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por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

 

Codependência, doença do controle!


A codependência é uma doença que se desenvolve nos familiares e amigos de pessoas dependentes químicas de álcool e outras drogas. Podemos afirmar que é a doença do controle. Muito semelhante ao egoísmo e ao ciúme, que deseja dominar os outros e ter controle sobre a vida alheia.

A família, nestas circunstâncias, pensa que é sua função controlar o parente em disfunção pelo uso de álcool ou outras drogas, por exemplo: cuidar dos seus horários, do seu ir e vir, do seu bem-estar, da sua apresentação, de seu vestir, até do corte de cabelo e barba. A família fica acordada até ele chegar, para saber se chegou bem; briga com a pessoa para não perder hora do estudo, do trabalho, do seu compromisso...

É uma loucura a vida do familiar que quer fiscalizar e controlar o outro.

No aniversário de um empresário, os amigos contrataram uma dupla para cantar e, no meio da festa, perguntaram para ele: “Então, aniversariante, qual sua música preferida?” Ao que ele respondeu: “Posso dizer a verdade?” “Claro, é seu aniversário.” “A música que eu mais aprecio é a do portão eletrônico, quando meu filho chega de madrugada. Então eu posso dormir sossegado.”

O filho do empresário estuda direito e, no final de semana, chega de carro só de madrugada, sempre “alegrinho” pelo uso de álcool. Será só álcool, como pensa o pai? Enquanto o filho não chega, o sono é pausado na espera do filho chegar.

Os familiares precisam aprender a fazer o desligamento emocional com amor, e também a estabelecer limites. Não podem tolerar álcool e direção. Mas os pais se sentem impotentes para estabelecer essas regras.

A filha, que havia completado dezenove anos, começou a sair sozinha, mas o horário de retornar seria impreterivelmente à uma da manhã.

Naquele sábado, a filha não chegou no horário previsto. Os pais, preocupados, deram um prazo de mais quinze minutos, e foram para a rua com o intuito de encontrar a jovem. Tensos e ansiosos provocaram traumático acidente num cruzamento e foram parar no hospital. E a filha, quinze minutos depois, estava na porta da casa esperando os pais.

Será insegurança? Falta de confiança nos filhos? Preocupação exagerada? O que move tanta ansiedade na família quando os filhos saem e não voltam no horário?

Lembro aqui a história de um ex-interno em clínica de recuperação, com mais de 40 anos de idade, casado, mas morando na casa da mãe.

Saiu de manhã para cuidar do carro e fazer umas compras. Passou do meio-dia e não tinha voltado para o almoço. Quando chegou a casa: a “ladainha”, não da esposa, mas da mãe, dizendo que ele tinha celular, mas não atendia... Ele abriu o celular, que estava no carro, e tinha quinze chamadas.

A solução é a conscientização de que somente podemos controlar a nós mesmos. Às vezes, não conseguimos agir, e sim reagir, em determinadas circunstâncias de estresse. Os outros... ah! São os outros. Só podemos amá-los.

 

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é bacharel em direito com especialização na USP-SP/GREA.
  

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita