Codependência, doença do
controle!
A codependência é uma
doença que se desenvolve
nos familiares e amigos
de pessoas dependentes
químicas de álcool e
outras drogas. Podemos
afirmar que é a doença
do controle. Muito
semelhante ao egoísmo e
ao ciúme, que deseja
dominar os outros e ter
controle sobre a vida
alheia.
A família, nestas
circunstâncias, pensa
que é sua função
controlar o parente em
disfunção pelo uso de
álcool ou outras drogas,
por exemplo: cuidar dos
seus horários, do seu ir
e vir, do seu bem-estar,
da sua apresentação, de
seu vestir, até do corte
de cabelo e barba. A
família fica acordada
até ele chegar, para
saber se chegou bem;
briga com a pessoa para
não perder hora do
estudo, do trabalho, do
seu compromisso...
É uma loucura a vida do
familiar que quer
fiscalizar e controlar o
outro.
No aniversário de um
empresário, os amigos
contrataram uma dupla
para cantar e, no meio
da festa, perguntaram
para ele: “Então,
aniversariante, qual sua
música preferida?” Ao
que ele respondeu:
“Posso dizer a verdade?”
“Claro, é seu
aniversário.” “A música
que eu mais aprecio é a
do portão eletrônico,
quando meu filho chega
de madrugada. Então eu
posso dormir sossegado.”
O filho do empresário
estuda direito e, no
final de semana, chega
de carro só de
madrugada, sempre
“alegrinho” pelo uso de
álcool. Será só álcool,
como pensa o pai?
Enquanto o filho não
chega, o sono é pausado
na espera do filho
chegar.
Os familiares precisam
aprender a fazer o
desligamento emocional
com amor, e também a
estabelecer limites. Não
podem tolerar álcool e
direção. Mas os pais se
sentem impotentes para
estabelecer essas
regras.
A filha, que havia
completado dezenove
anos, começou a sair
sozinha, mas o horário
de retornar seria
impreterivelmente à uma
da manhã.
Naquele sábado, a filha
não chegou no horário
previsto. Os pais,
preocupados, deram um
prazo de mais quinze
minutos, e foram para a
rua com o intuito de
encontrar a jovem.
Tensos e ansiosos
provocaram traumático
acidente num cruzamento
e foram parar no
hospital. E a filha,
quinze minutos depois,
estava na porta da casa
esperando os pais.
Será insegurança? Falta
de confiança nos filhos?
Preocupação exagerada? O
que move tanta ansiedade
na família quando os
filhos saem e não voltam
no horário?
Lembro aqui a história
de um ex-interno em
clínica de recuperação,
com mais de 40 anos de
idade, casado, mas
morando na casa da mãe.
Saiu de manhã para
cuidar do carro e fazer
umas compras. Passou do
meio-dia e não tinha
voltado para o almoço.
Quando chegou a casa: a
“ladainha”, não da
esposa, mas da mãe,
dizendo que ele tinha
celular, mas não
atendia... Ele abriu o
celular, que estava no
carro, e tinha quinze
chamadas.
A solução é a
conscientização de que
somente podemos
controlar a nós mesmos.
Às vezes, não
conseguimos agir, e sim
reagir, em determinadas
circunstâncias de
estresse. Os outros...
ah! São os outros. Só
podemos amá-los.
Arnaldo
Divo Rodrigues de
Camargo é bacharel em
direito com
especialização na
USP-SP/GREA.
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