personificado no ensino dos Espíritos Superiores, conforme aponta nas obras básicas. Entidades espirituais de alta hierarquia legaram ao homem a Terceira Revelação, designada também como Revelação Espírita, Nova ou Moderna Revelação.

Tais registros e minúcias são encontrados em O Evangelho segundo o Espiritismo, de 1864, nos capítulos “Não vim revogar a lei – O Espiritismo” (I, 5-6), “Aliança da ciência com a religião” (I, 8-11) e “O Consolador Prometido” (VI, 3-8); no livro A Gênese, de 1868nos capítulos “Caráter da revelação espírita” (I, 1-62), “Predições do Evangelho – Anúncio do Consolador” (XVII, 35-41).

Nessas obras foi mostrado que a Nova Revelação é um traço que une ciência e religião, confirmando a existência de um elemento espiritual do qual o homem emerge. Não caberia na prática espírita retirar sua ciência experimental, a qual deve estar em evolução perene, porque o aspecto religioso desconectado da ciência experimental perde seu sentido lógico, aproximando-se do conceito de seita, das muitas que emergiram na Antiguidade e depois se apagaram naquele mesmo cenário antigo.

Kardec ressalta que a Terceira Revelação é uma “aliança da ciência com a religião” e sela de modo inequívoco o chamado tríplice aspecto doutrinário, composto de ciência, filosofia e religião. Assim, não cabe a nenhum adepto desequilibrar essa trilogia em benefício de um particular aspecto favorito, em detrimento de outro, porque assim estaria mutilando a integralidade doutrinária.

Se uma instituição desequilibrasse essa base tríplice, posicionando-se, por suposição, unicamente na “ciência”, ela tenderia a uma conexão radical, a um modelo exclusivamente lógico, quase matemático, ou, então, ao cientismo que apenas extrairia o ranço metafísico do conteúdo, substituindo-o por palavras científicas de moda, digeríveis mais facilmente ao intelecto. Se favorecesse a “filosofia”, então ela desaguaria num filosofismo de abstração, que se ausenta do mundo prático por preferir a ilusão. Por outro lado, se apadrinhasse apenas a religião, de prático teria uma religiomania efêmera, própria das seitas, com seguidores constituindo facções oponentes. No movimento espírita do passado, houve de fato tendência a tal radicalização, mas a sensatez de muitos confrades evitou o embate e promoveu o equilíbrio com o chamado Pacto Áureo, que veio harmonizar o tríplice aspecto.

Essas três feições da Doutrina Espírita estão interligadas entre si e não devem ser separadas sob a pena de grave prejuízo. Elas devem ser exercitadas de modo equilibrado para garantir perenidade e expansão do Espiritismo, porque embora o aspecto religioso seja invariável, a ciência, ao contrário, altera dia a dia seus postulados e avança modificando para melhor.

Se a prática espírita não for equilibrada no tríplice aspecto, o painel doutrinário dado por Kardec — ao afirmar que o Espiritismo é uma “aliança da ciência com a religião” — ficaria divorciado na base, perderia sua originalidade e seu equilíbrio. Todo modelo sem razão lógica tende a decair na confiança pública e seu número de adeptos a diminuir, rumando à extinção. O único termômetro confiável para medir esse status e que se constitui a única certeza para avaliar ascensão ou declínio da Doutrina é o recenseamento oficial, hoje dado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o qual todo dirigente e divulgador espírita deve dedicar especial atenção.

Os números do IBGE não podem ser afastados com alegações políticas sem base estatística, no intuito de justificarem desempenhos insuficientes, porque a realidade dos números não pode ser encoberta com palavras vazias, mas deve ser afrontada com iniciativas igualmente lógicas, planejadas e efetivas para superação de toda e qualquer adversidade.

Cada instituição espírita, cada dirigente, cada veículo informativo deve ter consciência de sua responsabilidade para fazer o movimento espírita progredir a passos largos, maiores que o crescimento da população em que esteja inserido, caso contrário a Doutrina estaria regredindo. O fiel da balança é a pesquisa oficial, que exige nosso raciocínio lógico e muito trabalho para promovermos nos centros espíritas o preconizado tríplice aspecto doutrinário.

Não podemos mais ficar presos ao passado. A pluralidade dos mundos habitados não pode mais ficar relegada apenas à frase já batida e rebatida de que “na casa do Pai há muitas moradas”. Hoje, as naves espaciais cortam os céus e as novas tecnologias mostram realidades e chances antes imaginadas. A Lua, em alguns anos, será base de laboratório experimental e o planeta Marte alcançado por naves espaciais de alta tecnologia, em missões conjuntas de vários países. A base científica de formação do Universo, da vida na Terra e dela estar presente em exoplanetas distantes está cada vez mais próxima da biociência e biotecnologia da Era Espacial. Até a metade deste século muita coisa estará diferente. O conteúdo cultural e informativo da nossa sociedade será mais elevado e sua visão evolutiva exigirá explicações mais atualizadas do Espiritismo, conexas, inclusive, com a chamada Ufologia.

É imperioso fortalecer o movimento espírita com iniciativas e adequações que sintonizem o progresso psicossocial dos novos tempos. Relendo Kardec, em A Gênese I, 55“O Espiritismo sempre assimilará todas as doutrinas progressistas, de qualquer ordem que sejam elas, chegadas ao estado de verdades práticas, e saídas do domínio da utopia. Sem isso, ele se suicidaria”. Mas na lucidez da razão não pode chegar a isso quem trabalha com “verdades práticas” e renova-se com elas e com a ciência adquirindo mais vigor — este não decai, não restringe, não esvaece, mas prossegue vitorioso, com a religião no coração e a ciência no cérebro guiando-lhe por caminhos seguros.

 

PEDRO DE CAMPOS é autor dos livros: Colônia CapellaUniverso ProfundoUFO – Fenômeno de ContatoUm Vermelho Encarnado no CéuOs EscolhidosArquivo ExtraterrenoLentulus – Encarnações de EmmanuelA Epístola Lentuli publicados pela Lúmen Editorial: E dos DVDs Os Aliens na Visão EspíritaParte 1 e Parte 2, produzidos pela TV Mundo Maior e lançados pela Revista UFO.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita