“Deistinação”
“Todos os homens tendem para o mesmo fim.
(...) Deus não concedeu superioridade natural
a nenhum homem, nem pelo nascimento, nem pela morte:
todos são iguais diante dele.1 A mistura de
aptidões é necessária a fim de que cada um possa
contribuir para os desígnios da Providência. (...) O
que um não faz, o outro faz, e é assim que
cada um tem a sua função útil.2”
Deísmo: doutrina que tem a razão como base para
garantir a existência de Deus, negando a influência da
religião ou da igreja. Teísmo: doutrina que
afirma a existência pessoal de Deus e sua ação
providencial no mundo. (Dicionário Online de
Português, Dicio).
Não absorvemos nem desprezamos por completo os conceitos
de deísmo/teísmo; simplesmente não ignoramos que
determinado credo possa ser uma alavanca, necessária ao
momento, e que Deus não é pessoa, antropomórfico, mas
Espírito, Imaterial.
Por serem imutáveis, as
Leis Divinas ou Naturais nos garantem: que todos os
Espíritos encarnados no Orbe Terra “tendemos a um mesmo
fim”, somos perfectíveis, ou deistinados (e aqui
nos utilizamos de neologismo) ao um mesmo patamar de
perfeição. “O que um não faz, o outro faz”, ou atendendo
a uma Providência deísta e por motivos também diversos
teremos também conquistas diferenciadas de talentos para
que nos completemos e cumpramos finalidades úteis. E
que, finalmente, independente de sermos deístas/teístas
ou ateus, tal deistinação se cumprirá: não
podemos esquecer que a ciência é de ordem divina e
ateus, a ela exclusivamente arraigados, também cumprem
uma deistinação.
Resumindo, temos uma destinação Deísta (a perfeição); há
os desígnios, estratégias e esmero dessa Divindade
(desígnios da Providência); e nada escapará a essa
destinação obstinada; (a Lei imutável).
Interessante que quando
colocamos a Lei de Igualdade na pauta de nossos estudos,
verificamos que ela é muito mais desigual do que igual:
compreensível, pois sendo o Orbe Terra um Planeta onde o
mal ainda se eleva sobre o bem, “a
razão nos diz que as leis Divinas devem ser apropriadas
à natureza de cada mundo.3”
Não mudando os atributos
de nossa Divindade, especialmente o sexto, Soberanamente
Justo e Bom, que nos é extremamente conveniente, porque
ainda somos mais maus do que bons, tais Leis – a de
Igualdade não seria diferente – são “proporcionais
ao grau de adiantamento dos seres que os habitam.3”
Dessa forma é natural que ao abordarmos a Lei de
Igualdade nos nossos três roteiros do ESDE fiquemos um
tanto “escandalizados” ao nos depararmos com
talentos tão desiguais, na família, em sociedade e a
nível mundial; o massacre das desigualdades sociais, a
picardia e maldade que se realizou contra a mulher e que
vem se realizando até hoje; e as desigualdades dos
usuários/usurários das riquezas do Planeta.
Poderíamos resumir: A Lei de Igualdade, no que se refere
à instituição calamitosa Planeta Terra, possui, muito em
sua teoria, mas mais em sua prática, desigualdades se
sobrepondo às igualdades.
Nada antinatural quando nos utilizamos do neologismo “deistinação”; ou
nossa Divindade com propósitos muito sábios,
caprichosos, mas fundamentados, na condução ao avanço da
humanidade terrestre rumo à angelitude:
Propositalmente não há
privilégios nas oportunidades dos Espíritos que se
apresentam às múltiplas encarnações alternadas em
gêneros de provas, sexos, raças, todos sob uma Lei comum
e apropriada à categoria planetária. Mas, se as
oportunidades são equânimes, o aproveitamento dos
Espíritos é diferenciado, pois “obram” com mais ou menos
desenvoltura; acumulam mais ou menos “experiências”; e
se aproximam mais ou menos rapidamente da perfeição.
Neste caso não podemos ignorar a expressão meritocrática
do Benfeitor: “se
elevará naturalmente todo aquele que mobilizar as
possibilidades concedidas à sua existência para o
trabalho edificante na iluminação de si mesmo, nas
sagradas expressões do esforço individual.4”
Continuando nossas peregrinações, veremos que as
desigualdades sociais não são uma obra de Deus; todavia,
não deixam de ser providenciais. Resultantes do orgulho
e do egoísmo, só serão sanadas com os antídotos
humildade e caridade. Nas questões dos direitos do homem
e da mulher, direitos são iguais – pois o Espírito é
assexuado; o que os desiguala são as funções, geradas
pela alternância necessária dos sexos corporais: a
circunstância mais clara ao assunto é que um homem pode
até possuir instintos maternais, claros, adquiridos em
outras vidas; mas ele ainda não conseguiu dar a luz! ...
Tanto nas fragilidades empregado empregador; homem,
mulher a receita é acrescentar aos binômios a ética da
fraternidade pura.
Numa última questão a deistinação é mais
contundente: Deus tem um propósito a todas as condições
sociais e precisará nos testar sob as conjunturas de
ricos e pobres: alternados entre uma e outra, ora
seremos provados na abundância, ora na penúria. Em ambas
sempre haverá uma necessidade e as razões da Divindade.
Escolhas no planejamento reencarnatório, resignação,
generosidade, preparação para o retorno à Vida Futura,
eis as necessidades; a diversidade de faculdades,
ilícitos do enriquecimento, e os efeitos de nossas
próprias e pretéritas causas, as razões Divinas.
* * *
A única “superioridade” de indivíduos sobre indivíduos é
a superação através do “esforço individual.” Sejamos
deístas ou teístas, aproveitemos a parte boa dos
conceitos: a razão; e nosso entendimento, de qualquer
tamanho, da grandeza de Deus e de sua ação providencial!
Bibliografia:
1. Kardec, Allan, O Livro dos
Espíritos, questão 803, tradução de J. Herculano
Pires; 71ª edição da LAKE;
2. e 3. Idem, questões 803-c e 618; e
4. Xavier, Francisco Cândido, pelo
Espírito Emmanuel, O Consolador, questão 56; 29ª
edição da FEB.
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