A
Doutrina Espírita
explica a eutanásia
A revista Superinteressante do
dia 9 de agosto de 2018
trouxe a reportagem
“Bélgica provoca
eutanásia em crianças de
9 e 11 anos”. O
jornalista Júlio
Garattoni nos relata no
artigo que as duas
crianças solicitaram aos
médicos que fizessem a
eutanásia nelas porque
ambas eram portadoras de
doenças graves e
incuráveis. Uma tinha um
tumor cerebral e a
outra, fibrose cística.
Assim sendo, a eutanásia
foi consumada em ambas
as crianças pelos
médicos belgas com os
consentimentos dos pais
das crianças.
Diante deste quadro
podemos perguntar: Será
que estas crianças
teriam o direito de
pedir o fim da própria
vida, uma vez que
estavam diante da morte
inevitável? Seriam elas
culpadas por quererem
aliviar suas dores com
morte, uma vez que seus
quadros indicavam que
iriam morrer mesmo? E os
médicos teriam o direito
de abreviar o sofrimento
delas com a eutanásia? E
quanto aos pais?
Estariam agindo conforme
a lei divina ao permitir
que seus filhos
passassem pela
eutanásia?
A Doutrina Espírita nos
explica na questão 953
de O Livro dos
Espíritos que,
diante de um fim
inevitável, como no caso
de doença incurável,
será sempre culpado
aquele que não aguarda o
término de sua
existência conforme Deus
tenha estabelecido.
Alertam-nos os Espíritos
Superiores que, apesar
das aparências, nenhum
de nós pode ter certeza
de que o fim chegou. Na
questão 953-a, veremos
que mesmo diante da
aparência do fim da vida
será sempre falta de
resignação e de
submissão à vontade do
Criador buscar a morte
como forma de alívio dos
sofrimentos. Além disso,
é preciso observar o
contido na questão 953-b
que afirma que o
Espírito, ao optar pela
morte nestas
circunstâncias, sofrerá
expiação de suas faltas
em novas existências.
Emmanuel, o nobre mentor
de Chico Xavier,
esclarece-nos no livro O
Consolador, questão
106, que mesmo em casos
de moléstia incurável o
homem não tem o direito
de praticar a eutanásia,
pois a agonia pode ter
uma finalidade preciosa
para a alma. A doença
incurável pode ser um
bem, pois através dela o
Espírito se purifica e
melhora sua condição
evolutiva.
Vimos na reportagem que
os médicos fizeram a
eutanásia com o
consentimento dos pais.
Em O Evangelho
segundo o Espiritismo,
capítulo V, item 28,
temos a seguinte
pergunta: “Será lícito
abreviar a vida de um
doente que sofra sem
esperança de cura?” E o
Espírito São Luís nos
lança questionamentos
acerca da sabedoria de
Deus perante as
criaturas para, no
final, afirmar que mesmo
nos casos
desesperadores, em que
não haja esperança de
regresso à vida, existe
a possibilidade de
recobrar a consciência
por alguns instantes.
Estes instantes podem
gerar reflexões tão
profundas no Espírito
imortal e levá-lo a
arrependimentos que o
poupariam de muitos
tormentos. São Luís
recomenda que devemos
amenizar os sofrimentos,
mas nunca abreviar uma
vida nem por um minuto
sequer, porque esse
minuto pode evitar
muitas lágrimas no
futuro. Emmanuel, no
livro O Consolador,
nos esclarece que os
desígnios divinos são
insondáveis e que a
nossa Ciência precária
não pode decidir sobre
os problemas
transcendentes do
Espírito.
Mediante o que foi
estudado e trazido aqui,
podemos concluir que nem
o doente terminal, nem
os médicos, nem os
parentes e nem mesmo os
amigos têm o direito de
optar pela eutanásia,
pois que ninguém sabe
quais são as
necessidades do Espírito
que passa por doenças
incuráveis. Somente Deus
sabe o que é melhor para
cada um de nós. Cabe-nos
o dever de nos
resignarmos perante o
sofrimento, seja nosso
ou de outrem.
E, para finalizar,
fiquemos com este alerta
feito por Emmanuel no
livro Religião dos
Espíritos: “Quando
te encontres diante de
alguém que a morte
parece nimbar de sombra,
recorda que a vida
prossegue, além da
grande renovação... Não
te creias autorizado a
desferir o golpe supremo
naqueles que a agonia
emudece, a pretexto de
consolação e de amor,
porque, muita vez, por
trás dos olhos baços e
das mãos desfalecentes
que parecem deitar o
último adeus, apenas
repontam avisos e
advertências para que o
erro seja sustado ou
para que a senda se
reajuste amanhã. Ante o
catre da enfermidade
mais insidiosa e mais
dura, brilha o socorro
da Infinita bondade,
facilitando, a quem
deve, a conquista da
quitação”.
Ciomara Machado de
Freitas é palestrante
espírita e reside no
Distrito Federal, onde
participa do Centro
Espírita Fraternidade
Allan Kardec (CEFAK)
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