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por Claudio Viana Silveira

 

Deistinação” 


“Todos os homens tendem para o mesmo fim
. (...) Deus não concedeu superioridade natural a nenhum homem, nem pelo nascimento, nem pela morte: todos são iguais diante dele.1 A mistura de aptidões é necessária a fim de que cada um possa contribuir para os desígnios da Providência. (...) O que um não faz, o outro faz, e é  assim que cada um tem a sua função útil.2


Deísmo: doutrina que tem a razão como base para garantir a existência de Deus, negando a influência da religião ou da igreja. Teísmo: doutrina que afirma a existência pessoal de Deus e sua ação providencial no mundo. (Dicionário Online de Português, Dicio).

Não absorvemos nem desprezamos por completo os conceitos de deísmo/teísmo; simplesmente não ignoramos que determinado credo possa ser uma alavanca, necessária ao momento, e que Deus não é pessoa, antropomórfico, mas Espírito, Imaterial.

Por serem imutáveis, as Leis Divinas ou Naturais nos garantem: que todos os Espíritos encarnados no Orbe Terra “tendemos a um mesmo fim”, somos perfectíveis, ou deistinados (e aqui nos utilizamos de neologismo) ao um mesmo patamar de perfeição. “O que um não faz, o outro faz”, ou atendendo a uma Providência deísta e por motivos também diversos teremos também conquistas diferenciadas de talentos para que nos completemos e cumpramos finalidades úteis. E que, finalmente, independente de sermos deístas/teístas ou ateus, tal deistinação se cumprirá: não podemos esquecer que a ciência é de ordem divina e ateus, a ela exclusivamente arraigados, também cumprem uma deistinação.

Resumindo, temos uma destinação Deísta (a perfeição); há os desígnios, estratégias e esmero dessa Divindade (desígnios da Providência); e nada escapará a essa destinação obstinada; (a Lei imutável).

Interessante que quando colocamos a Lei de Igualdade na pauta de nossos estudos, verificamos que ela é muito mais desigual do que igual: compreensível, pois sendo o Orbe Terra um Planeta onde o mal ainda se eleva sobre o bem, “a razão nos diz que as leis Divinas devem ser apropriadas à natureza de cada mundo.3

Não mudando os atributos de nossa Divindade, especialmente o sexto, Soberanamente Justo e Bom, que nos é extremamente conveniente, porque ainda somos mais maus do que bons, tais Leis – a de Igualdade não seria diferente – são “proporcionais ao grau de adiantamento dos seres que os habitam.3

Dessa forma é natural que ao abordarmos a Lei de Igualdade nos nossos três roteiros do ESDE fiquemos um tanto “escandalizados” ao nos depararmos com talentos tão desiguais, na família, em sociedade e a nível mundial; o massacre das desigualdades sociais, a picardia e maldade que se realizou contra a mulher e que vem se realizando até hoje; e as desigualdades dos usuários/usurários das riquezas do Planeta.

Poderíamos resumir: A Lei de Igualdade, no que se refere à instituição calamitosa Planeta Terra, possui, muito em sua teoria, mas mais em sua prática, desigualdades se sobrepondo às igualdades.

Nada antinatural quando nos utilizamos do neologismo “deistinação”; ou nossa Divindade com propósitos muito sábios, caprichosos, mas fundamentados, na condução ao avanço da humanidade terrestre rumo à angelitude:

Propositalmente não há privilégios nas oportunidades dos Espíritos que se apresentam às múltiplas encarnações alternadas em gêneros de provas, sexos, raças, todos sob uma Lei comum e apropriada à categoria planetária. Mas, se as oportunidades são equânimes, o aproveitamento dos Espíritos é diferenciado, pois “obram” com mais ou menos desenvoltura; acumulam mais ou menos “experiências”; e se aproximam mais ou menos rapidamente da perfeição. Neste caso não podemos ignorar a expressão meritocrática do Benfeitor: “se elevará naturalmente todo aquele que mobilizar as possibilidades concedidas à sua existência para o trabalho edificante na iluminação de si mesmo, nas sagradas expressões do esforço individual.4

Continuando nossas peregrinações, veremos que as desigualdades sociais não são uma obra de Deus; todavia, não deixam de ser providenciais. Resultantes do orgulho e do egoísmo, só serão sanadas com os antídotos humildade e caridade. Nas questões dos direitos do homem e da mulher, direitos são iguais – pois o Espírito é assexuado; o que os desiguala são as funções, geradas pela alternância necessária dos sexos corporais: a circunstância mais clara ao assunto é que um homem pode até possuir instintos maternais, claros, adquiridos em outras vidas; mas ele ainda não conseguiu dar a luz! ... Tanto nas fragilidades empregado empregador; homem, mulher a receita é acrescentar aos binômios a ética da fraternidade pura.

Numa última questão a deistinação é mais contundente: Deus tem um propósito a todas as condições sociais e precisará nos testar sob as conjunturas de ricos e pobres: alternados entre uma e outra, ora seremos provados na abundância, ora na penúria. Em ambas sempre haverá uma necessidade e as razões da Divindade. Escolhas no planejamento reencarnatório, resignação, generosidade, preparação para o retorno à Vida Futura, eis as necessidades; a diversidade de faculdades, ilícitos do enriquecimento, e os efeitos de nossas próprias e pretéritas causas, as razões Divinas.

* * *

A única “superioridade” de indivíduos sobre indivíduos é a superação através do “esforço individual.” Sejamos deístas ou teístas, aproveitemos a parte boa dos conceitos: a razão; e nosso entendimento, de qualquer tamanho, da grandeza de Deus e de sua ação providencial!


Bibliografia
:

1. Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, questão 803, tradução de J. Herculano Pires; 71ª edição da LAKE;

2. e 3. Idem, questões 803-c e 618; e

4. Xavier, Francisco Cândido, pelo Espírito Emmanuel, O Consolador, questão 56; 29ª edição da FEB.


 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita