Saúde e o Ano Novo
Mais um ano se iniciou. Quantas expectativas. Esperança
mais uma vez a brilhar. Rogativas mil.
Entre os muitos pedidos formulados nesta hora de
transição quando um período de 365 dias se encerra e
outro novíssimo desponta, destaca-se um: desfrutar de
saúde no ano começante.
Solicitação das mais justas, muito apropriada, pois com
saúde podemos trabalhar, agir, construir, bem pensar, ou
seja, tudo fica mais realizável quando dispomos dessa
dádiva; desta forma nada mais natural o desejo ardente,
sincero, em tornar-se saudável, de preferência o ano
inteiro.
Contudo, raros são aqueles que se dão realmente conta da
complexidade da petição. Desconhecem sua fundamental e
indispensável participação neste processo. Alguns creem
que dormirão e acordarão sem as muitas mazelas
presentes; outros esperam graças de Deus
restituindo-lhes a saúde plena; soluções milagrosas,
surgidas do nada, devem acontecer, afinal é um Ano Novo
e por qual razão não esperar o ano corrente repleto de
novidades?
Este correto desejo se expressa sem muitos destes
solicitantes perceberem que já durante a passagem do ano
constroem condições para que o anseio não se realize,
vivendo um paradoxo, pois desejam algo, mas agem por
destruir as bases que poderiam levar à concretização do
que aspiram.
Sim, é um fato!
Como a pessoa pode pedir saúde a Deus, se o Ano Novo
inicia com toda a sorte de abusos comprometedores de uma
vida saudável?
· Há
o consumo de alcoólicos, afinal festa de Ano Novo “pede”
muita bebida, cerveja, vinho..., senão, não é
comemoração. É preciso beber, alguns até literalmente
cair, agredindo vigorosamente o corpo, para quem foi
pedido saúde!? Não é uma contrassenso? Ninguém precisa
beber alcoólicos para se divertir, caso contrário é
melhor pedir a Deus que os livre do vício, antes de
pedir saúde. Se a ingestão de bebidas alcoólicas fosse
condição necessária para alcançar um estado de espírito
alegre, trazendo contentamento, como fazem os não
adeptos das bebidas? Jamais serão felizes!? Mesmo a
despretensiosa taça de vinho não é adequada, não há nada
podendo justificá-la, provado está que o suco de uva
proporciona os mesmos benefícios do vinho. Assim, como
esperar saúde para o Novo Ano se o iniciamos agredindo o
nosso físico, obrigando-o a metabolizar líquidos, para
os quais não se adaptou ao longo de nosso elaborado
processo de evolução?
Em relação a outra droga lícita, o uso do fumo, temos as
mesmas ponderações a fazer, ou seja, usando o tabaco
diariamente como esperar saúde plena no futuro?
Cremos ser desnecessário elaborar os mesmos raciocínios
em relação ao consumo das drogas ilícitas, estas causam
devastação maior ao corpo em menor tempo considerando as
lícitas.
· Outro
costume muito difundido nesta hora tão especial é a
ingestão de alimentos em demasia, além da capacidade
orgânica em bem digeri-los, afinal, dizem, se não houver
uma ceia farta e diversificada, não é festa, não tem
graça, pois comer o que já comemos todos os dias não
traz nenhuma satisfação extra. A questão não é
exatamente de comer pratos mais elaborados ou comidas
exóticas para bem caracterizar o momento, mas sim o
volume ou a quantidade de alimentos ingeridos em pouco
espaço de tempo. Não é incomum escutar daqueles
acostumados às práticas dos exercícios físicos, rotina
muito salutar se não levada a exageros, estarem
“malhando” bastante para poder se esbaldar nas festas de
final de ano. Creem ter o organismo uma capacidade
infinita de lidar com excessos de alimentos sem
prejudicar o seu bom funcionamento. A máquina corpo não
pode ser solicitada a trabalhar em demasia
continuadamente, se assim o fazemos, este complexo
elétrico-eletrônico se danifica, pouco a pouco, criando
as condições inversas das desejadas, ou seja, ele começa
a se desgastar prematuramente e em pouco tempo está
doente, exatamente o que não se quer.
Estes dois exemplos caracterizam bem o descompasso entre
os petições e as condutas, pois aqueles não encontram
ressonância considerando os anseios sinceros por saúde,
em função das ações destrutivas do próprio corpo.
Entretanto, saúde do corpo não se faz apenas com hábitos
saudáveis materiais, há o campo das rotinas imateriais,
podendo gerar doenças mais graves e destruidoras do que
aquelas oriundas dos excessos entrando pela boca: aquilo
que sai da boca!
Como esperar saúde no Ano Novo se continuamos:
· Maledicentes,
deixando sair de nossas bocas palavras impregnadas de
maldade, ironia e mentiras? O Espírito quando se pauta
por esta conduta insistentemente, cria energias
deletérias para o seu corpo físico atingindo todas as
partes dele, especialmente a região da laringe, podendo
estabelecer as bases para uma grave doença: o câncer. A
região do cérebro também é fortemente atingida com a
geração de pensamentos maldosos antecedendo as palavras
articuladas.
· Pessimistas
em relação a tudo e a todos? Os pensamentos negativos
têm um poder destruidor, devastador, e muitos não se
apercebem desta realidade. Intoxicam o corpo
gradativamente com as suas reclamações, queixas, mau
humor, destruindo no mesmo boas energias necessárias
para dar harmonia ao conjunto físico. Esta agressão
imaterial é poderosa, com possibilidade de criar doenças
fantasmas, pois o corpo não está doente, mas o seu dono,
o Espírito imortal sim, e para curar o Espírito não há
remédio alopata capaz de alcançar tal desiderato. São
aqueles doentes contumazes, resistentes a qualquer
tratamento e a qualquer bom profissional da área médica.
Além destas citações, há os indolentes, sempre sem
ânimo, sempre desgastados, sempre preguiçosos, sempre
avessos a ajudar o próximo, e, em consequência, a eles
mesmos? Muitos não movem uma palha para ajudar, estão
continuamente em estado de letargia, nada fazem para se
melhorar, esperam os outros fazerem por eles. O tempo
parou para estes, aguardando milagres que não virão. O
corpo humano é uma máquina extraordinária de trabalho,
se não é exercitado, “enferruja”, neste estado
desorganiza-se criando doenças. Entretanto, nada de
exageros, apenas uma atividade contínua dentro das
possibilidades de cada qual, utilizando as horas do dia
com sabedoria e utilidade.
Estas são algumas despretensiosas sugestões hauridas nos
compêndios espíritas, há outras sem dúvida, todavia, se
observarmos estas citadas já faremos muito para dar
sustentação ao nosso salutar desejo de atravessarmos
este Ano Novo com alguma saúde, quem sabe em melhor
estado físico do que o do ano anterior.